Quem acredita que só no Brasil os torcedores temem levar suas famílias ao estádio de futebol está enganado. Os incidentes durante esta semana na Itália deixaram evidentes que os países considerados de 1º Mundo também sofrem com a violência presente nos esportes.
Na terça-feira (12 de abril) a torcida da Inter de Milão lançou sinalizadores em campo um deles acertou o goleiro brasileiro Dida e a partida no Giuseppe Meazza precisou ser interrompida. No dia seguinte, em jogo também válido pela Copa dos Campeões da Europa, a polícia de Turim teve trabalho para conter o ódio histórico de torcedores da Juventus contra os ingleses do Liverpool.
Conheciadas como <i>Ultras</i>, as torcidas organizadas da Itália são poderosas e tem o incentivo dos clubes. "No final da década de 60 surgiram as Ultras com apoio dos dirigentes. Hoje, eles são reféns da torcida", explica o jornalista esportivo Cláudio Carsughi.
Nascido na Itália, Carsughi vê interesse do Governo em não ter uma ação enérgica contra atitude violenta destas torcidas. "É um problema político, não há interesse em acabar com essa situação." Em 2001, houve um projeto, que embora não fosse tão severo em relação as punições, não foi aceito na Câmara. "O Governo não quer criar caso com os clubes e com as torcidas", diz o comentarista da rádio Jovem Pan AM.
Todo esse receio por parte dos governantes acontece pela forte influência política das torcidas, que tem claras suas posições. A torcida da Lazio, por exemplo, demonstra ser de extrema-direita, além de evidenciar uma tendência nazista. E ao mesmo tempo, esta indisposição para mudanças serve para diluir as manifestações de caráter político ou social por parte da população contra o Estado. Segundo Carsughi, "Os estádios tornaram-se uma válvula de escape", onde as frustrações e ódio individuais são liberados através da grande massa de gente.
Cada vez mais, na Itália, as famílias afastam-se do futebol e assistem os jogos pela televisão. O policiamento em torno dos estádios já está preparado para manifestações e conflitos. E o Governo italiano? Provavelmente criará algumas medidas de prevenção ao vandalismo, mas não tomará uma atitude definitiva para banir a violência dos estádios.
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