Volta e meia ouvimos em papos no trabalho, entre amigos ou mesmo familiares, sempre em discussões sobre futebol, o quão vibrante e mais festivo era o ‘torcedor de antigamente’, e que as festas nos estádios eram muito mais bonitas do que as feitas atualmente no Brasil. Nostalgias à parte, as proibições diversas, desde o veto das bandeiras com mastro até as novas regras das modernas arenas, fizeram com que o esporte mais popular do país perdesse um pouco da sua essência, além é claro do comportamento de alguns torcedores, que, de uma forma negativa, fez com que o cenário só piorasse.
Com diversos empecilhos, há poucas formas de se tentar resgatar pelo menos uma parte daquele ‘velho torcedor’: se adaptando ao cenário atual e aprendendo com fãs de outros esportes, como os do futebol americano, por exemplo. Assim como aconteceu no futebol brasileiro, a NFL passou por diversas mudanças, mas o esporte nos Estados Unidos só cresceu com essas modificações.
O que os torcedores da NFL podem nos ensinar de positivo?
Show nas arquibancadas
Na NFL, assim como no futebol brasileiro, é proibido o uso de bandeiras com mastros, utilizada apenas pelos jogadores e em momentos esporádicos, como fazem alguns atletas do Seattle Seahawks, por exemplo, ao entrar em CenturyLink Field. Com esse veto, coube aos fãs do futebol americano improvisarem. Como quase todas as partidas da temporada estão com seus estádios cheio, é muito fácil encontrar aquele torcedor mais criativo.
Até mesmo no momento de conflito entre os rivais, que existe em quase todos os esportes, a sátira prevalece. Como não há uma divisão obrigatória entre torcedores, fãs de equipes diferentes ocupam espaços próximos nos estádios da NFL. Em uma partida disputada na temporada atual, uma torcedora do Cincinatti Bengals ficou na saudade ao tentar pegar uma bola de um dos jogadores do seu time logo após ele marcar um touchdown. Irritado com a pontuação, um senhor torcedor do New Orleans Saints roubou a bola das mãos da moça (relembre abaixo). O fato foi isolado, mas também mostra que nada por lá é perfeito, mas que até em casos como esse é possível se tirar algo positivo.
Os mais barulhentos
Não é apenas do clima amistoso que vivem as torcidas da NFL. Os fãs do futebol americano são bem intimidadores e barulhentos quando necessário. A torcida do Kansas City Chiefs, por exemplo, é atualmente a mais barulhenta do mundo em todos os esportes. Durante a vitória da equipe contra o New England Patriots, em um dos Monday Night Football da atual temporada regular, os 75 mil torcedores que lotaram o Arrowhead Stadium atingiram um barulho de quase 143 decibéis, superando o recorde que pertencia aos torcedores do Seattle Seahawks e entrando no Guiness Book.
E os mais engraçados também
Os torcedores do Seattle Seahawks perderam o posto de mais barulhentos do mundo, mas não o espírito esportivo. Desafiados pela própria NFL a assistir o jogo final da Conferência Nacional, contra o San Francisco 49ers, em silêncio, dez fãs do atual campeão do Super Bowl aceitaram o desafio, mas o resultado não foi o esperado (assista no vídeo abaixo).
Torcedores salvam ídolos
Na atual temporada tivemos outro exemplo de como os torcedores do futebol americano são mais do que torcedores. Os fãs do Buffalo Bills fizeram uma vaquinha virtual, liderados por Frank Croisdale, para ajudar Darryl Talley, ídolo da franquia nas décadas de 1980 e 1990, que teve uma forte depressão e sofre até hoje com problemas de saúde em razão das pancadas que recebeu na cabeça ao longo dos mais de 14 anos de carreira.
O lado de fora
Quem nunca comeu um lanche de pernil ou um cachorro-quente na porta de um estádio antes de um clássico? Pois bem, o tradicional lanche pré e pós-jogo foi extinto de algumas arenas no futebol brasileiro, deixando mais um vazio no histórico do torcedor nostálgico do futebol. Nos Estados Unidos, um ritual foi criado e as tradições culinárias mantidas antes das partidas da NFL, com cada fã levando sua própria comida de casa e se alimentando nos arredores dos estádios.
Não importa o time, a franquia, a cidade e nem mesmo o local do jogo. Em todos os lugares onde se tem uma partida do futebol americano, há lanches, guloseimas, aperitivos, churrascos e comidas tradicionais, rápidas e de consumo rápido para os torcedores.
Fantasias aos montes dentro dos estádios, um contato muito mais próximo dos jogadores com o seu torcedor, festas em conjunto antes das partidas e integração entre fãs de franquias distintas também fazem parte dos pontos que podemos pegar como exemplo na NFL. É claro que, por questões culturais e de legislação, nada pode ser copiado à risca, mas muita coisa pode servir como ponte-pé inicial para uma mudança positiva.
Resumindo: há um ódio eterno ao futebol moderno por parte dos mais saudosistas. Há também, contudo, algumas vertentes e saídas viáveis para que o torcedor possa se acostumar com a evolução e a modernização do esporte, se enquadrando assim às novas exigências e tentando aproveitar o máximo possível daquilo que lhe é oferecido atualmente, sem esquecer suas raízes, é claro.