O lateral Roberto Carlos, que no começo deste ano trocou o Corinthians pelo Anzhi Makhachkala revelou em entrevista concedida à rede de televisão “CNN” que deixou o Brasil e assinou com o clube russo por conta da violência no país.
“No Brasil, eu precisava de muitos seguranças ao redor meu para me deslocar. Os torcedores me ameaçavam, e eu queria deixar tudo isso para trás. Então veio a oferta do Anzhi, através de Suleyman Kerimov (dono do clube), e decidi aceitá-la e deixar o país. Fiz isso por culpa da violência”, relatou o lateral, que fez elogios ao projeto de Kerimov.
“É um projeto com futuro. Ele me abriu a porta e me disse que construiríamos um clube melhor. Pouco a pouco, estamos fazendo isso. Contratamos Eto’o, o que é prova disso”, acrescentou.
Com passagens por Inter de Milão, Real Madrid e Fenerbahçe, o jogador de 38 anos, que exerce também a função de auxiliar-técnico, disse também que não teve dificuldades para se adaptar ao futebol russo.
“Em termos de adaptação, foi muito tranquilo, assim como na Espanha, na Itália e na Turquia. Esperava o mesmo na Rússia. Os torcedores de todos os clubes me receberam de braços abertos. A maioria me apoia, salvo no incidente da banana, mas sempre há algum louco”, declarou Roberto Carlos, que em junho, em um jogo contra o Zenit São Petersburgo, deixou o campo depois que um torcedor adversário o atirou uma banana.
“Foi duro no momento, mas depois, após parar e pensar, vi que poderia ajudar a pessoa que fez isso. Muita gente se desculpou, e quem jogou a banana só queria ser o centro das atenções. Agora, ele não pode ir e se divertir nos jogos, tem que ficar em casa e assistir pela televisão”, completou o brasileiro, que lamentou o fato de ainda haver racismo no futebol.
“É uma pena que continue havendo racismo. Algumas pessoas não entendem que o futebol é universal. Todo mundo quer se divertir jogando ao futebol, as pessoas vão ao estádio buscando diversão”, comentou.
A contratação do camaronês Samuel Eto’o pelo Anzhi foi um impacto no futebol, mas os planos do clube, segundo Roberto Carlos, são ambiciosos.
“Kerimov pôs três nomes em cima da mesa: Neymar, que joga no Santos, Messi, que joga no Barcelona, e também mencionou Eto’o. Os três com contratos em vigor com outros clubes. Ele pensou muito. O tempo passava, e Samuel me telefonou. Falei com ele sobre a estrutura do clube, o que ele significaria e que se sentiria mais importante no Anzhi do que já era na Inter de Milão. Das três opções, ele foi o primeiro a assinar. Esperamos que haja mais contratações”, revelou o veterano jogador.
“Além de contratar Samuel, a ideia do dono é contratar mais estrelas e fazer uma equipe que jogue cinco ou seis temporadas junto. Se alguns jogadores ficarem, seremos fortes, porque outros virão”, acrescentou Roberto Carlos, que garantiu que as novidades serão atletas de destaque no mundo todo.
“Acho que em janeiro ou fevereiro poderá haver contratações. Um jogador de alto nível com certeza, talvez até dois. Para competir nos torneios europeus, precisamos de mais experiência”, disse o lateral, que também espera “ficar entre os três primeiros ou até vencer o Campeonato Russo da próxima temporada”.