O Manchester United realizou o “sonho impossível” escrito em uma faixa colocada na arquibancada do estádio Old Trafford, bateu nesta quarta-feira (19) o Olympiacos por 3 a 0 e deu grande passo para salvar a temporada, garantindo vaga nas quartas de final da Liga dos Campeões da Europa.
Vivendo fase ruim, o United tinha contabilizado 11 partidas perdidas em 40 disputadas. Na temporada, caiu na Copa da Inglaterra para o Swansea, na Copa da Liga Inglesa para o Sunderland, sofreu derrotas em quase todos os grandes jogos no Campeonato Inglês, inclusive sendo batido pelo Manchester City por 4 a 1.
O time grego, campeão nacional no último fim de semana, até sonhava em ser outro vilão na vida dos Diabos Vermelhos, após terem vencido o duelo de ida por 2 a 0. Só não contavam com a atuação inspirada do atacante holandês Robin Van Persie, que marcou três vezes e colocou sua equipe entre as oito melhores da Europa.
Agora, o Manchester United espera o sorteio das quartas de final, que acontecerá na manhã desta sexta-feira (21), na cidade suíça de Nyon. A equipe conhecerá seu adversário, que sairá entre Atlético de Madrid, Barcelona, Bayern de Munique, Borussia Dortmund, Chelsea, Paris Saint-Germain e Real Madrid.
A conquista do título da Liga dos Campeões deverá ser a única chance para o time inglês conseguir vaga na próxima edição da competição. Apenas sétimo colocado no campeonato nacional, o United tem 48 pontos e está 12 atrás da fronteira com o G-4 do Inglês.
Nas escalações para o jogo, o técnico David Moyes, precisando de gols, optou por uma formação altamente ofensiva, com linha de meio formada por Valencia, Carrick, Giggs e Welbeck para municiar Rooney e Van Persie. Na lateral direita, Rafael atuou na vaga do lesionado Jonny Evans.
O Olympiacos, por sua vez, apostou em Joel Campbell atuando isolado como atacante, já que Michael Olaitan está contundido. Com isso, o experiente meia espanhol David Fuster ganhou vaga no meio. Lá atrás, o originalmente volante Leandro Salino, ex-Flamengo e Ipatinga, foi escalado novamente como lateral direito.
Na arquibancada do lendário estádio, uma faixa colocada por uma torcida organizada do United relembra o período mais importante da história do clube, os mais de 25 anos de gestão do técnico escocês Alex Ferguson, antecessor de Moyes. As glórias são chamadas de “The Impossible Dream” (“O sonho impossível”, em português), nada mais propício para a noite de hoje.
Com bola rolando, o time grego surpreendeu, mostrando postura atrevida, tentando superar os donos da casa no contra-ataque. Em lances rápidos, que quase sempre terminavam com bola alçada na área, o Olympiacos, no entanto, não conseguiu concluir as jogadas.
Enquanto isso, o jogo ficava truncado, e o árbitro holandês Björn Kuipers foi obrigado a distribuir três cartões amarelos em 10 minutos, para Manolas, Domínguez e Carrick.
Aos poucos, o Manchester já se mostrava mais atuante, mantendo a bola por mais tempo no campo de ataque, só que, aos 15, quem assustou foi o time visitante, com o meia Pérez, que recebeu na grande área e finalizou por cima do gol defendido por De Gea.
Dois minutos depois do lance, os Diabos Vermelhos chegaram pela primeira vez com perigo – no caso, extremo perigo – para o Olympiacos. Após cruzamento de Giggs, Rooney subiu para testar com força a bola, que explodiu na trave.
O lance foi o combustível que o time de David Moyes precisava para intensificar sua pressão. Aos 23 minutos, em lance polêmico, a arbitragem marcou pênalti de Holebas em Van Persie, após bola dividida no alto. O holandês foi para cobrança com confiança, bateu à esquerda de Roberto e abriu o placar.
Ainda em vantagem, o Olympiacos seguiu mostrando determinação, apesar do pesado golpe. Aos 27, Maniatis disparou e centrou da direita uma bola cheia de veneno. Carrick se jogou e evitou que o goleiro De Gea fosse surpreendido.
A resposta do Manchester United veio aos 34 minutos do primeiro tempo. Da direita ofensiva, Van Persie cobrou escanteio na direção de Evra, que acertou bela cabeçada, não mais bonita que a defesa do espanhol Roberto, que voou para espalmar a bola que entraria no seu ângulo esquerdo.
Outro goleiro do país campeão do mundo resolveu mostrar qualidade aos 39 minutos. Após cabeçada de Campbell na área, De Gea defendeu com as pernas. No rebote, a bola sobrou para Fuster, que fuzilou o número 1 do United. Muito ágil, o jogador revelado pelo Atlético de Madrid pegou outra.
A atuação do espanhol deu mais gás aos Diabos Vermelhos, que marcaram novamente aos 46 minutos do primeiro tempo, outra vez com Van Persie, que escorou para dentro bola cruzada por Rooney, em jogada iniciada com lançamento espetacular de Giggs.
Para a segunda etapa, os times voltaram iguais. Van Persie também. Aos 6 minutos, após falta de Manolas em Welbeck, o holandês foi para a bola e, com extrema precisão, acertou o canto direito de Roberto, que, imóvel, viu suas redes estufarem.
Como acontecera nos dois gols anteriores, o Olympiacos não se entregou, e menos de cinco minutos depois de sofrer o terceiro, tentou responder, primeiro com Domínguez cobrando falta que ainda desviou na barreira e quase enganou De Gea, e depois com N’Dinga, em chute para fora.
Aos 20 minutos da segunda etapa, Leandro Salino foi lançado na extrema direita, arrancou, se livrou da marcação de Valencia e cruzou para Fuster que, bem marcado, bateu travado, para tranquila defesa de De Gea.
O Manchester ficou muito perto de selar a classificação aos 35 minutos, quando Van Persie, sempre ele, foi acionado na área e só rolou para Welbeck. O atacante inglês se embolou com a bola quase em cima da linha e não marcou. A arbitragem, no entanto, já havia marcado posição de impedimento do holandês.
Na sequência, foi a vez de o Olympiacos quase marcar e jogar um balde de água fria na festa inglesa. O meia Domínguez recebeu sozinho na área e fuzilou, parando em ótima defesa de De Gea. No finzinho, Holebas teve boa chance, mas Carrick impediu a finalização do grego.
Aos 45 minutos do segundo tempo, Van Persie, que só tinha marcado um gol na atual edição da Champions, deixou o campo contundido e ovacionado pela torcida, após entrar em uma dividida. No lugar do holandês, entrou em campo o belga Fellaini. Depois disso, o Manchester United continuou se segurando para garantir que o torcedor não mais acordasse do sonho realizado em Old Trafford.
