O que é ser treinador de futebol hoje em dia? O que é poder comandar um elenco de 20, 30 ou até 40 jogadores e domá-los como se fossem seus filhos? Isso é digno de muita inteligência, persisetência, calma e sabedoria.

Porém o que vemos hoje em dia a respeito disso, são homens tipicamente comandados e desorientados, que sentam em seus bancos, gritam como ogros da pré-história e sequer conseguem entender uma movimentação tática que ocorre dentro dos gramados. Exemplos para isso não faltam, e muitos deles até consagrados, que contam muitos mais com a sorte e a fragilidade do adversário, do que propriamente dita com sua capacidade.

Mas enfim, são outros tempos, outras formas de se analisar o esporte mais belo e perfeito do mundo. E se formos analisar a tal história, apenas um homem, um mito, uma estrela, conseguiu unir a perfeição tática, com a organização técnica, mixada com a sabedoria de um monge do Tibet: Seu nome é Rinus Michels, que hoje deixou o plano Terra para ingressar na constelação mágica dos deuses do futebol.

Rinus Michels, era holandês, tinha lá seus 77 anos e seu coração debilitado nos últimos tempos, levou-o à morte, na manhã de 3 de março de 2005, em um hospital na Bélgica. Sua simpatia, certamente o fez uma figura e tanto, que deixará saudades aos amantes da gorducha, já que em apenas dez míseros anos, conseguiu fazer de um punhado de homens, verdadeiros ícones dos gramados, que como em um balé russo, imitando até a perfeição dos movimentos do Bolshoi , fizeram um time de futebol encantador: a Seleção da Holanda de 1974, bem como o Ajax de 1964-71.

Marcante mesmo foi a seleção holandesa, com sua forte cor laranja nos gramados, que fora apelidada de "Laranja Mecânica", até porque, aquilo era sobrenatural, parecia estar movido com um dom divino, uma máquina futurista, que parou, reinventou o esporte bretão.

Algo como um esquema de futebol total, todos marcavam, todos corriam, todos armavam, sem nenhuma posição definida de cada atleta, com uma zaga rodando a todo instante e ao mesmo tempo pressionando logo na saída de bola adversária como se fosse um furacão divino, que só um deus mesmo poderia fazer. O único estrago que ele provocava era na cabeça dos adversários que não conseguiam sair de dentro dele, e que para os espectadores, não passava de uma orquestra sinfônica futebolística.

Infelizmente, quis Deus parar essa força naquela fatídica final da Copa de 74, em que a belíssima Alemanha acabou vencendo a mágica e a história de Michels. Realmente foi com a derrota, que ele consagrou sua dádiva.

A Alemanha ainda é lembrada, mas nunca com o mesmo louvor da constelação holandesa. Após isso, Rinus ainda treinou outras equipes como Barcelona, Bayer Leverkusen e a Holanda em 88, quando se consagrou campeão Europeu numa geração maravilhosa também, que continha Gullit, Rijkaard, Marco van Basten; e que mesmo assim não chegou ao pés intocáveis da geração de Cryuff, Neeskeens, Rep, Resenbrink e cia.

O futebol fica mais triste, a inspiração tática também. Os treinadores hoje perdem quem talvez fosse o mestre dos mestres. Porém, a história a cada dia mais vai ganhar com o nome de Michels, que felizmente para as gerações futuras, será visto e lembrado como o "Mago da Perfeição Tática do Futebol."


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Saiu da vida para entrar na história...do futebol