Em época de Copa do Mundo, nada melhor do que comemorar sete anos de programa no ar com a exibição de um dos crimes mais polêmicos no Brasil: o roubo da taça Jules Rimet.
Quem faz aniversário (a data correta é 29 de maio) é o Linha Direta. Apresentado pelo jornalista Domingos Meirelles, o programa mistura jornalismo e dramaturgia com um único objetivo: justiça. Ao longo desses sete anos, foram exibidos 278 programas e 361 foragidos foram localizados e presos com ajuda do público.
Milton Abirached, diretor geral do programa, disse em entrevista ao Virgula que a fórmula do Linha Direta já existia, e foi apresentada na própria Globo em fins da década de 80 pelo hoje Ministro das Comunicações Hélio Costa. Devido ao sucesso do programa, Milton e outros diretores trouxeram o formato de volta, com uma nova cara.
Além dele, mais quatro diretores se dividem organizando a cenografia, o figurino, a caracterização dos personagens e locações. Milton revela que apesar do tema, consegue se divertir no trabalho, como se brincasse de fazer cinema, presente na linguagem e ângulo da filmagem dos casos.
A parte mais díficil da pré-produção, segundo o diretor, é selecionar atores parecidos com as pessoas envolvidas nos casos. Missão quase impossível.
Para escolher os casos, repórteres viajam por todo o Brasil apurando casos em delegacias, entrevistando fontes, sem contar as cartas que chegam à redação do programa. Selecionados os casos, a equipe que tem entre 170 e 180 pessoas prepara o roteiro final do que irá ao ar.
Milton não concorda com a comparação do programa com outros que abordam a violência. Seu diferencial é prestar serviço à sociedade. Não é o Linha Direta que prende o bandido. Ele é uma ponte entre a sociedade e a polícia, como um disque-denúncia, um instrumento da sociedade brasileira que tenta amenizar a idéia de impunidade, conta o diretor.
E os resultados têm sido positivos. Através das denúncias feitas pelo público, a polícia localizou dez foragidos que viviam no Brasil e nos EUA, Itália, Portugal, Espanha, Paraguai, Bolívia e Venezuela.
Produção prepara livro e DVDs temáticos
Este será o conteúdo do livro que a produção do programa lança ainda este ano. O livro é um complemento do Linha Direta Justiça, criado para relembrar os crimes mais famosos do Brasil. O diferencial deste quadro é mostrar ao público, nas palavras de Milton, como se faz e se fez justiça no país.
A leitura do material é recomendada pelo diretor. O livro segue a investigação policial dos crimes. É uma boa leitura para estudantes, mostra a aventura da investigação e esmiúça mais os casos. Além do livro, serão lançados DVDs temáticos do programa, divididos em casos que a ciência não explica, catástrofes, crimes passionais e políticos, entre outros.
Trabalhando com a violência, Milton não esconde que às vezes pega editores emocionados com os casos e a equipe sensibilizada com alguns crimes. O diretor lembra do assassinato de um menino pelo padrasto, crime que o emocionou. Um menino sempre rejeitado, que nunca tinha paz, ser morto pelo padrasto. Mesmo lidando com isso todo o dia, não deixamos de nos espantar.
Entre os crimes famosos, Zuzu Angel e Vladimir Herzog, já reproduzidos pelo programa, são os mais emocionantes para Milton.