O presidente do Porto, Nuno Pinto da Costa, comentou a ida para o Chelsea do técnico André Villas-Boas, que até semanas atrás dirigia a equipe portuguesa, e considerou que a mudança se deve a uma obsessão pelo compatriota José Mourinho, do Real Madrid.
“Ele (Villas-Boas) tem um complexo e está sempre pensando no fantasma de Mourinho. Como Mourinho conseguiu ser campeão da Copa da Uefa e da Champions (com o Porto), ele não quis continuar por medo de não conseguir o mesmo”, declarou Pinto da Costa no fechamento de um ciclo de palestras realizado no Cassino da Figueira, ao norte de Portugal.
Segundo a imprensa portuguesa, o dirigente citou uma conversa com o novo técnico dos ‘Blues’ na qual Villas-Boas justificava sua decisão pelo temor de deixar de interessar aos chamados grandes caso o Porto sofra uma goleada para o Barcelona na Supercopa da Europa, e não cumpra as expectativas na próxima Liga dos Campeões.
“Estava com medo de receber três ou quatro gols do Barça, mas Mourinho levou cinco e nem por isso deixou de ser o melhor do mundo”, argumentou o presidente do Porto.
Na opinião de Pinto da Costa, os valores astronômicos da transferência, que foi de 15 milhões de euros apenas pela rescisão de contrato, ajudaram, mas não foram a razão fundamental para que Villas-Boas optasse por sair.
“Disse a ele que, em condições normais, aos 33 anos, ele devia estar treinando o Académica ou o Naval, e aos 40 chegar a um grande. Contudo, aos 33 já tinha vencido com o Porto e teria muitas oportunidades de conquistar mais títulos”, relatou.
O principal responsável pelo Porto, que está no cargo há mais de três décadas, destacou que, quando se fala de um grande clube europeu, “não se pensa no Chelsea, mas no Real Madrid, no Barcelona ou no Manchester”.
O dirigente disse ainda que conversou com o treinador sobre a possibilidade de esta ser a última temporada do espanhol Josep Guardiola no banco do Barcelona, e que o clube catalão seria o destino ideal para ele.
“Mas ele teve medo das comparações com Mourinho e se marchou”, declarou o presidente.
Durante o mandato de Pinto da Costa, o Porto conquistou dois títulos da Liga dos Campeões (1987 e 2004), dois da Ligas Europa (2003 – ainda como Copa da Uefa – e 2011) e 18 do Campeonato Português, o que fez com que ele se tornasse uma referência no âmbito esportivo em Portugal.
Porém, o dirigente também se viu envolvido em casos polêmicos. O mais importante foi o chamado “Apito Dourado”, por corrupção e tráfico de influência no futebol português no início da década passada, e do que acabou sendo desculpado pela Justiça comum após ter sido condenado anteriormente pelos tribunais esportivos.