Rocco Pitanga vai passar uns dias na terra do Tio Sam. Mas por enquanto, não se trata de mais um ator em carreira internacional. Ele foi convidado para realizar um trabalho com a comunidade brasileira em Atlanta voltado para estudantes de cinema e jornalistas. Lá, serão exibidos os filmes em que Rocco atuou, seguidos de debates sobre técnicas de filmagem e atuação.

Essa será a primeira viagem profissional de Rocco ao exterior. De 22 a 30 de maio, ele estará envolvido no evento, mas disse que pretende ficar mais uns dias para aproveitar outros cursos.

O ator fez sua estréia nos cinemas em 2003, em Seja o que Deus Quiser na pele do cantor PQD, e atuou ainda em Garotas do ABC, Filhas do Vento e Vestido de Noiva.

Filho de atores, Rocco conta que não escolheu a profissão por influência dos pais. “Demorei para escolher a profissão. Pensei em ser médico, piloto de caça, até decicidir ser ator, onde poderia ser vários personagens”. Ao pensar na evolução de sua carreira, ele cita a encenação da Paixão de Cristo, no Arco da Lapa. “É engraçado porque em quase 30 anos de peça, fiz papel de criança até Pôncios Pilatos, na última encenação”, comenta.

Perguntado sobre qual dos seus trabalhos no cinema ele destacaria, Rocco não hesita em citar Filhas do Vento. Pela atuação, todo o elenco foi premiado no Festival de Gramado, e por isso, outros concorrentes chegaram a dizer que a premiação tinha sido forjada.

Tudo porque o elenco do filme é composto por atores negros, entre eles, o veterano Milton Gonçalves. Rocco conta que se quisessem levar a polêmica a diante, teriam que questionar a idoneidade do festival, que já se tornou uma tradicional premiação do cinema brasileiro.

Em Da Cor do Pecado, ocorreu uma situação parecida. Pela primeira vez na televisão, a protagonista de uma novela era negra. Estava criada a polêmica. “Vivemos num país preconceituoso. Isso é fato. Mas é pequeno se prender à questão racial”.

Rocco comenta num tom crítico o projeto de lei que previa a cota de 20% para artistas negros na televisão e ressalta que “o sentido do personagem não está na cor”. E ainda completa, dizendo que escolher artistas negros para um papel escrito para brancos, e vice-versa, pode atrapalhar a própria produção. “Perde-se alguém que podeia fazer um trabalho melhor pela questão racial. Perde-se o feeling do personagem”.

O ideal era que os autores a artistas se desligassem da questão racial. O Brasil é, se não o único, um dos únicos países onde a miscigenação de culturas, que vai além da etnia, é possível. No caso de Da Cor do Pecado, Rocco responsabiliza o autor João Emanuel Carneiro pelo sucesso da novela e da mistura que ia desde uma família de brancos da alta sociedade, outra família negra, um pai de santo, todos tendo como pano de fundo o Maranhão, cidade pouco explorada pelas novelas.

Mas o ator não deixa de lembrar que, ao público foi vendida a idéia de que Taís Araújo seria a protagonista, quando na verdade, havia mais cenas com Giovana Antonelli.

Questões ‘políticas’ à parte, Rocco já tem outros planos para o segundo semestre, entre eles, levar Frankestein para os palcos. A peça foi encenada durante um curso de teatro, e o resultado foi tão bom que ele decidiu produzi-la para o teatro profissional. A experiência como produtor tem sido uma glória para Rocco, uma profissão dificil no Brasil.

A peça ainda está em fase de captação de recursos e o elenco ainda não foi escolhido. Mesmo assim, o ator garante que a montagem poderá ser vista no segundo semestre.

E para quem não quiser esperar até o segundo semestre, em junho, logo depois da viagem aos EUA, Rocco lança seu site oficial onde o público poderá encontrar várias informações como contato, histórico dos trabalhos, ensaios fotográficos, poemas e frases escolhidas por ele.


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Exclusivo: Rocco Pitanga vai aos EUA mostrar trabalhos no cinema