A idéia da produção do Caldeirão do Huck era chamar sete diferentes arquitetos para participar do quadro Lar, Doce Lar. Marcelo Rosenbaum foi o primeiro convidado e roubou a cena. Agora ele é o arquiteto responsável pelas sete reformas que o programa prevê para este ano.

Rosenbaum atribui a decisão da emissora à “empatia direta que teve com Luciano Huck, que procurava alguém que não trabalhasse só com arquitetura, mas que trouxesse agilidade ao quadro”.

Com o programa, ele quer desmistificar a idéia de que o barato é feio, ou vice-versa. “Decoração de elite não me interessa”, diz. Para Rosenbaum, “o mais legal (do quadro na TV) é o trabalho social”. Isso porque ele vê o quadro como uma possibilidade de ‘educar’ o telespectador, para quando este for reformar ou construir sua casa, sendo capaz de fazer as melhorias por si só.

A proposta do quadro é percorrer o país em busca de famílias que precisam de ajuda para transformar a sua casa em um verdadeiro lar, e não o fazem por falta de tempo ou dinheiro. Marcelo e sua equipe terão 10 dias e uma verba disponível para reformar as 7 casas.

Para aumentar o canal entre ele e o público, foi criado o Blog do Rosenbaum, onde o arquiteto responderá as dúvidas dos telespectadores. Mas ele promete mais. Vai contar como teve a idéia para a reforma, descrever os processos, alimentar o blog com novidades e explicar melhor elementos como harmonia, cor, importantes para a construção do ‘doce lar’. Se na televisão o tempo é curto, o blog dará continuidade ao que for ao ar.

Lar, Doce Lar vem somar a atrações como o +D, extinto programa da GNT sobre decoração e design, e o Minha Casa, Sua Casa, do People & Arts, no quesito ‘estímulo à criatividade do telespectador’. Mas para Marcelo, o quadro brasileiro tem um diferencial: atinge a classe média brasileira e as abaixo dela.

E o que o olhar profissional de Marcelo reconhece como o erro mais comum na hora de construir e decorar a casa? Noção de espaço, ou melhor, a falta dela. “As pessoas não imaginam a casa”, comenta. As dicas dele são eleger os espaços certos, ver os cômodos mais freqüentados, conhecer a casa.

Marcelo não segue tendências, e acredita em um conceito mais contemporâneo, e diga-se de passagem, humano. Seja para um desfile de moda, para uma loja, ou na decoração de um apartamento, ele trabalha da mesma forma: para o ser humano. Não se considera um turbilhão de ‘idéias à espera de aplicação’, e sim o contrário. Gosta de ouvir o cliente para depois criar.

Por isso ele considera o cenário para o balé Corpos de Luz um de seus maiores trabalhos. A história mistura a tal coincidência, que nunca é mera coincidência. “Fui dar uma palestra em Ribeirão Preto e me convidaram para o lançamento de uma revista de decoração. Na festa, o grupo Dança Vida fez uma apresentação e eu fiquei emocionado”, relembra Marcelo.

O final da história terminou no palco. Marcelo conversou com a coreógrafa do grupo, Paula Vital, e disse que gostaria de colaborar com o projeto que é social e realizado com jovens de classe baixas. Acabou convidado para fazer a cenografia do espetáculo, que contou com música de Naná Vasconcelos e será apresentado na França.

Infelizmente, Marcelo reafirma que desfiles de moda não estão mais nos seus planos. Entre seus memoráveis desfiles ele cita Bonequinha de Luxo, da Cavalera. “Foi capa de revistas, jornais, no final do desfile levaram peças do cenário, e muitas fotos”, comenta. “Num desfile vale a imagem. Emplacar o desfile significa garantir o sucesso de uma coleção”, diz. Então por que parar? Por envolver muita vaidade e dinheiro, e tomar muito tempo.

Aliás, tempo é que lhe falta para fazer mais projetos sociais. Com o quadro na TV, Marcelo diz que até os clientes já não conseguem mais marcar as reuniões em qualquer horário. “Eles dizem que é o efeito global”, brinca o arquiteto.

Agora, Marcelo quer mesmo é se dedicar aos projetos do escritório e ao programa, onde poderá fazer algo popular, tornando o ‘doce lar’ acessível ao povo.

O lado humano de Marcelo salta aos olhos de qualquer um que conversar com ele por mais de cinco minutos. ‘Como não ser assim?’, ele pergunta.

Exemplos não faltam.


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Marcelo Rosenbaum: 'Decoração de elite não me interessa'

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