<br> Nesta terça (14) será lançado, em Maringá-PR, o livro "Levantando a vida, a história de um campeão chamado Ricardinho", do levantador da seleção brasileira.

Na obra, o jogador conta sobre o corte que o tirou dos Jogos Pan-Americanos. Ele promete não polemizar, mas afirma que um episódio pode ter motivado a decisão: uma votação em que os jogadores decidiram dividir apenas entre eles a premiação do Pan.

Em entrevista ao jornal <i>O Dia</i>, Ricardinho conta que tem se prepardo nos últimos dias para uma possível volta ou não à seleção brasileira. Ele ainda comentou que o fato de a equipe brasileira já ter iniciado os treinos, demonstra que ele não faz mais parte dos planos.

Seu destino agora será a Itália, para onde viaja para jogar pelo Modena. Antes de partir, deu um agradecimento a Bernardinho, mas não escondeu uma mágoa.

Confira alguns trechos da entrevista:

<b>Você acompanhou os jogos da Seleção no Pan?</b>

<b>Ricardinho</b> – Vi dois jogos ao vivo, mas não inteiros porque já sabia qual seria o resultado. Sabia que o adversário era frágil e iria recuar. A final eu só vi depois, a reprise.

<b>Você realmente se vê fora da Seleção?</b>

<b>Ricardinho</b> – Sim, me vejo fora da Seleção Brasileira. Fui cortado e tenho que respeitar a decisão. Não tive conversa nenhuma. Se o seu patrão te mandar embora, você vai procurá-lo depois? Ele é o técnico. Então, ele é quem tem de pensar se eu vou ajudar ou não e me ligar, falar que agora vai ser assim e, a partir daí, eu fazer as perguntas que eu quero. Ele diz que as portas estão abertas, mas fica parecendo slogan. Não tem cabimento eu ligar. Foi uma facada, um rasgo que se abriu. E isso mexeu também com a minha família, com a pessoa Ricardo.

<b>Como você ficou durante o Pan, tendo de assistir à competição de longe?</b>

<b>Ricardinho</b> – Fiquei muito mal, foi uma das piores semanas que já passei na minha carreira. Só tenho a agradecer por tudo o que conquistei com o Bernardinho. Mas ele fez uma opção por algo que partiu da cabeça dele. Só queria entender o que eu fiz de tão sério que não poderia ter esperado uma semana. Tivemos discussões por folga, premiação, mas nada que não tivéssemos passado nos últimos sete anos. É estranho. Ele diz que não seria tão burro em me cortar. Não vou dizer que é burrice, mas acho que ele pode errar. E acho que errou.

<b>Durante esse período, surgiram versões sobre o seu corte, a maioria envolvendo briga por premiação. Elas têm fundo de verdade?</b>

<b>Ricardinho</b> – Desde 2005, eu não discuto mais premiação com o presidente (Ary Graça, presidente da CBV). O Giba e o Gustavo fazem isso. Ficou faltando só discutir a premiação do Pan e, numa votação na Finlândia entre os jogadores, ficou decidido que a comissão técnica não iria receber esse prêmio. A verdade é que a decisão foi dos 12 jogadores. Cada um dá o seu voto, levantando a mão dentro de uma sala.

<b>Também surgiu a versão de que você não queria dividir o seu prêmio de melhor jogador da Liga Mundial com os demais companheiros, quebrando um acordo de quase sete anos…</b>

<b>Ricardinho</b> – Isso é um absurdo porque o prêmio não chega até mim. A Federação Internacional repassa para a Confederação Brasileira, que já sabe como é. Eu pego os meus 50% e o Gustavo (melhor bloqueador) pega os 50% do prêmio dele. E nós dois não entramos mais na distribuição. Então, o resto do meu prêmio e o do Gustavo são divididos entre 10 jogadores. Desde 2002 é assim. Fiquei muito chateado.

<b>Você acha que a votação sobre a premiação do Pan foi o motivo do seu corte?</b>

<b>Ricardinho</b> – Sinceramente, não sei, mas acredito que tenha pesado bastante na decisão final. E teve todo o desgaste com os atritos do dia-a-dia, brigas dentro da quadra. Mas eu sempre achei que era uma coisa profissional, uma reação normal de uma batalha. Não sabia que o tempo inteiro ele estava guardando mágoa. Por isso tudo, vi um outro Bernardo.

<b>E agora, já está fazendo as malas para a Itália?</b>

<b>Ricardinho</b> – Semana que vem estou indo para lá. Mas tenho que acertar minha vida aqui ainda, resolver a escola das crianças, renovar passaporte, essas coisas. Não esperava ir embora agora.

<b>Você ainda acredita na ‘família Bernardinho’?</b>

<b>Ricardinho</b> – Acho que não existe porque um pai não faria isso com um filho, não teria deixado vazar. E isso poderia ter prejudicado a minha carreira.

<b>Na homenagem no pódio, o grupo lembrou o pacto que vocês tinham de ir até a Olimpíada de Pequim (2008). Você não acredita mais nesse pacto?</b>

<b>Ricardinho</b> – Acredito que o pacto foi rompido quando eu saí daquela reunião no dia em que fui cortado.

<b>Pelo tom de suas declarações, parece que você dá como encerrado seu ciclo na Seleção. É isso mesmo?</b>

<b>Ricardinho</b> – O meu ciclo praticamente se encerrou. A ferida está aberta e inflamada e não sei se vai cicatrizar. Hoje, digo que não tenho condições de encarar uma semana de treino com a comissão técnica. Mas a decisão não foi minha. Não fui convocado. Então, acho que não faço parte da seleção brasileira. E eu já vinha me preparando para as duas possibilidades: ser convocado e me apresentar e não ser convocado e voltar logo para a Itália.

<b>No basquete…
<a target=_blank href=http://www.virgula.me/esporte/novo/nota.php?ID=20322>Nenê consegue liberação e joga pré-olímpico!</a>


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Ricardinho fala sobre seu corte em entrevista