O ugandense Stephen Kiprotich frustrou neste domingo o que poderia ser uma festa queniana na maratona dos Jogos de Londres ao vencer a prova e conquistar a segunda medalha de ouro da história de seu país na história das Olimpíadas.

Com um ataque espetacular aos favoritos Wilson Kiprotich e Abel Kirui com 37km de prova, Kiprotich garantiu a honra de subir ao lugar mais alto do pódio na única cerimônia de entrega de medalhas feita no encerramento dos Jogos.

O ugandense cruzou a linha de chegada com um tempo de 2h08min01s, seguido por Kirui (2h08min27) e Wilson Kiprotich (2h09min37), que pretendiam homenagear o campeão olímpico em Pequim 2008, o também queniano Sammy Wanjiru, morto em 2011 aos 24 anos.

Wanjiru continua a ser, portanto, o único queniano que ganhou o ouro olímpico em uma modalidade dominada com cada vez mais intensidade pela potência africana do atletismo.

Os brasileiros tiveram um ótimo desempenho na prova de hoje, mesmo não tendo conseguido um lugar no pódio. Marílson Gomes dos Santos foi ultrapassado na reta final pelo americano Meb Keflezighi, mas ficou em uma honrosa quinta posição (2h11min10s). Paulo Roberto de Paula chegou em oitavo (2h12min17s), e Franck Caldeira, que liderou parte da corrida, terminou em 13º (2h13min35s).

A maratona olímpica, que teve largada às 11h locais no centro de Londres com temperatura de 27 graus, umidade relativa do ar de 45% e 105 competidores, apresentava uma batalha entre as tradicionais forças Quênia e Etiópia, detentoras das 29 melhores marcas do mundo de 2012.

Na passagem pelo quilômetro 5, os quenianos marcavam o ritmo com Wilson Kiprotich, que em abril deste ano venceu a Maratona de Londres com o tempo de 2h04min44s, segunda melhor marca de 2012. Próximo a ele estava Abel Kirui, campeão mundial em 2009 e 2011 e que foi o sexto colocado na prova de abril em Londres.

O etíope Ayele Abshero, de 21 anos, que em janeiro teve uma brilhante estreia na distância em Dubai, com 2h04min23s, estava no segundo pelotão nesta parte da corrida.

No nono quilômetro, Franck Caldeira tentou escapar e abriu vantagem sobre o pelotão a seguir. Passou pelo décimo quilômetro na liderança, com 30min38s, oito segundos à frente dos favoritos. No entanto, os quenianos reagiram, e Wilson Kiprotich o ultrapassou no quilômetro 12.

Ao longo de 15 quilômetros, a corrida que encerrava o atletismo nos Jogos de Londres dava a impressão de que se transformaria em uma disputa entre Wilson e seus perseguidores. Oito segundos atrás, no grupo dos sete corredores mais próximos estavam Abel Kirui, os etíopes Feleke e Abshero, Stephen Kiprotich, o brasileiro Marilson dos Santos, o eritreu Yared Asmeron e o sul-africano Stephen Mokoka.

Kiprotich cobriu a meia maratona em 1h03min15s, em ritmo de recorde olímpico, e, apesar de ter perdido segundos preciosos ao pegar água, sua vantagem aumentava lentamente, chegando a 16 segundos.

No quilômetro 23, por volta do meio-dia local, o grupo perseguidor tinha se reduzido a três competidores: Abshero, Kirui e o Kiprotich ugandense. E no quilômetro 27, o líder foi alcançado por Kirui e o “outro” Kiprotich.

Os três passaram pelo 30º quilômetro em 1h30min15s, em harmonia. Abshero e Marílson vinham em quinto e sexto, a 36 e 40 segundos, respectivamente. Mas o pacto de não agressão foi quebrado no quilômetro 35, “o muro” no jargão do maratona.

Os dois quenianos, por iniciativa de Wilson, resolveram expulsar o “intruso” Kiprotich para disputar o ouro entre eles, mas o ugandense, que chegou a ver a distância para os líder aumentar em um primeiro momento, não só voltou a se aproximar, como deu uma bela arrancada no quilômetro 37 e assumiu a ponta para não perdê-la mais.

A maratona olímpica, que teve como primeiro vencedor, em 1896, o grego Spiridon Louis, retornava ao local onde, nos Jogos de 1908, adquiriu sua estranha distância oficial (42.195 metros). E desta vez, próximo ao Palácio de Buckingham, para coroar um ugandense como rei da prova mais tradicional das Olimpíadas.


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Ugandense conquista ouro na maratona; brasileiros ficam entre os 15 melhores

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