Ana Cañas passou por um grande sufoco na última segunda-feira (10) após uma forte chuva atingir São Paulo e paralisar a cidade. A cantora contou no Instagram que caminhou por duas horas na região da Marginal Tietê, carregando malas, microfones e violão, para escapar do trânsito. Ela aproveitou a situação para ressaltar um aspecto importante de sua experiência infeliz: os privilégios.
A artista relatou que pegou um ônibus do Rio de Janeiro rumo à capital paulista no domingo, às 23h, acompanhada da produtora Juliana Periscinotto. No entanto, às 6h10 de segunda-feira o transporte estagnou na Marginal Tietê por causa dos alagamentos.
“Permanecemos mais 8 horas dentro do busão na esperança das águas baixarem e o fluxo voltar. Só que não.
Sem água, comida e com o banheiro totalmente inutilizável, decidimos juntas, às 14H30, descer do ônibus carregando as malas, o violão, a lojinha, os microfones e andar pela avenida”, contou na rede social, acrescentando que “logo à frente havia um trecho quase intransponível – a água chegava nos joelhos. Mas para chegar até a rodoviária e pegar o metrô, tínhamos que atravessar aquele pedaço”.
A dupla então levantou as malas, cobriu o violão com um cobertor e “literalmente andou pelas águas do rio Tietê”. Foram duas horas de caminhada, 4 quilômetros “por calçadas destruídas, carros, caminhões e ônibus parados, crianças nos colos de suas mães (um menino chorava assustado sem conseguir descer da mureta alta), uma van ambulatorial com muitos idosos dentro”. Ela descreveu a experiência como “desesperadora”.
Apesar de todas as dificuldades, Cañas afirmou ter percebido sua “condição de privilégio”: “mesmo exausta, sem comer ou beber água e carregando muitas malas, eu tinha uma casa pra voltar, um chuveiro pra tomar banho.
nos revezes da vida (e no descaso do governo), bom mesmo é poder contar com alguém que partilha da mesma jornada, te estende a mão e ainda sorri junto”.
“Não conseguíamos parar de pensar nas pessoas que perdem seus bens, suas casas, seus pertences. Nesse momento, pessoas ainda permanecem na avenida, sem previsão de saída – vimos apenas um carro da CET no trajeto todo. Seguimos fortes, muito tocadas pelo que vimos e vivemos hoje”, relatou na ocasião.
Confira os vídeos do percurso: