Cinco modelos foram vetadas no evento de moda Passarela Cibeles, que começará nesta segunda-feira, em Madri, por causa da "magreza excessiva". Foi uma decisão regional para combater a anorexia.
Sessenta e oito modelos espanholas e estrangeiras apresentadas para o desfile por suas agências ou pelos organizadores foram submetidas no sábado ao veredicto da balança e cinco "pesos pena" espanholas foram reprovadas.
Segundo a organização, elas apresentavam um índice de massa corporal – calculado em função da relação peso e altura – inferior a 18.
Esse coeficiente, equivalente a 56 quilos por 1,75 metro de altura, é o limite fixado pelo governo regional de Madri, uma das instituições que financia o evento, que se baseou em um critério sanitário estabelecido pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
A autoridade espanhola decidiu proibir as modelos magras demais para evitar o mau exemplo dado às jovens espanholas que ficam obcecadas com os quilos a mais, podendo desenvolver distúrbios alimentares sérios, como a anorexia.
O respeito à norma, inédita em um evento internacional de alta costura, foi controlado por médicos voluntários recrutados para este fim pela Sociedade Espanhola de Endocrinologia e Nutrição (SEEN).
Esta medida promete desatar uma polêmica. Na sexta-feira, durante a Semana da Moda de Nova York, Stan Herman, presidente do Conselho de Estilistas de Moda dos Estados Unidos (CFDA), disse que impedir as modelos magras demais de desfilar seria discriminatório e a idéia nunca se apresentou nas passarelas nova-iorquinas.
"Seria o mesmo que proibir alguém por ser gordo demais. É uma proibição discriminatória e sou contra isso", disse Herman à AFP.
Segundo ele, o tema nem mesmo foi discutido: "Não, não, nunca", garantiu. "Houve um debate há alguns anos, quando muitas modelos foram encontradas com cocaína.
A imprensa falou muito sobre o tema e levamos o caso a sério. Fizemos com que a segurança rejeitasse qualquer pessoa claramente drogada e houve, a princípio. Mas foi a única vez que adotamos uma decisão deste tipo", disse.
Além disso, acrescentou, "essas pessoas podem te processar. Nos Estados Unidos, podemos ser processados por discriminação".