Roteiro feito a oito mãos – Lírio Ferreira, Hilton Lacerda, Eduardo Nunes e Sérgio Oliveira – e um elenco de primeira com Selton Melo, Giulia Gam, Guilherme Weber, Mateus Nachtergale, José Celso Martinez Corrêa, Mariana Lima, Renata Sorrah e a estreante Suyane Moreira. Essa é a receita de Árido Movie, novo longa do diretor pernambucano Lírio Ferreira.
Parte do elenco e direção recebeu amigos (até o dentista de Lírio estava presente) e convidados como Marina Person, Marcelo Rubens Paiva e Juliana Didone, na animada pré-estréia do filme, nesta segunda-feira em São Paulo.
Feito com baixo orçamento, Lírio disse ao Virgula que só o carinho e afeto das pessoas que participaram do filme explica o resultado final: uma trama com doses de humor e tensão, que mostra a difícil adaptação de um jovem criado no sudeste do país e que é surpreendido pelo destino, quando se vê obrigado a cumprir as tradições nordestinas. O filme fala ainda da falta dágua no Recife, cidade à beira do mar, do choque da modernidade no nordeste brasileiro, com direito e citações de Graciliano Ramos e Tim Maia.
Guilherme Weber vive o protagonista Jonas, um repórter do tempo que se vê obrigado a retornar à sua cidade natal com o inesperado assassinato do pai. Para o ator, que também está na novela Belíssima, foi uma nova experiência. Ele contou que ficou um mês em Pernambuco convivendo com a população local para conhecer melhor aquela gente. Se eles (nordestinos) se sentem bem representados no filme? Guilherme acredita que sim. O nordeste é uma região rica que permite várias interpretações, diz.
Não é de hoje que a região vem sendo bem explorado pelo cinema brasileiro. Selton Melo que o diga. Já são três filmes tendo como cenário o nordeste pernambucano. Eu tive grandes experiências com histórias pernambucanas. E todas distintas. O Auto da Compadecida é um texto clássico e a história se passa num nordeste antigo. Já Lisbela e o Prisioneiro passeia pelo popular e brega. E nesse filme temos uma geração moderna, mangue beat, drogas, música eletrônica. Foi uma boa experiência, comenta o ator que vive Bob, um jovem que adora fumar maconha com os amigos e se encanta com a índia Wedja, papel da estreante Suyane Moreira.
Suyane, aliás, se mostrou satisfeita com o resultado do seu primeiro papel no cinema. Ela que até os 12 anos queria ser dançarina do É o Tchan e hoje trabalha como modelo, estréia na pele da índia Wedja, pivô da morte do pai de Jonas. Se todas as modelos desejam atuar Suyane não soube responder, mas disse que no seu caso, era uma oportunidade que ela não poderia deixar escapar. E se depender dela, muitos outros papéis virão.
Após a exibição do filme, José Celso Martinez Corrêa distribuia abraços e sorrisos aos amigos, tamanha era a alegria pela participação na produção. Ele vive o personagem mistíco Meu Velho, um líder que armazena água ‘abstratosa’ para purificar a alma de seus fiéis.
Árido Movie foi aplaudido no Festival de Veneza, assim como o também pernambucano Cinema, Aspirinas e Urubus. Seria um boom do cinema pernambucano?
O nome do filme é uma homenagem a esse momento do cinema de Pernambuco. É uma mística, não é um movimento nem um manifesto, diz o diretor Lírio.
Árido Movie tem estréia nacional marcada para 14 de abril.