O último ano de faculdade é um sufoco na vida de todo universitário. Todas as preocupações se voltam para o temido trabalho de conclusão de curso. Os nervos ficam a mil e todo o tempo disponível, e não disponível também, são voltados ao trabalho que vai decidir se você vai ou não sair da faculdade.
Mas até onde você iria por um trabalho de conclusão de curso? Um grupo de meninas da PUC levou a sério a última tarefa da faculdade e decidiu radicalizar. Todas juntas, 40 meninas, cortaram seus cabelos para encenar a peça que fecha sua passagem por essa fase da vida.
Para produzir a peça Mulheres de Rosa, adaptação das obras de Guimarães Rosa, inspirada principalmente em Grande Sertão Veredas, quarenta alunas da PUC, integrantes de um grupo de 46 pessoas, cortaram o cabelo para entender o universo masculino.
“Nós queríamos abordar o aspecto feminino da obra de Guimarães Rosa, mas não conseguimos fugir do universo masculino. Por isso o corte de cabelo”, conta Natalia Fagnani, uma das alunas do grupo, produtora da peça e agora dona de uma careca raspada com máquina 4.
A decisão radical foi tomada depois de muito estudo. “ Nós estruturamos um ritual de corte. Foi a fusão do masculino e do feminino. Ter que abrir mão da vaidade feminina para entrar no mundo masculino”, explica Natalia que disse ainda que o corte de cabelo das 40 meninas foi feito junto e que a energia que se criou no momento ajudou na atitude.
“É muito mais do que um trabalho de fim de curso. Tem muita gente boa envolvida no projeto. Mobilizamos o curso inteiro. É pela arte mesmo.”, justifica a produtora da peça que completa dizendo que o nenhum tipo de peruca resolveria o problema. “Para linguagem da peça não caberia peruca. Tem muito movimento mexe muito com o corpo. Além do que é uma entrega para o trabalho. O corpo é instrumento da arte e o cabelo faz parte do corpo.”
Toda essa dedicação poderá ser vista no teatro Tucarena em curta temporada, do dia 11/12 a 17/12. Mas o grupo continua com projetos para apresentar a peça no ano que vem. Como eles não podem cobrar ingressos, já que a família de Guimarães Rosa não liberou os direitos autorais da peça, eles estão a procura de apoio e patrocínio para dar continuidade ao projeto.