Ele fez muito sucesso no remake de “Pantanal”, que foi estouro de audiência no horário nobre da televisão brasileira neste ano. Mexeu com o coração de vários brasileiros pela sua beleza e atuação no papel do peão indomável Levi.
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E para quem ainda não conhece afundo o trabalho de Leandro Lima, a surpresa é ainda mais encantadora quando descobrimos o multiartista que ele é. Pai dedicado, cantor, compositor e ator, Leandro arrumou um tempinho em sua agenda lotada para conversar com o Virgula.
Sobre Pantanal, até ele ficou surpreso pela repercussão. “Para mim especificamente, o Levi foi uma grata surpresa, apesar de ter a garantia do Papinha, quando fui convidado, de que seria um personagem marcante na trama, ainda assim eu não esperava. Eu fiz o meu melhor, a direção e toda a equipe ajudaram muito”.
E não foi só nas telinhas que o bonitão fez bonito no ano. Teve teatro, com a peça “Gaslight, Uma Relação Tóxica”, e muito mais em 2022. Leia abaixo a entrevista com Leandro Lima.
Virgula: Você é cantor e compositor mas o grande público ainda não conhece com profundidade essa sua faceta. Na série Coisa Mais Linda, da Netflix, fica inegável o seu talento como cantor ao interpretar Chico, criador da Bossa Nova na trama. Quando vai presentear o público com um trabalho musical? Há planos nesse sentido?
A música foi a primeira coisa que me aproximou do grande público. Eu tinha 16 anos quando comecei a cantar na banda Ala Ursa, em João Pessoa, minha cidade natal e logo a gente teve um sucesso regional muito grande. Juntos fizemos mais 800 apresentações e abrimos os shows de grandes artistas e bandas.
A música é uma grande paixão e está sempre comigo, eu estou sempre pensando nisso. O que está faltando é tempo para me dedicar, pois tudo precisa de um tempo de dedicação. Não pode ser esporádico. E acabei entendendo que para se atingir objetivos é preciso foco, ao contrário não se chega a um resultado satisfatório, então resolvi parar de modelar, parar de fazer música, tudo para me dedicar à carreira de ator com foco total.
A ideia é quando eu tiver uma brecha e a agenda permitir, nesses intervalos entre um trabalho e outro, eu volto. Já tenho algumas composições engatilhadas, coisas que eu já gravei e não lancei, já que sou muito autocrítico e numca acho que o trabalho é tão bom para soltar pro púlblico. Tavez eu deva abrir mão dessa autocrítica e entregar para que o público decida se gosta ou não. Mas eu tenho planos sim de gravar em breve, inclusive recebi até encomendas de trabalhos que estou fazendo no audiovisual para que eu faça músicas.
Coisa Mais Linda foi uma grande abertura de portas nesse sentido. As pessoas não faziam ideia de que eu cantava. Foi um outro grande trabalho pelo qual eu só tenho a agradecer.
Virgula: Leandro, a moda, a música, a TV, o teatro e o cinema são universos de linguagens distintas e você transita com fluência e aparente conforto em todos eles. De onde vem tanta flexibilidade e talento?
Eu acredito que o segredo de tudo é se divertir e se dedicar na mesma intensidade. Não se levar tão a sério, mas ao mesmo tempo levar o trabalho a sério. É um paradoxo entre a diversão e a dedicação.
Virgula: Você acabou de ficar meses em cartaz com a peça “Gaslight, Uma Relação Tóxica”, última direção do grande Jô Soares.
Deve ter sido uma experiência emocionante e até difícil, já que ele faleceu durante a construção do trabalho. Conte como foi esse processo para você e qual a importância desse trabalho na sua carreira.
Trabalhar em “Gaslight” foi o maior presente da minha vida profissional. Chegou em um momento em que eu estava com muita vontade de estar no palco, que é verdadeiramente o lugar do ator. Porém, não via muitas possibilidades, porque hoje em dia é muito difícil se montar um espetáculo de forma independente. Eu tinha até conversado com o Juliano Cazarré sobre a gente fazer uma peça com dois atores, combinamos de procurar textos, mas na correria que a gente estava vivendo com Pantanal acabamos não conseguindo tempo para nos dedicarmos ao projeto.
Quando eu recebi o convite logo depois da saída de pantanal era tudo o que eu precisava para me nutrir, ainda mais tendo sido aprovado pelo Jô. Infelizmente eu não consegui trabalhar diretamente com ele, mas os meus colegas de elenco, Érica Montanheiro e Giovani Tozi, que já trabalharam em várias montagens dele, falavam que faz tanta diferença. Ele fazia uma sintonia fina dos personagens, toda a montagem do espetáculo, cada detalhe. Era super muito emocionante ouvir eles contando como era o processo do Jô, durante os ensaios eles lembravam o tempo todo e eu ficava com aquele sentimento de que eu estava ali por ele. Claro que também pelo texto, mas acima de tudo por uma grande vontade de trabalhar com ele.
Da uma felicidade saber que parecia que ele só estava esperando fechar a última peça do elenco, que era a escolha de intérprete para o meu personagem, e assim que ele me aprovou para dar vida ao inspetor Ralf, ele se foi.
Receber a notícia da partida dele foi um dia difícil para mim, estando na espectativa de encontrar ele na semana seguinte para nosso primeiro ensaio. Mas ao mesmo tempo foi como se fosse um prêmio pelo meu esforço até aqui, pois a jornada foi longa até conseguir um certo conhecimento, uma fluência maior de trabalhos como eu estoiu aqgora. Então eu sinto como se fosse um prêmio do Jô, como se ele dissesse assim: “Garoto, você remou muito até chegar aqui, então agora toma essa praia maravilhosa, essa ilha tropical”. É isso, é como se eu tivesse remado a vida inteira para chegar no paraíso. Foi realmente uma experiência que eu vou levar para minha vida inteira e ninguém me tira. Eu fiz a última peça dirigida e adaptada por Jô Soares e isso eu vou guardar para sempre.
Virgula: A sua participação em Pantanal começou pontual e foi crescendo ao longo da trama, chegando ao ponto em que o peão Levi se tornou o grande destaque do remake e a morte do seu personagem marcou o pico de audiência da novela. Como foi pra você esse sucesso? Surpreendente ou esperado?
Eu acredito que ninguém da novela esperava o sucesso do jeito que foi. Até porque já havia um bom tempo que existia uma tendência de declínio de audiância das novelas, então foi muito surpreendente. E para mim especificamente, o Levi foi uma grata surpresa, apesar de ter a garantia do Papinha, quando fui convidado, de que seria um personagem marcante na trama, ainda assim eu não esperava. Eu fiz o meu melhor, a direção e toda a equipe ajudaram muito. Eu sentia no set que quando vinham as sequências de Levi a equipe inteira ficava empolgada.
Às vezes a gente tinha sequências difíceis, cansativas fisicamente pra todo mundo e ninguém arredava o pé, todo mundo ia até o final com a maior garra do mundo. Os câmeras vinham falar comigo super empolgados “o que é isso, cara, que cena!”, e eu acho que isso é um termômetro maravilhoso e acaba dando um combustível também para o ator, para querer fazer melhor e prestar atenção na construção. Então, primeiro de tudo é um pesonagem muito bem escrito, muito bem dirigido, houve uma dedicação total. Eu agradeço mais uma vez ao Davi Lacerda, que foi o diretor que mais seguiu o Levi, que pediu para a direção geral para tomar conta da história do personagem, então muito desse sucesso vem dele e da equipe dele. E por último meu trabalho de pesquisa, de entendimento incansável, de me atentar em cada fala, cada detalhe que a gente modificava.
Foi um grande aprendizado para mim e eu saí do Levi em outra categoria de ator, no sentido de aprendizado e experiência de construção. Toda essa bagagem já está sendo usada em outros trabalhos e vou levar para sempre comigo. Tanto Levi, quanto Ralf de Gaslight, que recebeu ótimas críticas, de apontarem um bom trabalho meu como ator na construção do inspetor. Muito embora eu não queira estar sintonizado com críticas, obviamente isso me deixa feliz e incentiva nessa caminhar.
Virgula: Você está filmando nova produção da Netflix “O Lado Bom de Ser Traída”, ao lado de Giovanna Lancellotti. Do pouco que se sabe sobre o longa, há informações de que vocês terão cenas quentes. Vocês já se conheciam antes desse projeto? Nos conte um pouco como tem sido essa parceria em cena.
“O Lado Bom de Ser Traída” tem tudo pra ser o filme da Netflix de 2023. O filme está ficando lindo. Eu acredito que a quantidade de cenas quentes que a gente tem, de intimidade, não seriam possíveis sem a coordenadora em intimidade Maria Silva e sem a minha parceira Giovanna. A gente já se conhece há mais de 10 anos e agora ficou muito mais próximo, já que estamos há dias e dias juntos, sempre nos divertindo muito no set.
Às vezes têm situações constrangedoras e a gente se diverte com isso. Se não fosse a leveza da Giovanna e o profissionalismo dela, acho que a gente não conseguiria realizar esse filme da maneira que a gente está fazendo. Está tudo muito bonito. O Diego Freitas é um diretor dos mais talentosos com quem já trabalhei na vida, nos dá muita segurança.
Esse filme tem todos os elementos para um grande sucesso. Estou super feliz com isso, super feliz também de terminar o ano tendo concluído “A Cerca”, filme do Papinha que me fez chegar até Pantanal, já que foi lá que nos conhecemos e recebi o convite para a novela, e “Minha Irmã e Eu”, uma comédia ilária com Tatá Werneck e Ingrid Guimarães, onde fiz uma participação divertidíssima, maravilhosa de fazer.
E agora terminando de filmar “O Lado Bom de Ser Traída”, que fecha esse ano incrível de trabalhos tão especiais na TV, no Teatro e no Cinema, fazendo um balanço super positivo do ano que passou. Sem contar com a chegada do meu filhão, Toni. Certamente 2022 está marcado como o melhor ano da minha vida até aqui!