A tatuagem, desde seus primórdios, – que se confunde com o da própria civilização – teve como papel marcar guetos, mostrar pertencimento a determinado grupo. Às vezes, para demonstrar respeito como as que sacerdotisas adoradoras da deusa do Antigo Egito, Amunet, gostavam de ostentar ou então para finalidades bem mais cruéis como as que marcavam os judeus nos campos de concentração do nazismo. De qualquer forma, a tatuagem sempre foi algo um gueto. Sua massificação é razoavelmente recente, mas com a obssessão de popstar teens como Justin Bieber e o vocalista da boy band One Direction, Harry Styles, o ato de tatuar vira fenômeno de massa. Tattoo para todos!

A tatuagem foi banida do Ocidente cristão em 787 D.C. pelo papa Adriano 1º. O motivo: era uma manifestação do demônio. Este estigma perdurou até quase o final do século 20 quando começou a virar modinha entre as tribos de jovens. Até então, a tatuagem era totalmente underground, ligada às gangues, marinheiros, motociclistas e prisioneiros.

Este caráter marginal não se deve apenas ao Ocidente. No Japão, depois do século17, ela era usada para marcar os membros da Yakuza, a máfia japonesa. Aliás, foi na rota para o Oriente, via Polinésia, que o capitão James Cook percebe a tradição dos povos locais de se tatuarem e marcarem o corpo com tinta.  Os polinésios usam a palavra tatau para esta “body art” e se refere ao som de ossos finos – usados no lugar de agulhas – ao tocar a pele.

Passado séculos, a tatuagem começa a ser símbolo de rebeldia para as novas gerações do final do século 20. Ainda ligadas ao rock e à cena de música eletrônica, a tattoo tem seus últimos momentos de contraversão.

Hoje, de sertanejo a jogador e futebol, presidente de firma a secretária de futuro, quase todos têm uma tatuagem em algum lugar do corpo. É o desmembramento da tatuagem como símbolo de marginalidade e gueto para a cultura de massas e sua domesticação.

Bieber sempre é noticia com suas novas tatuagens e Harry Styles voltou recentemente a estampar os joenais posi irá fazer sua 44ª tattoo. Neste jovens não existe inquietudes de rebeldia, eles fazem sucesso de massa, música palatável para todos e mesmo que “aprontem”, está tudo direitinho dentro do status quo do aceitável.

No Rock In Rio, foi montado um estúdio que tatuadores celebridades fazem seus desenhos exatamente em… celebridades. Não há sinal maior que este para percebemos, que apesar de bela, atualmente a tatuagem é aceita, mas cumpre um papel estranho a ela, serve para uma rebeldia puramente de fachada e mercadológica. Talvez rebelde e outsider nos dias de hoje é não ter tattoo, vai saber…

 


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Com Harry Styles, Bieber e famosos no Rock in Rio, tatuagem deixa o underground e torna-se símbolo de rebeldia de fachada

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