A memória cultural brasileira agradece. Eva Wilma e Miriam Mehler assinaram, nesta quarta-feira, o termo de doação simbólica de todo o seu acervo para o Arquivo do Estado de São Paulo. A cerimônia foi realizada na Casa das Rosas e contou com presenças ilustres, entre elas, a do Secretário de Cultura de São Paulo João Batista Andrade.
Documentos, vídeos com entrevistas, cenas de novela, cinema e teatro, recortes de jornais, tudo sobre as atrizes ficará nas mãos do Estado, disponível para pesquisadores, produtores e atores.
Antes da sua apresentação, Eva relembrou o episódio em que Miriam a substituiu num espetáculo na década de 60, quando foi convidada pela primeira vez para uma viagem a Europa. “Sem ela não teria tido essa oportunidade”, agradeceu Eva.
Meus agradecimentos mais sinceros aos responsáveis por essa homenagem. E quero retribuir com alguma coisa, disse Eva, que encontrou em um dos poemas de Fernando Pessoa a explicação para a essência do ator.
Criei em mim várias personalidades / Crio personalidades constantemente / Cada sonho meu é imediatamente logo ao aparecer sonhado, encarnado em outra pessoa que passa a sonhá-lo (…) Sou a cena viva por onde passam vários atores representando suas peças (…), diz um trecho do poema, recitado de forma emocionante pela atriz.
Miriam Mehler, que esteve na primeira montagem de Eles Não Usam Black Tie e atuou em novelas nos anos 60 e 70, disse ser de vital importância que se tenha memória no Brasil. Elogiou a iniciativa de Emílio Fontana, diretor do Centro de Estudos e Memória do Teatro Paulista, em reunir esse acervo contando a história da teledramaturiga, do teatro e cinema brasileiros e homenageando artistas ainda vivos.
Além dos convidados, o núcleo artístico de Mauá se apresentou relembrando passagens da carreira das duas atrizes, que mais uma vez se emocionaram com a retrospectiva de décadas dedicadas à arte.
Parte do acervo doado foi usada para a produção de dois livros sobre a carreira das atrizes, lançados pela Coleção Aplauso. Eva e Miriam ainda prometeram uma nova leva de doações.
E, sem a intenção, Eva Wilma já desatualizou sua biografia. É que ainda este ano, o público poderá vê-la no filme Veias e Vinhos, dirigido pelo secretário João Batista e que estréia em breve nos cinemas.
Se quanto mais trabalhos, mais a cultura brasileira é enriquecida, longa carreira a Eva e Miriam.
