De o ator André Gonçalves apanhar na rua por pitboys porque interpretava o homossexual assumido Sandrinho em A Próxima Vítima, no ano de 1995, ao primeiro beijo gay gravado entre Marcela (Luciana Vendramini) e Marina (Giselle Tigre) em Amor e Revolução (2012), assim como a complexidade dramática do núcleo Niko (Thiago Fragoso) e Eron (Marcello Anthony) em Amor à Vida (2013), muitas facetas da representação do amor homossexual foram feitas na nossa teledramaturgia. É importante, apesar de críticas vindas de militantes, assumir que se evoluiu neste quesito e digamos que a forma de mostrar a relação amorosa entre pessoas do mesmo sexo, mesmo que de forma lenta, melhorou.
Isto se deve à gama de complexidades que envolvem as relações amorosas que são da mesma espécie tanto para héteros como para gays. E, de certa forma, as novelas tentaram vislumbrar estes vários ângulos. Desde o enrustido casado com mulher aos gays modelos de perfeição e beleza, tudo teve seu momento propício e seu papel na construção do amor gay em nossa teledramaturgia.
Percebe-se a riqueza de representações do amor gay com diversas facetas (o que não se aceita para viver uma relação amorosa com uma pessoa do mesmo sexo, o que a mãe ou pai não aceita o relacionamento, o bem resolvido, etc), mas a questão da aprovação do amor homossexual pelos familiares ou pela sociedade ainda é um ponto em comum que permeia todas estas representações, afinal estamos no terreno que tenta copiar a realidade.
Interessante é vermos que houve uma evolução e uma diversificação de como retratar o amor gay e hoje podemos, em Amor à Vida, ter uma situação bem complexa como a retratada por Niko (Thiago Fragoso) e Eron (Marcello Anthony) que vivem temas bem contemporâneos como adoção de crianças, fertilização in vitro, homofobia do dono do hospital que o advogado Eron trabalha e ainda a questão da fluidez sexual com o envolvimento deste com Amarilys (Danielle Winits). Pode-se até criticar certas escolhas dramáticas, mas temos que notar que esta situação era impensada nos anos 1990. Aos poucos, devagar, a representação do amor gay ganha cada vez mais forma, forma de naturalidade.