Quitéria Chagas é do tipo de mulher que não só para o trânsito como também os salões de dança, a Sapucaí e, agora, os sets da TV Globo . Aos 25 anos, ganhou a chance de mostrar seu talento diante das câmeras: vive a empregada doméstica Dorinha, na Novela Páginas da Vida. Nessa sexta-feira, a atriz, modelo e bailarina participou de Chat com os internautas do Virgula e concedeu uma entrevista exclusiva, onde falou da personagem, de Carnaval, dos atores negros e de seus projetos futuros.
Virgulando: Quitéria, como é estrear como atriz na novela de maior audiência da TV?
Quitéria Chagas: Pra mim foi uma surpresa! Fiz alguns cursos e sempre me preparei para o momento de trabalhar como atriz, mas não imaginava que seria logo numa novela das 20h. Estou super feliz com a oportunidade, estou trabalhando muito e aprendendo todos os dias com o elenco da novela, que me acolheu super bem.
VR: Sua carreira na TV começou no programa “Canta e dança minha gente”, da Carla Perez, quando ganhou destaque e foi ser assistente de palco do Gugu. Como era sua vida nessa época?
QC: A Carla me abriu as portas da TV para mim no SBT, ela me deu um espaço muito importante. A partir do programa, muitos trabalhos surgiram, como o de assistente do Gugu, no lugar da Alessandra Scatena. O Jaime Monjardim viu uma performance minha e me chamou para uma cena de dança na novela O Clone. Isso me incentivou bastante para seguir minha carreira na TV.
VR: A personagem Dorinha está fazendo muito sucesso na novela. Você segue estritamente o roteiro ou dá seu toque pessoal a ela?
QC: Bem… Eu tento seguir o texto da melhor forma possível, mas procuro sempre dar meu toque pessoal. Quando recebo o roteiro, devoro inteirinho e busco dar meu melhor! O Maneco pede muito isso de dar seu tempero, ele desenvolve os personagens em cima de nossas características. Vejo isso nos outros atores, e busco me inspirar neles, principalmente na Débora (Evelyn) para agir da forma mais natural possível. São algumas deixas, alguns olhares que fazem a diferença.
VR: Você acha que os negros estão tendo mais espaço na mídia hoje, ou são escalados apenas para papéis secundários? Você já sofreu algum tipo de preconceito?
QC: No começo sempre é mais complicado. Mas combatemos o preconceito mostrando talento e competência. O negócio é se impor, eu tiro de letra isso. O espaço para os negros está crescendo, prova disso é a chance que tive com o Manéco. A batalha é difícil, o perfil do ator/atriz negro nem sempre se encaixa em papéis principais, as pessoas não se identificam tanto.
VR: Os fãs elogiam muito seus dotes físicos, você está sempre com um corpo impecável. Não pensa em posar nua, ou fazer um ensaio mais ousado?
QC: Desde a época do Gugu recebo convites, mas preferi adiar para valorizar o cachê. Penso em fazer o ensaio sim, muitas artistas renomadas já posaram e não vejo problema algum nisso. Uma hora acontece naturalmente!
VR: Você é rainha da Bateria da escola Império Serrano. O samba sempre foi uma paixão? Qual é a sensação de entrar na Avenida e sentir a energia da bateria e da platéia?
QC: Eu sempre gostei de samba… Quando era pequenininha, imitava os passos dos destaques das escolas enquanto assistia aos desfiles na TV, adorava fazer isso. Sempre tive muita vontade de desfilar, e em 1999 realizei esse sonho. É bom demais participar do clima do Carnaval, ir aos ensaios, sambar horas e horas e acompanhar a evolução da Império nos finais de semana, que é quando tenho tempo de ir.
VR: Como é seu contato com os fãs? Você é muito assediada nas ruas, mudou muita coisa com a Dorinha?
QC: A cada trabalho que faço o assédio aumenta mais, os fãs se lembram de tudo que fiz, é muito gostoso isso. Antes eles me conheciam como a dançarina, a sambista do Carnaval (fez destaques nas vinhetas Globeleza). Agora estão conhecendo meu lado atriz. A Dorinha é super recatada, muito diferente da Quitéria, e isso dá um contraste grande.
VR: Quais são os planos daqui para a frente? Algum projeto, pretende seguir adiante com a carreira de atriz?
QC: Eu pretendo avançar como atriz, e quero muito trabalhar em teatro, cinema. Quero viver personagens diferentes, para aprender cada vez mais. Faço cursos também, no momento estou fazendo um com o (ator) Jaime Periard, mas minha rotina me impede de me dedicar o tanto que gostaria.