Um dos torcedores mais populares e fanáticos do Cruzeiro, o tecladista Henrique Portugal, da banda Skank, resolveu organizar os gritos de apoio das arquibancadas e transferi-los para as páginas de um livro em homenagem a conquista do Brasileirão de 2013. Em parceria com o jornalista Bruno Matheus, editor da revista oficial do clube mineiro, o músico lançou a obra Cruzeiro Tricampeão Brasileiro e contou, em conversa com o Virgula Esporte, detalhes de como tudo começou .
“Houve um convite do Cruzeiro, no ano passado, para realizar esse projeto. Como eu não sou um cronista esportivo, foi estudado a parceria com o Bruno Mateus, que escreve para a revista oficial do clube. Foi unir a fome com a vontade de comer. A campanha avassaladora do time em 2013 também ajudou muito na organização e tínhamos pensado até mesmo em começar a vender no Natal. Porém, o planejamento foi alterado e mudamos para o início desta temporada”, disse o tecladista.
Dividindo seu tempo entre as turnês com o Skank e as idas ao Mineirão, Henrique Portugal, que também possui uma coluna semanal no jornal o Estado de Minas, tentou comparar seu amor entre futebol e música.
“Vou falar uma coisa pra você, o futebol é um praga, cara. Não tem como você viver sem ele aqui no Brasil. É acordar e, antes de saber como o tempo está lá fora, alguém brinca ou vibra com você. Meu caseiro é cruzeirense e basta o time tropeçar pra ele me olhar e lamentar. A música é assim também, mas a intensidade é menor. Um exemplo claro disso foi no jogo da Libertadores, quando o Cruzeiro empatou com o Defensor. Eu e o Samuel (Rosa) deixamos o Mineirão e parecia que tínhamos tomado uma surra. Sabe, parece que você entra em campo também quando vai ao estádio. Futebol é muito diferente de tudo”, explicou o músico.
Henrique Portugal, contudo, lamenta o momento atual vivido pelo esporte no Brasil e aponta um ‘culpado’ pelo futebol esvaziado que vivendo hoje em dia em boa parte das arquibancadas brasileiras.
“Eu acho que o entretenimento em geral deu uma esvaziada. Podemos entrar no lado político ao falar disso, mesmo eu não gostando mundo. Antigamente os estádios eram os únicos lugares em que tínhamos liberdade de nos expressar ao extremo. Podíamos xingar, idolatrar e tudo mais. Hoje em dia as coisas mudaram muito. Os ingressos estão muito caros e o nosso futebol está passando por um período de transformação, ao estilo europeu. Estamos no meio desse processo, por isso acho que tivemos essa queda. Temos ingressos caros e acesso caro aos jogos via TV a cabo. Na Europa é diferente, pra você ir ao estádio é um programa caro, mas o contato com os jogos em casa é mais facilitado. Temos um jeito diferente de ver o esporte do que nos Estados Unidos e na Europa. Repetir esse modelo, talvez, não seja a melhor solução agora. Eu acho um erro, mas eles já iniciaram isso”, afirmou.
Copa do Mundo de 2014
Sobre a Copa do Mundo ser disputada no Brasil, o tecladista do Skank foge da opinião da maioria, defende o secretário-geral da Fifa e lamenta pelo país não ter aproveitado de uma forma melhor a escolha feita em 2007.
“Passamos por um grande problema atualmente, que vai desde falta de organização, passando pela crise energética e até planejamento do país. A história da Copa passa pela situação do Brasil. Todos os brasileiros têm raiva do Jérôme Valcke, mas ele é o único que não esconde a verdade. A Copa era uma excelente oportunidade para melhorarmos nossas estruturas, tanto das cidades como as dos estádios. Porém, só vimos a evolução das áreas”, finalizou.
Melhor time do Campeonato Brasileiro de 2013, o Cruzeiro vive uma semana complicada na Libertadores. Com apenas quatro pontos conquistados em quatro jogos, a equipe mineira visita o Universidad do Chile nesta quinta-feira (03), às 20h45 (horário de Brasília), precisando da vitória para não deixar a competição de forma precoce.