Ativistas do Femen protestam pelo mundo em busca por igualdade de gêneros


Créditos: Reprodução/FEMEN

Sara Winter tem 20 anos de idade é a embaixadora do movimento Femen no Brasil. A garota, que nunca tinha ouvido falar de feminismo conheceu o grupo – famoso por ter mulheres que protestam fazendo topless – por uma notícia na internet, em 2011. Curiosa, ela fez pesquisas na web e entrou em contato com as ucranianas fundadoras do movimento.

O interesse pela causa a fez ser convidada pelas fundadoras a uma estadia, em juhno de 2012, na Europa a fim de conhecer melhor o movimento e trazer a ideia ao Brasil. De volta ao país, ela fundou o Femen Brazil e ganhou a atenção da mídia.

No Dia Internacional da Mulher, o Virgula Famosos conversou com a ativista sobre o movimento feminista no país, a repercussão dos protestos e os planos para o futuro.

Confira abaixo a entrevista exclusiva com Sara Winter:

Virgula Famosos – Você tinha interesse pelo movimento feminista antes de conhecer o Femen?

Sara Winter – Não, eu nunca tinha ouvido falar no movimento feminista antes de conhecer o Femen, e essa é uma das principais razões por eu ter tanta fé no movimento. Porque no Brasil, nós temos aproximadamente 40 anos de história de feminismo, mas ele está concentrado na elite intelectual. Então, as teorias feministas, as teorias libertárias não chegam às classes mais baixas, elas ficam na universidade.

Você acredita que com o Femen essas teorias libertárias e feministas têm um alcance maior?

Sim, com certeza. Principalmente porque nós somos um movimento midiático. Enquanto outros movimentos sociais viram as costas para a grande mídia, o Femen se apropria da grande mídia para fazer um compartilhamento de informações em massa que chegam a todos os tipos de pessoas de todos os níveis culturais, sociais, econômicos.

Como foi o feedback depois de sua volta ao Brasil da Ucrânia?

Foi muito grande. Várias mulheres quiseram aderir ao movimento. Pessoas que não conheciam o feminismo pediram biografia, outras mandaram emails com desabafos.

E houve uma repercussão negativa?

Sempre tem, principalmente porque o Brasil é um país extremamente moralista e hipócrita. A nudez da mulher é usada para tudo, para vender todo tipo de produto. Com carros, cerveja e Carnaval, tudo bem [ficar nua]. Mas quando nós usamos a nudez da mulher para vender um ideal, as pessoas falam que é putaria, que é exibicionismo.

Qual o poder de mostrar o corpo em uma época que a nudez é tão banalizada?

Como nós descontextualizamos nosso corpo da nudez convencional, e isso se torna poderoso. Quando alguém está sambando nua na avenida, todo mundo acha bonito. Mas quando você vê uma mulher ou uma minoria em um lugar que ela não deveria estar, na lógica da sociedade patriarcal, fazendo uma coisa que ela não deveria fazer, isso incomoda. Basta você descontextualizar o seio, a nudez, que você passa a chocar, que você passa a ter um efeito muito grande sobre as pessoas. Quase que a gente obriga as pessoas a pensarem, por um segundo, naquilo que está escrito em nossos seios.

Há alguma personalidade feminista que te inspira mais?

Por mais que eu tenha estudado teoria do feminismo, eu acho tudo muito chato. Eu li O Segundo Sexo, da Simone de Beauvoir e achei muito chato. Eu acho que a gente tem que trabalhar em algo que atinja as mulheres simples, que atinja as minorias.

Como foi o protesto ocorrido no aeroporto Tom Jobim, em fevereiro deste ano?

Foi bom, a gente não foi presa. A intenção do protesto era mandar os turistas sexuais que vieram para o Carnaval, de volta para a casa. E nós conseguimos passar nossa mensagem.

Como você avalia a cobertura da mídia brasileira sobre o Femen Brazil?

Ruim, a mídia europeia é bem melhor. Na França principalmente, eles tomam muito cuidado com citações, com números e estatísticas. E aqui no Brasil, eu não consigo confiar, a mídia não toma o devido cuidado com citações chegando a inventar coisas que não falamos, ou confunde o motivo do protesto, o número de participantes.

Você iniciou o Femen Brazil sozinha na Virada Cultural do ano passado. Em fevereiro deste ano, o protesto no Aeroporto Tom Jobim teve seis adeptas. Como foi essa evolução?

Existem os altos e baixos e eu não tenho experiência em organização de movimentos, mas foi muito boa. Cada dia que passa, entram mais mulheres, chegam mais denúncias.

Qual é o tamanho do Femen Brazil hoje?

Existem hoje 15 ativistas de topless e mais uma equipe de mais ou menos dez pessoas que ajudam com o site, as mídias sociais.

Quais são os planos do Femen Brazil para o futuro?

Nos nossos planos constam Copa das Confederações, Jornada Mundial da Juventude, Copa do Mundo, Olimpíadas. Tanto que eu estou morando no Rio de Janeiro agora.

Você publicou na quarta-feira (06) em seu Facebook, que está disposta a fazer faxina para ganhar dinheiro. Nesta quinta, em outra publicação, você se ofereceu para bicos como modelo de nu artístico. Como você está? Você está vivendo só em função do Femen Brazil?

Sim, eu fiz uma (faxina) ontem até. Eu estou pobre, procurando lugar para morar enquanto fico na casa de um amigo. Desde que eu voltei da Ucrânia eu me dedico só ao Femen, então não dá para eu ter um trabalho fixo, com carteira assinada. Por isso faço bicos, como ensaios fotográficos, faxina, hostess de balada…

O que o Femen prepara para o Dia Internacional da Mulher?

Como a maioria das meninas trabalham, não vamos fazer nada na sexta-feira (08), mas sim no sábado (09). Será em frente à Igreja de Nossa Senhora da Candelária, aqui no Rio de Janeiro. Tem uma fonte de água, onde nós vamos entrar e fazer um rebuliço lá.

O que falta para as mulheres conseguirem igualdade?

Falta uma tradição de reivindicação de poder por parte das mulheres. A mulher brasileira é muito submissa, é muito passiva. A partir do momento em que as mulheres lutarem mais, elas ficarão mais próximas da igualdade.

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'A mulher brasileira é muito submissa', diz Sara Winter, a jovem que trouxe ao país o Femen