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Zidane pode ser considerado um carrasco brasileiro: eliminou a seleção canarinho por 2 vezes em Copas do Mundo, em 1998 e 2006. Mesmo assim, a sua presença neste domingo, no Clube Paineiras, causou emoção dos amantes do futebol. Zizou, como é conhecido, é uma das figuras mais carismáticas do futebol mundial e provou isso na entrevista coletiva que deu à imprensa.
Simpático, o ex-jogador falou sobre a Copa do Mundo no Brasil, Pelé, Ronaldo, projetos sociais e até sobre fazer cinema. O francês usava uma camisa em homenagem à cidade de São Paulo, mas nem precisava disso para conquistar a admiração de quem estava ali.
<b>Vida pós aposentadoria</b>
Venho fazendo muitas coisas. Eu diria que, por exemplo, só posso realizar estas viagens que venho fazendo por não estar mais atuando. Agora tenho tempo livre. Quando era jogador, também viajei muito, mas sempre pensando na partida. Estou feliz assim e achando que tenho uma vida muito interessante.
<b>A extinção do camisa 10</b>
Hoje em dia a técnica não é mais importante. Os jogadores talentosos aparecem menos. Os ditos "camisas 10" estão desaparecendo em detrimento à tática. Mas acho que sempre haverá jogadores bons, mas não quero apontar ninguém em particular.
<b>Os maiores da história</b>
Colocaria Pelé e Maradona como os dois maiores jogadores da história do futebol. Se eu puder apontar um terceiro, eu diria Di Stéfano. Não me sinto como um deles; tem gente que gosta do Zidane, tem gente que gosta do Cruyff.
<b>Ídolo de infância</b>
Francesco (jogador) foi meu ídolo. Ele jogou em Marselha, onde eu nasci. Assistia muito ele jogar e quando observo as imagens acho que realmente me pareco com ele, gestualmente.
<b>Novos talentos</b>
Sou orgulhoso da minha carreira. Saí de baixo e cheguei em um ponto que me deixa orgulhoso. Hoje em dia, vejo jovens atletas de 18, 19 anos que fazem uma boa partida a cada 3 dias. Eu admiro isso, pois eu não era assim.
<b>O gostinho de bater o Brasil</b>
É especial enfrentar o Brasil. É a maior nação de futebol do planeta. Você entra em campo e quer se superar. Vencer o Brasil é uma coisa muito importante.
<b>A cabeçada em Materazzi</b>
É uma coisa que faz parte da minha vida. Nada mais.
<b>Os projetos sociais</b>
Quando você sai de um lugar menos favorecido, você quer retribuir tudo o que recebeu. É assim que eu me sinto. Hoje em dia, sinto que estou servindo a alguma coisa importante. Faço isso naturalmente, como fiz hoje em São Paulo.
<b>O futsal</b>
Não sei o que falta para o futsal ser visto como esporte olímpico. É um esporte muito popular no Brasil e na Espanha. Na França, não muito. Mas eu considero o fustal uma boa escola e para mim é a melhor opção, porque jogo com poucas chances de me machucar.
<b>Comparação com Pelé e Maradona</b>
Não me considero como eles. Há três jogadores (Pelé, Maradona e Di Stéfano) que acredito que são acima de qualquer um. EU sou feliz pelo que conquistei, os prêmios, os títulos. Mas, por favor, não me perguntem mais sobre isso. (risos)
<b>Voltar para o futebol</b>
De fato, eu recebi propostas dos Estados Unidos. Mas as coisas não aconteceram, minha cabeça hoje em dia já está em outro lugar, faz 2 anos que parei de jogar.
<b>Trabalhar no Real Madrid</b>
Poderia ser uma possibilidade trabalhar no Real Madrid, pois moro na cidade. Mas o meu dia-a-dia não permite que eu me foque em uma coisa só. Quem sabe no futuro? Me agradaria fazer algo no futebol, mas não ser treinador.
<b>Carrasco x Herói</b>
Sei que pode parecer mentira, mas me considero um brasileiro. O Brasil é um exemplo. Dizem que o futebol foi inventado na Inglaterra: pode até ser. Mas quem reinventou o esporte fora vocês, brasileiros. O campo é o campo, o jogo é o jogo. Espero que vocês não me considerem alguém que fez algo de mal.
<b>Time do momento</b>
Para eu sentar e assistir ao jogo, hoje em dia só com o Manchester United ou o Arsenal.
<b>Copa do Mundo 2014</b>
Pretendo vir ao Brasil para assistir. Claro que sim, seria um prazer. Mas acho que o fato da Copa ser realizada aqui vai diminuir bastante as chances das outras seleções (risos).
<b>Os benefícios de se sediar uma Copa</b>
Espero que aqui no Brasil ou na África do Sul (2010), os benefícios sejam perpetuados. Na França, não foi assim. Eu desejo que haja uma continuidade que vá além do futebol. A Copa é só o início, o ponta pé inicial de um projeto que pode melhorar muitas coisas. Que vocês aproveitem mais do que a França, neste sentido.
<b>Participação no cinema</b>
Não pretendo voltar a participar de filmes. É uma boa pergunta, porque participei daquele filme (Asterix e os Jogos Olímpicos) porque havia uma relação com o esporte. E nem foi uma participação grande. Fiquem tranquilos que vocês não me verão mais no cinema (risos).
<b>A volta de Ronaldo</b>
Eu espero que ele volte a jogar, mas concordo que é complicado, já que ele está com 31 anos. Mas a minha expectativa é vê-lo de novo nos campos. Quando ele se contundiu, ele tinha apenas 26 anos e deu a volta por cima. Espero que agora aconteça o mesmo. E só um paranteses: Ronaldo foi, é e sempre será o número 1.