Dos campos de escalada do Vale de Yosemite, nos Estados Unidos, nos anos 80, às praias do Rio de Janeiro, em 2010, o Slackline deixou de ser um esporte desconhecido do grande público nesses pouco mais de 30 anos de existências para se tornar uma das práticas da moda nos parques e espaços abertos do Brasil. Modalidade em que o esportista se movimenta em cima de uma fita elástica esticada entre dois pontos fixos, o Slackline, além de propiciar adrenalina ao praticante, ajuda na definição muscular corporal e na concentração.
Atriz, apresentadora e uma das participantes do reality show Minha Praia, do Multishow, que falava sobre esportes e aventuras, Bruna Salvatori contou um pouco de sua experiência com o Slackline, esporte que conheceu nos tempos do programa no canal a cabo e hoje carrega como uma rotina diária.
“Há quase quatro anos, eu participava de um reality de esportes e aventuras no qual a gente ficava 30 dias acampados na Praia da Grumari, competindo. O Slackline, na época, não era conhecido como é hoje, pois estava começando a ser praticado no Rio de Janeiro. Na locação do programa, entre as árvores na sombra, tinha essa corda de 2cm esticada o tempo todo, para lazer dos participantes entre outros brinquedos. Só que não tinha ninguém que praticasse o esporte ou pudesse ensinar, e todos os participantes ja tinham tentado e desistiram antes. Fiquei curiosa para entender. Então, todos os dias eu tentava um pouquinho. Na primeira vez, não conseguia dar sequer um passo. Logo, eu encontrei meu refúgio da pressão da competição e da convivência no Slackline. Foi ali, entre a sombra das árvores, que eu, todos os dias, esticava minha canga, meditava, alongava, concentrava e logo os amigos com mais afinidade já estavam treinando comigo. Quando o programa terminou, eu já conseguia ir até o final da corda e minha concentração na competição ja era outra, totalmente equilibrada”, explicou Salvatori.
Apontando o esporte sobre fitas como sua mais nova filosofia de vida, a apresentadora conta como evoluiu fisicamente e espiritualmente desde que adotou o Slackline como seu principal meio de se exercitar.
“Desde que passei a entender a filosofia da corda, ai sim, evolui. Não somente fisicamente, com abdômen e pernas mais torneadas, mas, digo também os benefícios espirituais. Eu sempre fui uma garota muito ansiosa na vida, intolerante e um pouco egoísta. O Slackline mantém minha mente e meu corpo em sintonia”, disse Bruna, que deu algumas dicas para quem está começando, se colocando como exemplo. “Quando penso de mais andando na corda, logo me desequilibro. Hoje em dia, penso pouco, o suficiente pra ter atitude em todos aspectos. No Slack, primeiramente, você tem que encontrar um ponto fixo na frente. Relaciono isso no meu dia a dia aos meus objetivos a serem superados, foco e disciplina são fundamentais, depois você precisa ter forca para se erguer na corda ou resistência pra manter o corpo em equilíbrio e respirar. Dai pra frente é um longo caminho de paciência, sem perder o foco, nem desalinhar e se cair, tentar de novo, desistir jamais. Deixei de ser egoísta e hoje compartilho minha alegria e habilidades na corda com outras pessoas, assim no dia a dia com tudo”, completou.
Sobre sua adaptação no Slackline, Salvatori contou que a intensidade inicial foi fundamental. Porém, a prática diária só veio depois de muito tempo. “Minha primeira vez com Slack foi intensa em menos de um mês. Mas depois que o programa terminou, eu não tinha amigos praticantes, muito menos conhecia onde eu pudesse treinar. Então o tempo passou e numa viagem a Paris, fui numa loja de montanhistas, comprar novos equipamentos, pois também estava escalando, e lá por acaso tinha Slackline pra vender. Fiz meu investimento e trouxe minha corda animal de 2cm profissional para o Brasil. A corda mais fina costuma ser mais difícil de aprender pra quem está começando, mas eu comecei pelo mais difícil, tenho duas cordas, meus brinquedos preferidos. A de 2cm treino distância, equilíbrio (longline) e a mais larga treino saltos e na altura. Hoje em dia, pratico Ballet na corda, alongamento, meditação, enfim, ainda estou evoluindo”, disse.
Amante de esportes radicais, Bruna Salvatori indica os cuidados que o praticante de Slackline deve ter, entre eles o veto a qualquer tipo de entorpecente. “Não tem como você praticar Slackline virando noitadas, alcoolizado, drogado, ou qualquer perturbacao mental. É um esporte que exige consciência corporal, equilíbrio e respirar certo é fundamental. Quem pratica outros esportes como Surf, Skate e de impactos, quando aprendem Slackline evoluem muito suas habilidades. O Slackline é um esporte saudável que fortalece os músculos e as articulações devido a elasticidade da corda, além de prevenir lesões. É um esporte de movimento, força e flexibilidade. Para manter o equilíbrio, é preciso estar em movimento. Assim é o Slackline, assim é a vida. A pessoa que aprende andar na corda vive sempre em busca do equilíbrio saudável”, contou.
Por ser um esporte que exige muito mais da parte psicológica e mental do que física, o Slackline é uma atividade unisex. Bruna diz que não há diferença na evolução masculina e feminina e coloca esse ponto como primordial para a amplianção e popularização da prática no Brasil.
“Não existem diferenças na evolução dos sexos para o Slackline, mas comparando com as crianças, essas sim, têm mais facilidade de aprender, além da flexibilidade e concentração na corda. Essa iguadade ajuda na captação de novos adeptos. Na prática, a distribuição do ar e a consciência corporal são fundamentais na corda para manter o corpo em equilíbrio, no final do treino até os bracos doem, mas o fator físico não é o mais importante”, explicou Salvatori.
Se no quesito prática o Slackline virou um vício para Bruna, na questão comercial o esporte também a trouxe benefícios. “O Slackline faz parte diretamente no meu dia a dia, como atividade física e filosofia pra viver. Também pratico outros esportes e treino em academia, mas meu vício é encontrar lugares exóticos, com visual, que eu possa esticar minha corda e praticar minhas habilidades, de prefêrencia com o barulho da natureza”, disse. “Hoje em dia, já consigo ganhar algum dinheiro através do Slackline, vendendo a ideia nos casting para campanhas publicitarias, catálogos de moda, entre outros trabalhos com visibilidade que sejam relacionados ao estilo de vida carioca ou saudável de viver. Além do prazer que tenho em ensinar crianças e adultos que queiram aprender e ajudar a divulgar o esporte”, acrescentou Bruna.
Sobre o sucesso do Slackline em lugares inusitados, como a Avenida Paulista, em São Paulo, Bruna acredita ser ‘normal’, pois o esporte é usado atualmente até em coreografias do Cirque du Solei e nos shows da cantora pop Madonna (veja no vídeo abaixo).
“Na Avenida Paulista, parques, praias, entre montanhas, nas alturas ou sobre água, o Slackline tem suas modalidades e exige habilidades únicas para cada uma. Hoje em dia considero mais como febre. É normal pra quem está começando se apaixonar pelo esporte. Já virou um produto comercial, tem em qualquer loja de esportes o equipamento pra vender, e fico satisfeita com essa procura no mercado. Questão de moda, acho que não, parece fácil pra quem vê, mas na prática exige treino e nem todos persistem. Aqui no Brasil, é um esporte muito pequeno ainda, apesar de termos grandes competidores e free styles como eu, além de bailarinos no Cirque du Solei e no show da Madonna, ainda falta o “Glamour” para o esporte, atrair patrocinadores assim como no Surf e Skate. Pouco apoio quase nada”, destacou.
Por fim, Bruna Salvatori dá algumas dicas para os iniciantes no esporte ou interessados em começar a praticar o Slackline no Brasil.
“Primeiro o lugar para a prática do Slackline tem que oferecer segurança, árvores permanentes, equipamentos seguros e respeitando o meio ambiente sempre. Em segundo, prender com pouca altura, e que no chão não tenha objetos que possam machucar e ferir, como galhos, pedras ou vidros quebrados. A principal diferença entre praticar em parques ou praias, além do visual, é que areia da praia é perfeita para as quedas, podendo arriscar manobras e saltos”, explicou Bruna, apontando pontos cruciais para os leigos na categoria. “O Slackline é um esporte indicado para crianças acima 5 anos e adultos com 80 anos, ou seja, pra qualquer um aprender. O principal de quem quer começar no Slackline é entender que, assim como na vida, a corda é bamba e cair faz parte. A gente aprende caindo, levantando e evoluindo, mas é preciso ter disciplina e manter o equilíbrio saudavel. Depois de alguns dias você já começa a dar os primeiros passos, e a evolução eh natural depende de onde você quer chegar, é so treinar”, finalizou a esportista.
Veja no vídeo abaixo uma sessã ode fotos de Bruna praticando Slackline: