<br>Cada vez mais constata-se que a seleção brasileira já não é tão brasileira assim. Pelo menos no que diz respeito ao pouco número de mandos de jogos por aqui e nas convocações dos jogadores, quase todos do exterior. Enquanto seleções, como a Argentina, vivem lotando seus estádios e continuam apaixonando seus torcedores, mesmo com simples amistosos, a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) opta sempre por realizar partidas em outros países, longe da torcida, e quase nunca com atletas de clubes nacionais.

"Antigamente, eu cheguei a ir em muitos jogos da seleção. Lembro que, recentemente, houve a partida das eliminatórias da Copa contra o Uruguai, mas não consigo me lembrar quando foi o último amistoso disputado no Brasil", declarou Inácio Turin, aposentado, e fanático por futebol e pela seleção como tantos outros brasileiros. Assim como "Seu Inácio", como é conhecido, muitos outros torcedores não fazem nem idéia de quando o Brasil desfilou a amarelinha pela última vez em uma partida amistosa, aqui, em território brasileiro.

O <b>VirgulaEsporte</b> ajuda o "Seu Inácio" a recordar. O último jogo foi a vitória de 1 a 0 sobre a ex-Iugoslávia, gol de Luizão, em 27 de março de 2002, antes do embarque para a Copa da Coréia do Sul e do Japão. Ou seja, faz mais de seis anos que o brasileiro não tem a oportunidade de ver a sua seleção em campo.

"Sinceramente, não sei dizer o porquê do Brasil não jogar mais aqui no país, mas acredito que isso deve ser coisa da CBF", sugeriu o cobrador de ônibus Luiz Renato, de 26 anos. "Eu mesmo, não tive conhecimento de nenhum jogo que eu pudesse ir assistir", lamentou.

Luiz Renato está certo. A maior entidade do futebol brasileiro tem a obrigação de seguir contratos, como por exemplo, o da Ambev, patriocinadora da seleção. A empresa de bebidas tem o direito de solicitar um amistoso por ano, todos eles no exterior, onde a CBF consegue angariar mais dinheiro com a passagem do time canarinho. Nos últimos anos, ingleses, suecos, americanos e árabes, entre outros, conseguiram ver de perto nossas estrelas, enquanto nós os acompanhamos apenas pela televisão.

<b>CONVOCAÇÃO SÓ ATRAPALHA</b>
Anos atrás, a convocação de um jogador para defender a seleção era motivo de festa para um clube e seus torcedores. Hoje, muitos apaixonados pelos times brasileiros preferem que seus atletas não vistam a tradicional amarelinha. "Sou corintiano e, imagina só, se o Dunga convoca o André Santos para esses próximos jogos?", questionou "Seu Inácio", fazendo referência ao lateral-esquerdo do Corinthians, destaque na temporada.

Essa é uma questão em que dirigentes e torcedores sempre irão divergir. Enquanto o torcedor, tomado de emoção e esperando sempre o melhor para o seu clube, prefere que o jogador não seja convocado, os cartolas discordam por um simples motivo: visibilidade.

"Antes, era uma honra vestir a camisa amarela do Brasil e isso era comemorado pela torcida e pelas equipes. Hoje, no futebol movido pelo empresariado, os clubes não comemoram mais o reconhecimento de seus atletas, mas, sim, a valorização que ele receberá, gerando lucro aos seus cofres", comentou o experiente Carlos Alberto Silva, treinador que atualmente reside em Belo Horizonte (MG).

Belo Horizonte receberá no próximo dia 18 a partida entre Brasil e Argentina, válida pelas eliminatórias da Copa do Mundo. " Aqui, a cidade está muito movimentada em virtude deste jogo, mas só porque é partida das eliminatórias. A seleção jogando na Arábia, na Europa ou em qualquer outro lugar que não aqui, próximo de seu torcedor, está banalizada", afirmou. "E nenhum trabalho é feito para resgatar a paixão e a proximidade do brasileiro", lamentou.

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