Em entrevista exclusiva na tarde desta quinta-feira (29), ao Virgula Famosos, o ator Marcos Frota, que completa 56 anos de vida, falou sobre a reprise da novela Mulheres de Areia, em Vale a Pena Ver de Novo, na TV Globo, sobre o sucesso de seu personagem Tonho da Lua na trama, como superou a morte da primeira mulher, Cibele, em um acidente de carro, em 1993, vaidade, projetos e também sobre o fim do seu relacionamento com a atriz Carolina Dieckmann, em 2004. “Até hoje me pergunto por que nos separamos”, afirmou.
Pai de quatro filhos, Apoena, Amaralina e Tainã, frutos de seu casamento com Cibele, e Davi, do seu relacionamento com Dieckmann, o artista também revelou ao site que quer interpretar um personagem transexual em uma novela do horário nobre. “Sinto-me maduro ao ponto de mostrar como é a alma feminina aprisionada em um corpo masculino”, disse.
Confira abaixo a entrevista completa com Marcos Frota:
Virgula – Como foi interpretar o personagem Tonho da Lua em Mulheres de Areia?
Marcos Frota – Tudo sempre é um aprendizado e fazer ele foi um momento de mergulho meu na minha profissão. Eu extraí dessa novela um aprendizado verdadeiro, de maturidade plena como ator. O Tonho se integrou totalmente no seu estado de espírito e em sua alma. Hoje, vendo a novela 18 anos depois, com esse distanciamento que o tempo proporciona, me vendo tão jovem ainda, em um bom estado de espírito para dar vida a tal personagem, não estava nem um pouco preocupado com o sucesso ou repercussão, era um movimento interno, tudo estava no olhar dele, o olhar é o espírito da alma, então isso mostrou o quanto verdadeiramente eu estava perto dele.
O que mudou em sua vida depois de viver esse personagem? Foi um divisor de águas na sua carreira?
A televisão em si proporciona ao ator uma popularidade muito grande, principalmente quando ele faz tramas desse nível de repercussão. O Tonho da Lua me fez aproximar do público, porque ele me fez fazer parte de um inconsciente coletivo do povo brasileiro, que comungam aquilo e emitem um sentimento de carinho, até muito mais do que de admiração e tietagem pelo próprio ator. Ele me deu isso de presente, um abraço verdadeiro do público. Até hoje, em qualquer lugar que eu vá, me chamam pelo nome do personagem.
Como você soube da reprise da novela? Você vem acompanhando a trama?
Eu estava em Cuba em um evento de circo na cidade de Havana. As pessoas me diziam que meu personagem estourou no país na época da novela. Infelizmente, eu não consegui ir até lá anteriormente, por falta de espaço na minha agenda. Cheguei lá e todo mundo só falava em Tonho da Lua e recebi algumas homenagens por causa disso. Quando eu cheguei na minha casa aqui no Brasil, a Globo me ligou e disse que a novela ia ser reprisada. Foi uma sincronia absurda, o fato de eu estar em um país distante daqui, falando do personagem e relembrando aquela história toda e chegar em casa e a novela ser passada novamente, pela segunda vez, inclusive. Tenho visto pouco a trama, tenho trabalhado muito por causa do circo, vi uns quatro capítulos até agora. Eu percebi que a novela sofreu uma adaptação normal, mas no núcleo do Tonho da Lua continua igual.
Como foi superar a morte de sua ex-mulher, Cibele, logo depois de viver tal personagem?
Eu falava muito disso em Cuba. Por incrível que pareça, ele foi construído por mim inconscientemente num alto grau de espiritualidade, aquela loucura linda acontecia porque tinha uma gama espiritual muito forte no componente do caráter dele. Quando ela morreu em um acidente de carro sozinha aqui no Rio de Janeiro (1993), o Tonho me ajudou de certa forma a ficar preparado para aquele período tão difícil e de tanta dor. O da Lua me amparou.
Sua ex-mulher, a Carolina Dieckmann, afirmou em recente entrevista que chegou a fazer terapia depois do fim do casamento de vocês em 2004. Como é o relacionamento entre vocês hoje em dia e o que você ainda sente por ela?
Nós nos casamos por amor. Terminamos ainda muito apaixonados e realmente ficou um ponto de interrogação naquela situação toda. Eu realmente, até hoje, não entendi a nossa separação. A maior prova de amor foi eu ter respeitado a decisão dela em nos separarmos. Na época houve uma vontade muito forte dela em se separar e eu aceitei. Acho que amar é respeitar o próximo também. Lutei muito pelo nosso casamento e pela nossa família, mas fiz a vontade dela. Esse respeito todo nascido desde aquela época, foi o que marcou a nossa relação dali pra frente. Admiro muito ela como atriz, mulher e mãe. Ela me ensinou muito com a juventude e a sabedoria dela. Me deu um filho, o Davi, de 12 anos, que foi o maior símbolo do nosso amor e história de vida juntos. Hoje somos sim amigos, não tenho mesmo o que reclamar dela, inclusive do marido dela, o Tiago Worcman, acho ele um garoto maravilhoso. Frequentamos um a casa do outro. É algo que ficou para sempre. Teve um dia que ela pegou nosso filho e o filho deles junto com a babá e passaram a noite no meu circo. Só isso já mostra o quanto nossa relação é bacana e madura com o passar dos anos.
Você está solteiro? Toparia se casar pela terceira vez?
Estou sim solteiro, mas aproveitando a vida um pouco no bom sentido. Estou mais seletivo e mais tranquilo também, mas sempre em busca de um grande amor, de um grande encontro, me sinto jovem ainda pra trocar algo bacana pra valer. Já fui casado duas vezes, sei bem o que é o casamento em si. Não estou fechado para uma possível outra união.
Você se considera um homem vaidoso? Como cuida do corpo?
Com a minha idade a vaidade já vai ficando um pouco de lado. Vai ficando o que você tem de bom por dentro mesmo. Minha vaidade hoje é ter o circo lindo, minha profissão fluindo. Quanto ao corpo, estou meio gordinho. Hoje gosto de tomar vinho com os amigos e frequentar restaurantes. Aquela fase do cinquentão mesmo (risos). Procuro caminhar na praia. Passando o meu aniversário vou dar uma fechada na boca para voltar à boa forma.
Você faz 56 anos hoje. Qual o seu maior medo? O que ainda falta conquistar?
Acho que é o que qualquer pessoa tem medo. Falta de segurança e problemas relacionados à saúde. Agora o que eu gostaria de fazer mesmo é um filme sobre o circo, acho que seria uma grande contribuição não só com o cinema, mas com as pessoas também.
Como você concilia a carreira de ator e o circo?
O cinema, teatro e televisão é a minha profissão. Já o circo é o exercício da minha cidadania. Depois que separei os dois dessa maneira, consegui conciliá-los, sem fazer com que um prejudicasse o outro.
Quais são seus futuros projetos?
Eu quero interpretar um transexual na televisão. Acho que com a maturidade que tenho hoje, eu conseguiria transmitir para o público o que é a alma feminina aprisionada em um corpo masculino. Eu acho que é um tema que a nossa sociedade já está pronta para discutir esse determinado assunto. Acho que em breve teremos notícias boas sobre essa minha vontade.