Lembra do sonrisal, aquele disco redondo de madeira que a gente deslizava na beira do mar? Ele tem uma variante, o skimboard, um esporte radical, que mistura manobras de surfe, skate e snowboard. Uma das mecas mundiais pra prática do esporte é a Praia da Sununga, em Ubatuba, que tem ondas perfeitas o ano todo. Veja a entrevista com Julio César dos Santos, Presidente da Associação Ubatuba de Sonrisal e Skimboard (Auskim), pioneira no esporte no Brasil, com 10 anos de atuação.
“Skimboard é um esporte praticado principalmente em praias de tombo e consiste em correr e atacar uma onda pela frente, onde você joga sua prancha na espuma e rapidamente pula em cima dela, para então fazer as manobras”, explica Julio Cesar.
Ele conta que o esporte começou em 1920, em Laguna Beach, na Califórnia, com os salva-vidas que usavam pranchas menores do que as de surf para os salvamentos. “No Brasil, a versão brasileira, é o sonrisal, que é praticada há mais de 50 anos. No começo, ela era quadrada, foi evoluindo para a forma redonda, e era feita de compensados de madeira”. O nome veio deste formato redondo da prancha que era usado pra deslizar na espuma que é formada na beira do mar. “Usamos ainda o nome do sonrisal na AUSKIM, porque é uma coisa cultural no Brasil”.
A diferença básica entre os dois, além do formato das pranchas, é que o skimboard permite manobras mais longas, como pegar um tubo, como no surf, e o sonrisal é usado pra manobras mais curtas, como “batidas”, saltos e voltas pegando a onda de frente.
“Pra quem quer começar no esporte, é preciso equilíbrio e aprender a dominar a prancha. Em um dia de aula, o aluno já aprende a deslizar na espuma. Depois, mostramos o tempo certo de ataque, ou seja, a entender como a onda quebra, porque se ele sai atrasado, ela já vai estar se fechando, e o cara não vai conseguir fazer nada, assim como se sai adiantado, a onda ainda está se formando, e ele perde a batida”.
A Praia da Sununga (Ubatuba) é a meca do Skimboard no mundo, por causa de suas características únicas. “Além de ser uma praia de tombo, onde as ondas quebram perto da beira, que é essencial para o esporte, as ondas por aqui vão na direção das rochas, atravessando a praia toda de forma horizontal, formando longas ondas na sua extensão. Enquanto em lugares como Laguna Beach, este tipo de onda só acontecem uma vez por ano, aqui elas se formam em qualquer época”.
Nós já temos um campeão, Leandro Azevedo, uma das revelações do esporte, vencendo etapas importantes de campeonatos internacionais, como no Brasil, Chile e Angola. Claro que a velha história de sempre da falta de patrocínios, faz com que a profissionalização do esporte seja mais lenta por aqui. “Ano passado conseguimos realizar pelo segundo ano consecutivo, a primeira etapa do circuito internacional com a UST World Cup Skim Brasil, e estamos trabalhando pra realizar novamente em 2015. O circuito é muito importante para a profissionalização do skimboard no Brasil. Além disso, eventos pontuais na baixa temporada ajudam a aquecer o turismo”.
Pra quem se animou, as pranchas começam em R$ 100, as de madeira, que são boas para iniciantes, e tem as de fibra importada, mais leve e resistente, com flutuação melhor, que custam para amadores por volta de R$ 400, e as de laminação a vácuo, pranchas profissionais, que começam em R$ 600, e chegam a R$ 1000. “Tem as de fabricação chinesa que são mais baratas, mas que quebram com facilidade”, alerta Julio.