Em matéria do caderno Ilustrada, do jornal Folha de S. Paulo, desta quarta-feira (13), o filme Tropa de Elite recebeu críticas entre amores e ódios. Porém foi mais odiado do que amado.
O filme, concorrente ao prêmio Urso de Ouro, no Festival de Berlim, foi apresentado nesta segunda-feira (11), para jornalistas e convidados, com algumas falhas. Por exemplo: com a legenda em inglês, muitos críticos não puderam entender a tradução do filme, e termos usados, como "Pede pra sair", não causaram tanto efeito no público.
A revista norte-americana Variety atribuiu o filme com estilo de Rambo, e disse que não deixa de ser uma "monótona celebração da violência gratuita". Afirmou que o BOPE é o único que pode salvar a cidade do Rio de Janeiro, isso depois de ser removido seu coração, além de atribuí-lo ao fascismo. Na versão online da revista, muitos brasileiros criticaram a opinião dada.
O jornal francês Le Monde acusou o filme de "fazer apologia da tortura", e disse que corresponde ao "neoconservadorismo hollywoodiano", com montagem frenética, câmera epilética e narração explícita de opinião.
A imprensa alemã ficou dividida. O lado do ódio, do jornal Der Tagesspiegel, afirmou que o Tropa é um retrato do mundo pavoroso e sem lei, e não existe lado do bem ou mal, são todos lados escuros.
Em compensação, o filme também recebeu muitos elogios. O lado do amor da imprensa alemã, do jornal Berliner Zeitung, chamou-o de "original e excitante", e que mostra diversos lados da questão, além de manter um equilíbrio entre os aspectos ficcional e documental.
E mesmo com opiniões diferentes, os dois jornais alemães dizem que não concordam que o Tropa de Elite tenha caráter fascista. E olha que eles entendem disso.
A revista inglesa Screen elogiou também a obra, e deu nota máxima – quatro estrelas, que significa excelente. Comparou-o com as filmagens corajosas, quentes e realistas dos filmes Cidade de Deus e Amores Brutos.
O diretor, José Padilha, disse ao jornal que a opinião dos críticos estrangeiros foi influenciada por colegas brasileiros que reprovaram a obra desde sua estréia no Brasil. Mas não desceu do salto: "Uns nos acham inteligentes, outros fascistas. Na verdade, não me preocupo com isso".
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