<b>Como você começou a jogar vôlei e em que ano?</b>

<b>Giovane:</b> Tinha 12 anos, era um garoto e fazia judô. Minha irmã, Giseli, que atualmente joga vôlei de praia aqui no Brasil, jogava vôlei de quadra e toda a família torcida muito por ela. De tanto acompanhá-la em treinos e partidas, de vê-la falando e em quadra, acabei me interessando e resolvi experimentar. Me apaixonei pelo vôlei e, de lá para cá, não parei mais. E isso já faz mais de 20 anos…

<b>Sabemos que os esportistas brasileiros não têm muita chance de estudar. E no seu caso? Vc fez faculdade? Pretende fazer?</b>

<b>Giovane:</b> Não consegui por causa do vôlei, era impossível de conciliar. Mas pretendo sim fazer uma faculdade de administração ou de marketing. Ou as duas. Acho que isso só vai ser possível depois que encerrar a carreira, mas quero muito e vou fazer faculdade, é uma coisa que já está nos meus planos.

<b>Quais as expectativas para a olimpíada de Atenas?</b>

<b>Giovane:</b> Quero voltar de Atenas com o bicampeonato olímpico. Temos um grupo muito forte, vencedor, que sabe de suas qualidades e também de seus erros. Mas não somos imbatíveis. O Brasil é uma forte equipe, mas que precisa sempre dar o seu máximo e jogar o seu máximo quando entra em quadra. Seja lá contra quem for. Vejo o vôlei mundial muito equilibrado, sete ou oito podem brigar em igualdade de condições pelo ouro nas Olimpíadas: Brasil, Sérvia e Montenegro, Itália, Estados Unidos, Rússia, Polônia, República Tcheca e França, isso sem falar de Cuba e Holanda, que são países de tradição. Está tudo muito nivelado.

<b>Como é ser um dos mais experientes do grupo brasileiro?</b>

<b>Giovane:</b> É uma responsabilidade a mais, uma situação diferente de qualquer outra que já vivi, mas de enorme satisfação. Me sinto mais útil, não apenas dentro de quadra, jogando, treinando, mas também fora, dando exemplos, servindo de conselheiro e tentando passar um pouco da minha experiência em diversas situações.

<b>Como você faz para se manter no mesmo nível técnico depois de tantos anos e ainda se destacar no meio de tantos talentos jovens?</b>

<b>Giovane:</b> Treino, muito treino, dedicação e a consciência de que, por não ser mais um garoto, preciso me cuidar mais e fazer um trabalho mais bem pensado. Preciso respeitar o meu corpo, mas sem prejudicar meu treino e minha participação dentro da Seleção.

<b>Qual a diferença da seleção brasileira medalha de ouro em Barcelona e a atual?</b>

<b>Giovane:</b> São grupos bem diferentes. Mas isso falo no que diz respeito ao estilo, às características de jogo. Em termos de talentos individuais não há como negar que as duas equipes eram muito fortes, muito dedicadas e muito equilibradas, talvez o atual grupo seja um pouco mais homogêneo do que aquele de 92. Ambos os times tinham um padrão de jogo excelente, um alto nível de jogo… A equipe de 92 tem uma medalha de ouro olímpica, a maior diferença realmente é essa. Tomara que em setembro já não haja mais diferenças entre as duas.

<b>Comente sobre o favoristismo da atual seleção em relação à Olimpíada? Isso pode atrapalhar?</b>

<b>Giovane:</b> Esse clima de euforia fica do lado de fora da quadra, é uma coisa mais da torcida mesmo, do incentivo e da confiança que o brasileiro tem na gente. Para nós, isso é mais uma forma de cobrança, é uma responsabilidade imensa. Temos a consciência da força do nosso grupo, das qualidades e dos defeitos, do que podemos e precisamos fazer. O vôlei mundial está muito nivelado e, quem erra, fica pelo caminho. Mais do que um excelente preparo físico, precisamos ter equilíbrio psicológico para alcançar nossos objetivos.

<b>Em termos físicos e táticos, como o vôlei evoluiu desde que você começou a jogar?</b>

<b>Giovane:</b> Mudou muito, evoluiu muito. Na parte física então, nem se fala. A preparação física é uma coisa fundamental, os tipos de trabalhos, muitas vezes direcionados, até personalizados, a preocupação com o corpo e com os limites que o atleta pode alcançar. A preparação física ajudou e deu condições aos atletas terem uma carreira mais longa. Na parte tática, a introdução da eletrônica foi uma evolução enorme, as regras mudaram e fizeram com que o esporte mudasse muito também, fez com que o vôlei ficasse um esporte mais de força do que simplesmente de técnica, mudou bastante coisa.

<b>Até quantos anos você pretende jogar?</b>

<b>Giovane:</b> Até quando tiver prazer, alegria de jogar e meu corpo deixar. Mas quero jogar pelo menos mais uns dois ou três anos.

<b>Qual sua comida predileta?</b>

<b>Giovane:</b> Frango com quiabo.

<b>O que gosta de fazer nas horas vagas?</b>

<b>Giovane:</b> Descansar com minha esposa, brincar com meus filhos… Sou um cara tranqüilo, caseiro, e, como temos um calendário muito puxado, muito desgastante, os momentos de folga são para lazer mesmo.

<b>Quais os músculos mais exigidos no vôlei?</b>

<b>Giovane:</b> Todos. Acho que não apenas os braços, como pode parecer, mas também os músculos do tronco, as pernas, por conta da base e da impulsão, da movimentação… O vôlei é um esporte que exige muito do corpo e, principalmente, da cabeça.

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Uma super entrevista com Giovane