Yves Saint Laurent e as famosas


Créditos: Getty Images

O estilista Yves Saint Laurent, divisor de águas na história da moda, completaria 76 anos nesta quarta-feira (01) e uma de suas grandes admiradoras, a brasileira e escritora Danuza Leão disse com exclusividade ao Virgula Famosos que tudo ficou um pouco mais triste sem ele: “O mundo agora é uma desolação. Depois que Saint Laurent se foi, a moda perdeu o brilho, o glamour, e não me conformo com a realidade: a grife ter sido comprada, e produtos serem lançados o tempo todo com a marca YSL, sem ter nada a ver com ele. Fico indignada, isso devia ser proibido”.

Ela se refere ao fato de a marca ter sido adquirida pelo grupo de luxo PPR (Pinault-Printemps-Redoute) em 1999 e já ter sido desenhada por Tom Ford, Stefano Pilati e aguarda estreia de Hedi Slimane em seu comando ainda este ano.

Danuza confessa que nunca o conheceu pessoalmente: “Não tive o privilégio de encontrar com Saint Laurent. Em compensação, ia duas ou três vezes por semana à sua primeira boutique na rue de Tournon, na Rive Gauche [em Paris].Não havia um dia que não chegassem coisas novas, era maravilhoso”.

Lá ela adquirou peças clássicas do estilista: “Tive muitas [roupas de Saint Laurent], muitas mesmo. Do vestido Mondrian à saharienne, da coleção gitane à russa, e montes de bijuterias. Essas preciosidades faziam parte do meu dia a dia, nunca pensei que fossem se transformar em peças de museu. Não guardei nada”.

Assim como ela, toda famosa era fissurada por YSL e Danuza conta um caso curioso, a atriz hollywoodiana Kim Novak surrupiou uma peça sua do estilista. “Jorginho Guinle [playboy carioca] levou Kim Novak para tomar um drink com Samuel [Wainer, jornalista e então marido de Danuza] e comigo, em nossa casa. Era carnaval, e ela queria ver as escolas de samba de perto, sem ser reconhecida. Pintamos a cara com carvão, pusemos lenços na cabeça, ela vestiu uma camisa de Samuel e minha linda calça dourada de Saint Laurent. Funcionou, ninguém a reconheceu, e nunca mais vi minha calça”.

Mas não era só Kim Novak que era fascinada por Saint Laurent. Uma constelação de astros e estrelas orbitavam em torno de suas criações inovadoras e sua atitude tímida e inteligente. Catherine Deneuve, musa e diva do cinema francês, era sua amiga fiel, esteve com ele até os últimos momentos. A todas, ele dava mais do que elegância, lhes ressaltava a personalidade, por isto o fascínio das famosas por Saint Laurent foi eterno enquanto durou.

Quem é Yves Saint Laurent

O estilista nasceu em Oran, na Argélia e logo foi colocado para substituir Christian Dior – que morreu no meio dos anos 1950 -em sua maison, então a mais importante do mundo. Vivia-se o período do new look, de algo barroco se assim podemos falar sobre as criações da Dior e tudo isto era excesso demais para o jovem estilista que resolveu sair deste cargo de alto prestígio para montar sua própria butique, junto com o amor de sua vida, o empresário Pierre Bergé. Estava aí feita a união que iria revolucionar a moda e os anos 1960.

Yves Saint Laurent foi responsável, junto com Pierre Cardin, pelo que chamamos de multiculturalismo na moda, antes mesmo desse termo existir, ao chamar modelos de feições não europeias para a sua passarela.

Promoveu a igualdade dos sexos, antes mesmo das feministas queimarem seus soutiens em praça pública com o “le smoking”, que a chave estava na calça de smoking para mulheres numa época que o sexo feminino tinha apenas como suas peças mestras as saias e os vestidos.

Entendeu que mais que um glamour ligado à grana, ele está ligado à atitude e por isso abriu uma loja na chamada Rive Gauche de Paris, identificada por ser a região dos intelectuais, militantes de esquerda e estudantes. E com isso impulsionar-se para uma posição de destaque o recente prêt-à-porter que depois viria a dominar o mundo da moda.

E mais do que tudo, ele amava as mulheres, poderia até não ser de forma carnal, mas de forma transcendente: “A roupa mais bonita para vestir uma mulher são os braços do homem que ela ama. Para as que não tiveram esta felicidade, eu estou aqui”.

Faleceu longe de sua maison, em 2008, em Paris. Para muitos forçado a se aposentar pelos empresários da moda. Mas isto é um mito segundo o editor de moda da Veja, Mario Mendes: “Monsieur Saint Laurent não foi forçado a se aposentar por empresários desalmados e ganaciosos. Ele estava há anos com a saúde em frangalhos e não tinha mais estrutura para suportar as pressões da indústria. Bergé tratou de vender os negócios enquanto o nome ainda estava na crista da onda e tratou de manter vivo a imagem do gênio mártir incompreendido pelos novos tempos”.

Veja galeria de famosas fãs de Yves Saint Laurent.


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"Depois que Saint Laurent se foi, a moda perdeu o glamour", diz Danuza Leão sobre o estilista que completaria 76 anos