Em entrevista exclusiva ao Portal Virgula, o presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis de São Paulo (ABIH) e diretor executivo da Guest Hotelaria, Maurício Bernardino, mostrou toda a sua indignação com uma possível exclusão da cidade de São Paulo do roteiro da Copa do Mundo de 2014, que acontecerá no Brasil.
“Só posso dizer que sem hotéis não há turismo e sem São Paulo a Copa é impossível. Teremos uma Copa no Mundo no Brasil, e São Paulo pode não estar presente. Isso é irreal. Existe todo um jogo político da CBF, mais precisamente do presidente Ricardo Teixeira, com o Comitê do nosso Estado. Eu concordo que o Governo não pode investir tudo esse dinheiro em um evento só, mas não podemos deixar passar isso em branco. Fica o Ricardo Teixeira querendo uma coisa e a Fifa outra. Mas nós, cidadãos de São Paulo, não fomos chamados pra opinar”, disse.
Questionado sobre o estrago que a não presença de São Paulo causaria a rede hoteleira, Bernardinho foi direto em sua resposta. “Não consigo dimensionar o prejuízo. Já tentei e não consegui. É só começar a pensar que temos uma estimativa de receber 500 mil turistas, além da movimentação interna de 300 mil pessoas durante o Mundial. Isso sem contar com a Copa das Confederações, em 2013, e o Congresso da Fifa, em 2014. Além disso, temos a imprensa nacional e internacional, que chega a ter mais de 20 mil pessoas. Dá pra imaginar o prejuízo? Temos que pensar também no legado a Copa do Mundo proporcionará a cidade. Não falo em dinheiro, mas sim em upgrade geral”.
O presidente da ABIH ainda comparou São Paulo às demais e principais cidades do país, colocando-a a frente de todas. “A primeira diferença da rede hoteleira de São Paulo para as outras é a capacidade de hospedagem. Medimos o hotel por numero de quartos e nisso somos a primeira cidade da América Latina. São 45 mil quartos de hotel voltado pra turismo. A segunda é o Rio e Janeiro, que possui 27 mil, seguido por Buenos Aires com 17. O restante tem menos de 12 mil. Ou seja, tudo será centralizado em São Paulo: Fifa, imprensa e afins. Por exemplo, quem for para Brasília, terá que se hospedar em Goiânia, pois a capital não comporta um numero grande de visitantes”, cutucou.
Outro ponto importante abordado por Maurício foi a reforma e ampliação das redes hoteleiras de todo o país, visando o Mundial de 2014. Mas, segundo ele, não haverá mudanças e investimentos excessivos.
“Ninguém ta fazendo hotel pra Copa do Mundo, pois são investimentos altos. Principalmente uma cidade sede, pois terão só duas ou três semanas de evento no local e isso não é rentável. O que estamos fazendo é planejamento e qualificação pessoal dos funcionários e colaboradores, como por exemplo, com idiomas. Isso já está acontecendo”.
Maurício Bernardino ainda foi enfático ao responder qual seria o principal problema da atual rede hoteleira de São Paulo. “Nenhum (problema). Se a copa fosse hoje, comportaríamos o evento normalmente. E olha que estamos calculado um aumento para 47 ou 48 mil quartos. Só que o importante não é só a quantidade de quarto, mas também o preço. E isso está sendo estudado da melhor forma”.
No final da entrevista, o presidente não titubeou ao dizer o que faria se estivesse, hoje, no lugar do Governador do Estado de São Paulo, Alberto Goldman. “Construir um estádio com o dinheiro público não dá tempo, e também não seria uma medida correta. Não existe essa de ‘Piritubão’, pois isso não se resolve em três anos. Temos o Morumbi, e o Ricardo Teixeira, junto com a Fifa, deveria ceder. O projeto do Morumbi é viável, só que a Fifa não aceita. A cidade não precisa de tudo isso”, finalizou.