“O filme é uma viagem pessoal de descobertas sobre o homem por trás do personagem Luiz Sérgio Person. Procurei saber dele como amigo, diretor, marido e pai, claro”. É assim que Marina Person, cineasta e VJ da MTV, define seu novo filme sobre o pai, o cineasta Luiz Person, em cartaz no festival de cinema É Tudo Verdade, que acontece até o dia 2 de abril em São Paulo.

Quando Luiz Person morreu, vítima de um acidente automobilístico em janeiro de 1976, Marina tinha apenas 7 anos. Por isso, além de resgatar a memória do cineasta para o público, a produção do filme foi também uma busca pessoal. “Crescemos, minha irmã Domingas (jornalista) e eu, ouvindo mil histórias sobre o nosso pai. A minha busca era exatamente resgatar algo que não foi vivido por nós”, diz Marina.

E esta não é a primeira vez que Marina faz um filme para homenagear o pai.

Há dois anos, a TV Cultura exibiu o documentário Person (2003) que trazia depoimentos de profissionais que trabalharam e conheceram o cineasta, uma vasta documentação incluindo fotografias produzidas pelo próprio Luiz Sérgio, fotos de familiares, cenas dos filmes que dirigiu e em que atuou como ator, além de uma entrevista gravada pela TV Cultura pouco antes de sua morte.

Mas engana-se quem acha que verá a mesma coisa no novo filme, que segundo Marina, é uma versão maior do que aquela exibida na televisão e feita para o cinema, em 35mm, com 73 minutos de duração.

A importância de se recuperar a memória de Person é reconhecida no meio artístico, mas o grande público ainda desconhece sua obra. Então, como preservar a memória de um dos maiores cineastas brasileiros?

“Acho que é um trabalho constante e persistente que faz com que se preserve a memória. O Brasil ainda deixa muito a desejar no quesito valorização do nosso patrimônio cultural. Felizmente muitas iniciativas estão mudando essa mentalidade, e a tendência é cada vez mais o povo brasileiro ter a noção de que um país é feito da sua literatura, da suas artes plásticas, do seu folclore, da sua música, do seu teatro, do seu cinema, enfim de todas as manifestações artísticas. E isso é o que a gente tem de mais valioso. É o que vai ficar pras próximas gerações. Nesse sentido eu procuro manter vivo o trabalho do meu pai”, diz Marina, que além do filme, vai lançar os longas-metragens produzidos pelo pai em DVD.

E nessa viagem ao passado, buscando raízes, revendo filmes, fotos e ouvindo pessoas falarem de seu pai, qual teria sido o maior aprendizado de Marina com o ‘cineasta’ Luiz Person?

Nas palavras da VJ, “ele era um cineasta independente que usava o lucro de um filme para produzir o próximo, e que nunca ficou preso a nenhum gênero nem grupo. Era um cineasta versátil, com uma sólida formação intelectual, mas o mais importante para ele era atingir o grande público. Ele gostava de falar para as massas”.

Person será exibido em duas sessões em São Paulo (dia 1º de abril às 17h no Cinesesc e dia 2 às 16h30 no Olido) e uma no Rio de Janeiro (dia 30 quinta-feira, às 19h30 no Odeon).

E enquanto não dirige sua primeira ficção em longa-metragem, algo que pretende fazer em breve, Marina pode ser vista no filme A Máquina, de João Falcão, onde faz uma participação especial no papel de uma repórter.

O convite foi feito na hora da gravação da cena, quando Marina visitava o estúdio para fazer uma matéria para o Jornal da MTV. João convidou e lá está ela, entre os mil repórteres que invadem a cidade de Nordestina.


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Exclusivo: Marina Person lança Person, novo filme sobre seu pai