Hugo Bonemer interpreta o personagem Martin, que vive uma paixão não correspondida em Malhação, com Anita (Bianca Salgueira). Fora da telinha, ele vive Aleph, protagonista do Rock in Rio, O Musical, no teatro. Já no cinema, ele integra o elenco de Confissões de Adolescente, que já foi filmado e deve estrear em 2014.
Com 26 anos, o jovem natural de Maringá, no Paraná, é primo do jornalista William Bonner (nascido William Bonemer Júnior), mas seu caminho até os portões da Globo não foi tão simples. Filho de UMA bailarina dona de uma escola de dança, Bonemer cresceu na coxia sonhando com o palco.
Em entrevista exclusiva ao Virgula Famosos, o ator fala de sua infância, de quando fazia comercial mas tinha vergonha de contar para os seus amigos, da sua entrada no mundo dos musicais e de sua carreira.
Leia abaixo a entrevista exclusiva com Hugo Bonemer.
Virgula famosos – Sua mãe possui uma escola de dança. Qual a influência disso na sua infância?
Hugo Bonemer – A minha mãe é bailarina e tem uma escola de dança que é administrada pelo meu pai. Eu cresci no meio dessa empresa familiar, na coxia do palco. Eu fazia contrarregragem, direção de palco e outras funções teatrais, mas sempre nos bastidores do palco.
Você nunca chegou a fazer aula de dança com sua mãe?
Não, eu fui burro. Eu poderia ter sido um grande bailarino, mas eu tinha vergonha. Acontecia às vezes, na escola, de algum colega falar: ‘Ah, filho da bailarina…’, mas eu não sei o quanto disse também era da minha cabeça. Entretanto, eu fiz algo parecido com a luta. Por volta dos dez anos, eu fiz taekwondo, karatê e capoeira, o que me deu uma movimentação parecida.
Você sofria bullying?
Quando eu comecei a fazer publicidade na TV, com oito anos, aquilo não era visto como algo legal dentro do meu universo de amigos. Eu não entendia que aquilo era uma coisa interessante para mim. Eu sabia que era uma coisa que eu gostava de fazer, mas não era muito bem aceita no meu convívio. Eu não sei se isso é bullying, eu só sei que eu passei, por volta dos dez anos, a não mais contar para os meus amigos quando eu participava de algum comercial.
Com essa idade você já sabia que queria seguir carreira artística?
Com certeza. Eu só não sabia como achava que isso era meio impossível. Eu imaginava que, morando no interior do Paraná, essas coisas nunca aconteceriam. Entretanto, eu fui para São Paulo fazer faculdade de comércio exterior e nesse momento eu percebi que o meu lado artístico continuava me chamando. Eu ia a um show e pensava: ‘Queria ter uma banda’; eu ia assistir a uma peça e desejava estar no palco, eu queria fazer a peça, eu queria estar ali, com aquelas pessoas.
Tem algum ator que te inspirou bastante?
Eu gostava de ver os filmes do Marlon Brando, eu gostava do Chaplin. Eram pessoas que, de alguma forma, me inspiravam na época de estudo. Dos atores brasileiros mais experientes, eu admiro o Marco Nanini. Hoje tem uma série de atores que eu admiro e tenho vontade de trabalhar com eles. Um deles é o Rodrigo Pandolfo, outro é o Felipe Abib.
Como que você começou a fazer musicais?
Eu nunca imaginei que eu fosse cantar na frente das pessoas. Até hoje eu morro de vergonha. Agora, quando eu estou fazendo um personagem, eu não tenho vergonha nenhuma. E por mais que, conscientemente eu não tenha buscado por isso, durante a minha vida eu sempre cantei no chuveiro imaginando uma multidão na minha frente. Aconteceu que eu participava de um grupo de estudos do grupo Tapa e o diretor me indicou para um teste para o musical Bark – Um Latido Musical, que eu participei como substituto. Depois, eu fiz um teste para Hair e consegui um dos papeis principais.
O que é mais difícil para você em um musical? Dançar, cantar ou atuar?
No musical isso tudo é uma coisa só, o mais difícil é manter a saúde em dia. Por exemplo, nesta época que anda fazendo 8°C em São Paulo, eu estou com dois agasalhos muito quentes, duas meias de lã no pé e um cachecol. Além disso, tomo muita vitamina C, muito polivitamínico, durmo bastante, tenho uma alimentação balanceada, não saio para farra. Então, o mais difícil não é fazer o que a gente faz no palco, pois para isso a gente se prepara muito. O mais difícil é manter a saúde, a gente não pode se dar ao luxo de pegar uma gripe.
Qual é a sua cena preferida no Rock in Rio, O Musical?
Hoje, a cena que eu mais gosto de fazer é a de Freedom (música de George Michael). Se você reparar na letra, ela é metalinguística. É uma música que, para mim, fala não só do personagem (um garoto que não fala desde a morte do pai), como da minha profissão. Para o personagem, ele está se sentindo livre porque está ouvindo música, e para mim, eu estou me sentindo livre porque eu estou no palco, tem um sentido muito pessoal.
Conhecendo a história das quatro edições do festival, tem algum show que você queria muito ter ido?
Com certeza eu gostaria de ter visto o show do Freddie Mercury e as apresentações do Guns n’ Roses, porque eu sou muito fã.
Você agora está no elenco de Malhação. Como foi fazer TV para você?
Foi desafiador, eu não vou dizer difícil, porque não é essa a palavra. É um trabalho completamente diferente do teatro. No teatro, eu tenho a possibilidade de fazer melhor amanhã, o que eu fiz hoje, já em Malhação, eu nunca mais vou regravar essa cena que eu gravei hoje. No teatro há o preciosismo, já na TV é o trabalho do desapego.
Você também gravou o filme Confissões de Adolescente…
Eu não cheguei a acompanhar a série, quando eu era adolescente. O que aconteceu foi que o Daniel Filho (diretor do longa) viu o musical Hair e me convidou para um teste. Foi incrível, ele é apaixonante, um gênio na direção. Eu pagaria para ver o Daniel Filho marcando cena, porque é algo que eu queria aprender, que eu gostaria de fazer um dia.
Você já se sentiu incomodado por ser primo do jornalista William Bonner?
Não, eu tenho muito orgulho de ser associado às pessoas que eu amo. Parece que as pessoas não imaginam que os famosos também têm família, essas pessoas existem e elas são normais. É natural que duas pessoas da mesma família trabalhem na mesma empresa, mas isso não é necessariamente correlacionado.