Famosos contra Feliciano
Créditos: divulgacao
Dionisio Neto não para, ele continua ativo no teatro, em cartaz em São Paulo, com o espetáculo Desamor, de Walcyr Carrasco, e que o autor escreveu especialmente para ele. Agora o ator que foi o vilão Tito na novela A Favorita está voltando ao cinema que sempre foi uma de suas grandes paixões.
Ele estará no filme Sequestros de Marcos Jorge (Estômago) que começa a ser filmado em março. O ator viverá um pastor evangélico aos moldes de Marco Feliciano.
Para o Virgula Famosos, Dionisio explicou o papel, o filme e seus futuros projetos no cinema:
Virgula Famosos: Por que a ideia de fazer um pastor nos moldes de Feliciano?
Dionisio Neto: Eu sempre bebo em pessoas reais para construir meus personagens. Em Carandiru, de Hector Babenco, eu vi um menino correndo na praia de Ipanema e logo percebi que ele era meu Lula. Em Desamor, de Walcyr Carrasco, eu bebi em Marcelo Dourado, do BBB, e este pastor veio naturalmente a imagem do Feliciano em minha mente para início da construção do personagem. Mas não é uma imitação, de jeito nenhum é um ponto de partida, eu me inspiro nos gestuais deles, nas maneiras de falar e assim vou construindo os personagens, absolutamente diferentes de mim, me utilizando muito da técnica do Actor´s Studio e de Stanislawsky. Fico pasmo quando ouço falar que não existe personagem, é de um desserviço tamanho aos atores do Brasil. Claro que existem personagens e, no meu caso, eles são absolutamente diferentes de mim e meu maior desafio é fazer cada personagem diferente do anterior.
Como surgiu o convite?
Fui convidado para fazer um teste pelo diretor Marcos Jorge que queria que eu fizesse um bandido. Declinei, pois eu já fiz bandido em Carandiru de Hector Babenco (Lula) e na novela A Favorita (Tito), de João Emanuel Carneiro. Foram dois bandidos bem diferentes, mas bandidos. Eu não quero ficar estigmatizado, fujo de estereótipos. Talvez me chamem para fazer bandidos porque eu sou mestiço de árabe com índio, e como vivemos em um país colonizado, estes estigmas caem sobre mim. Fazer um advogado na novela Morde e Assopra, de Walcyr Carrasco, já foi uma grande conquista. Então, o diretor pediu para eu improvisar um pastor e em meia hora entrei em sites evangélicos e estudei O Livro de Jó. A memória do Feliciano veio em minha mente e me comuniquei com ela, visto que é um pastor que deu o que falar. Fiz o set inteiro gritar “Aleluia” comigo e no final da minha performance veio o convite para o papel. Agora estou indo em cultos evangélicos para deixar o personagem humano e fugir dos estereótipos e das armadilhas do papel. Fiquei um tempo sem fazer cinema, dedicado ao teatro, ao rock e a TV, mas agora não quero parar mais.
Sobre o que trata o filme?
Santana é funcionário público, trabalha no Centro de Zoonoses da Prefeitura, como motorista da famosa carrocinha, recolhendo cachorros sem licença. Simpático e bonachão, avesso a confusões, vive, razoavelmente bem, num subúrbio com sua família, conseguindo manter a violência longe de casa. Até o dia em que captura, exercendo seu ofício, um violentíssimo cachorro. Decorridos alguns dias, apresenta-se alguém se dizendo dono do cão: trata-se de um temido bandido. O homem está furioso, considera seu cachorro seqüestrado. Mas o cachorro não vai voltar: foi sacrificado. Por um mal-entendido, o facínora se indispõe justamente com Santana, considerando-o responsável pela morte do animal. Como vingança, sequestra o filho pequeno de Santana. Este é somente o primeiro dos dois sequestros do filme.
Você tem outros projetos em cinema, quais?
Escrevi dois roteiros que estão em fase de captação. – Classe Média inspirado em fatos reais onde uma gangue de playboys de classe média assalta um prédio de classe média no dia 7 de setembro para torrar o dinheiro em baladas de Punta Del Este. E Karaokê Liberdade, uma história de amor e de morte entre uma prostituta e um poeta no futuro, no bairro da Liberdade em São Paulo. Vou atuar nos dois e devo dirigir o segundo.