A Uefa aprovou nesta sexta-feira (24) que o território de Gibraltar dispute as próximas Eliminatórias da Euro 2016. Fato este que desagradou bastante ao seu vizinho, a Espanha, que reivindica o território da península continental governado pela Grã-Bretanha.
Segundo notícia do jornal americano The New York Times dessa quarta-feira (22), a Federação Espanhola já havia – antes da supracitada decisão – ameaçado retirar seus clubes das competições do continente, o que limaria o direito de seus principais times – Real Madrid e Barcelona – de jogarem a Liga dos Campeões, por exemplo.
Gibraltar luta desde 1997 pelo reconhecimento da entidade europeia para poder disputar jogos oficiais. Até hoje, jogou três partidas, tendo vencido as Ilhas Faroe (membro da Uefa e da Fifa) por 3 a 0 e San Marino (7 a 5), a pior seleção do ranking europeu.
“Ao vencer San Marino, provamos que pelo menos estamos no nível deles. Eles têm jogado há oito, 10 anos e nunca obtiveram uma vitória. Nós jogamos três jogos”, disse Roy Chipolina, capitão da seleção gibraltina.
“Quando eu penso, vejo que há um propósito. Mostrar à Europa e ao mundo que o que a Espanha estava dizendo – que queríamos apenas nos juntar à Uefa por razões políticas, e que não tínhamos nenhuma qualidade – era um monte de besteira”, contou Allen Bula, técnico do time.
Já para José Maria Carrascal, autor do livro A Batalha de Gibraltar (em tradução livre), a questão é diferente.
“Para a geração mais velha é uma grande questão, e para a mais jovem, sinto que eles estão descobrindo somente agora que temos uma colônia em nosso solo”, lembrou Carrascal.
Em dezembro passado já havia sido levantada a questão da autonomia futebolística do território que fica ao sul da Espanha, e o governo do país ibérico emitiu um comunicado reiterando que não tratará com flexibilidade a questão.
“O governo (espanhol) continuará se opondo por todos os meios legais à admissão da Associação de Futebol de Gibraltar como um membro da Uefa. O governo continuará se opondo e segurando competições entre os times oficiais da Espanha e combinados esportivos da colônia de Gibraltar”, relatou o comunicado.
Nada que faça temer Bula. Apontando um mapa, mostrou não temer os atuais detentores dos maiores títulos do mundo do futebol: “A partir dali, temos os campeões mundiais e europeus”, disse, apontando a fronteira, continuando: “Eu jogaria contra eles qualquer dia, qualquer hora, em qualquer lugar, de qualquer forma”.
Gibraltar tem uma população de 30 mil pessoas e foi cedida à Grã-Bretanha pelo Tratado de Utrecht de 1713. Porém, a Espanha não concorda com a legalidade dos documentos e, desde então, os espanhóis fizeram dois grandes cercos contra Gibraltar, sem sucesso. Os britânicos criaram lá uma base naval, dando controle estratégico do Mar Mediterrâneo, no estreito que é a região mais próxima do continente europeu do africano.