“Em todos estes anos de futebol, foi uma das coisas mais interessantes que vi. A conversa dessa garotada é diferente. Eles são muito engraçados. E ousados”.
Assim o lendário Márcio Canuto definiu a Copa Trifon Ivanov nessa entrevista. Responsável por dar o pontapé inicial da primeira edição do evento, dessa vez o repórter mais carisma da Globo não estava presente, mas o espírito de folia que Canuto representa rondava o Playball Pompeia, em São Paulo. Idealizado por amigos de Twitter fãs de futebol underground, o torneio cresceu na sua segunda edição, reunindo 20 times (16 masculinos e quatro femininos), com oito esforçados atletas em cada equipe.
O futebol, no entanto, é obviamente uma desculpa para um grande encontro entre amigos dispostos a aprontar muito, pessoas que se conhecem somente pela internet ou ainda não se conhecem e vão plantar ali a semente de uma grande amizade. Além de ser uma desculpa para comer churrasco e beber cerveja. Como alguém disse: uma boa ideia é na próxima edição levar um caderninho para anotar todas as arrobas de Twitter das pessoas legais que você conhecer no evento.
Em muitos casos – como foi o meu – os integrantes dos times se conhecem na hora e ali tentam armar algum esquema tático para conquistar as vitórias. E aí está a graça do evento. Não há panelas, nada disso. Todas as equipes são montadas por meio de sorteio. Portanto, uma vez lá dentro, você vai ter que cornetar amigos (de longa data ou recém-conhecidos) e aguentar os xingamentos da torcida (que parece estar sempre contra os dois times em campo). Tudo, obviamente, dentro do bom senso. E se o sujeito que quer jogar para buscar treta, é melhor “ficar em sua residência”, como diz o próprio guia do evento.
Na Copa Trifon Ivanov não há lugar para “complicadinhos”. O único ponto contra do regulamento é a proibição do uso de sunga no torneio – ainda mais com o calor senegalês que faz em fevereiro no país tropical.
Dentro de campo, o meu time deu o exemplo de dignidade no torneio. “O lê lê, o lá lá, o bonde vem aí e o chinelo vai andar”. Com este animado grito de guerra, o Deportes Imigrantes (o capitão Pedro Spiacci escreveu sobre a nossa trajetória aqui) entrou em campo antes de todas as suas partidas da Copa. Carregando o bandeirão com os dizeres “Bonde do Chinelão” (uma homenagem aos chinelos personalizados que ganhamos da amiga Dri Santtos) e provocando a torcida adversária, o time levantou o troféu carisma do campeonato. Como os heróis do filme Jamaica Abaixo de Zero, nosso objetivo era levar ousadia e alegria para o evento, coisa que fizemos com maestria.
Empatamos uma, duas, perdemos outra, e fomos parar na Taça Fluminense (segunda divisão da Copa), enquanto os melhores colocados disputavam a Taça Portuguesa (primeira divisão). Celebramos as pequenas vitórias, uma na disputa por pênaltis e outra que valia o terceiro lugar do torneio, como se fossem títulos, única maneira digna de comemorar os feitos, e saímos todos com sorriso na cara e a sensação de ter compreendido o espírito da Copa. Já ansiosos para cornetar os amigos, conhecer novas pessoas e celebrar na próxima edição. Certamente ainda mais interessante, engraçada e ousada, como brilhantemente descreveu o nosso amigo Márcio Canuto.
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