Corinthians joga com portões fechados pela Libertadores
A vitória do Corinthians por 2 a 0 sobre o Millonarios, da Colômbia, na noite da última quarta-feira (27), parece mesmo ter sido um mero detalhe do cenário deserto, pacato e tranquilo que se tornou o Estádio Municipal do Pacaembu e seus arredores por conta da punição aplicada pela Conmebol ao time de Parque São Jorge devido à morte do jovem Kevin Espada, de 14 anos, na cidade de Oruro, na Bolívia.
Nossa reportagem resolveu acompanhar a partida do lado de fora e mostrar como um jogo de Libertadores, com toda sua dimensão e atmosfera, sem a presença do torcedor, reflete no cotidiano dos arrebaldes onde foi disputado. As diferenças já foram notadas logo no trajeto até o estádio.
As tradicionais vias de acesso ao local, como as avenidas Pacaembu, Consolação, Rebouças, Doutor Arnaldo e Teodoro Sampaio, não apresentavam o tradicional trânsito e o caminho de nossa reportagem, que na maioria dos jogos tinha duração de 40 a 50 minutos, foi feito em apenas 20. Outro ponto claro que foi notado na tradicional descida pela Rua Major Natanael, que dá acesso à parte de trás do Pacaembu, como tobogã, piscinas e área social, além do não excesso de carros, estava sem os flanelinhas, que fazem do local seu ponto de trabalho em dias de jogos e eventos no estádio.
Ao chegar no Pacaembu, depois de uma vistoria por toda a parte externa do estádio e notar que poucos torcedores se arriscavam a tentar ver a partida por conta do excesso de grades colocados por prevenção da Polícia Militar, podia-se notar que os únicos movimentos na parte interna eram de autoridades e de profissionais da imprensa, principalmente os funcionários das emissoras de TV e rádio.
As saídas de emergência estavam trancadas e os portões designados aos torcedores com deficiência física e visitantes, 20 e 22, respectivamente, e o único local liberado para a entrada dos profissionais que trabalhariam na transmissão do jogo, era o portão 16.
Até mesmo o portão 23, local de acesso da imprensa e dos carros que utilizam do estacionamento do estádio, não tinha o mesmo fluxo dos dias tradicionais. Somente na hora em que os quatro torcedores que conseguiram a liminar chegaram ao local que a movimentação foi intensa.
E o pouco movimento que se tinha nos arredores do Pacaembu sumiu no exato momento em que o árbitro argentino Néstor Pitana deu início a partida, e o silêncio nas redondezas era o mesmo que durou um minuto no gramado do estádio durante a homenagem póstuma a Kevin Espada.
Nada de pessoas, carros e gritaria. Esse era a estranha experiência de se acompanhar um jogo sem torcida de fora do estádio. O que se tinha era um cenário quase que deserto. E assim se perdurou até os nove minutos do primeiro tempo, quando Guerrero abriu o placar. Poucos gritos bem distantes davam sinal de que o Corinthians tinha aberto o placar.
A cena se repetiu com o gol de Pato no segundo tempo. E foi só. O mais estranho da experiência foi não saber o exato momento em que o jogo teve seu fim.