23 de outubro de 1906. Uma multidão aguardava ansiosa, no campo de Bagatelle, o anúncio evocado pela imprensa parisiense: o primeiro vôo de um avião, criado pelo brasileiro Santos-Dumont.

É essa história, a da criação do 14 Bis e como o homem fez uso de uma das mais inteligentes criações humanas que o curta-metragem 14 Bis, do diretor André Ristum, vai contar. Em exibição na 30ª Mostra Internacional de Cinema, o filme ganha nesta segunda-feira, dia do centenário do vôo, uma exibição especial para convidados.

O envolvimento de Ristum com a história de Santos-Dumont é antigo. Antes deste curta-metragem, o diretor havia produzido outro curta, intitulado O Homem Voa, que contava como começou a paixão de Santos Dumont pela aviação. "Para o primeiro curta, fiz uma pesquisa imensa para saber mais sobre ele. Mas não deu para falar sobre o 14 Bis, sobre os projetos dos outros aviões. Então, comecei a pensar neste projeto", disse André Ristum em entrevista por telefone ao Virgula.

O elenco do curta reúne um elenco de peso, liderado por Daniel de Oliveira, que ao longo do projeto, descobriu ter uma série de relações com o pai da aviação. "O Daniel além de mineiro tinha a mesma idade de Santos Dumont na época do vôo. Mandamos o projeto para o empresário dele e ele se apaixonou pelo filme", conta o diretor, que quando ficou sabendo que o pai de Daniel tinha um bar chamado 14 Bis na avenida Santos Dumont em Belo Horizonte, teve certeza de que ele era o ator certo.

Nomes como Nicola Siri, amigo de longa data de Ristum, e Ricardo Mansur, que estréia como ator, também estão no elenco. "O papel de Rico não aparece muito, mas é um personagem consistente no filme. A Rosanne Mulhonlland também é uma grande atriz, e desde então já atuou em outros quatro longas", comenta Ristum.

Tarefa difícil: encontrar uma Paris antiga no meio do Brasil

Uma das missões mais difíceis do curta foi encontrar uma paisagem que lembrasse Paris em 1906. "Encontrar as locações foi difícil. Imagine ter que achar um lugar com a cara de Paris há 100 anos?". Por isso, as filmagens foram feitas em diferentes locais como Atibaia, Campinas, Santos e São Paulo.

A produção recriou Paris no século passado, o Campo de Bagatelle, construiu aviões, balão e contou com mais de 100 figurantes para fazerem parte da cena que entrou para a história.

Mesmo assim, André acha que o Brasil valoriza pouco Santos-Dumont. "Meu pai diz que Santos-Dumont era parte das matérias na escola. Hoje, as pessoas conhecem pouco ou nada sobre ele. Isso quando não confundem as coisas, dizendo que o 14 Bis girou em volta da torre Eiffel, coisas assim", comenta André.

Por isso, assistir ao curta 14 Bis e antes de tudo conhecer parte da vida de um brasileiro que mudou a história do mundo ao inventar o avião.

Projeto de longa com Heitor Dhalia

Depois de dirigir vários curtas, André já temprojetos para filmar seus

primeiros longas. Entre eles, O Homem que Deu Certo, com Heito

Dhalia, de Nina e Cheiro do Ralo. "É um filme moderno, paulistano, ligado à noite", diz André.

Sessões de 14  Bis  na 30ª Mostra:

27/10 – Espaço Unibanco de Cinema às 17h50
02/11 – Centro Cultural São Paulo às 18h00


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30ª Mostra de Cinema: Daniel Oliveira vira Santos-Dumont em curta de André Ristum

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