Projeto Rugby Cidadão


Créditos: Gabriel Quintão

O Virgula Esporte  foi até o CEU Casa Blanca, na Vila das Belezas, uma das 23 unidades dos Centros Educacionais Unificados que recebem o Projeto Rugby Cidadão, de autoria e gestão da Associação Hurra! Apesar de ser o segundo esporte coletivo mais praticado no mundo, o rugby é pouco conhecido no Brasil. Esta falta de popularidade, porém, está com os dias contados e não atrapalha em nada a empolgação com que meninos e meninas praticam este outro esporte bretão, aprendendo e exercitando valores importantíssimos para o bem-estar, tanto físico quanto social.

“Quatro dos fundadores da Hurra são ex-jogadores de rugby. Quando começamos a desenvolver nossa metodologia, percebemos que o rugby reunia a maior quantidade de valores e habilidade que podiam ser trabalhados com a questão da educação de valores e da cidadania. Por que isso? Em uma modalidade coletiva, a prática do esporte em si favorece se trabalhar com diversas formas criando um paralelo do jogo para o que acontece na vida”, disse Eduardo Pacheco e Chaves (foto abaixo), presidente da Hurra!, que tem incentivos governamentais e trabalha em parceria com a Secretaria da Educação.


Eduardo Pacheco e Chaves concedendo entrevista ao Virgula (Crédito: Gabriel Quintão)

Eduardo ainda esmiuçou quais são as quatro principais virtudes mais importantes para a prática do rugby, e que são os fundamentos básicos para, segundo a associação, criar cidadãos conscientes. Leia abaixo, nas palavras do próprio gestor:

Respeito

“O rugby é um esporte de contato físico. Então, se você não respeitar a si próprio, respeitar o seu corpo e o do adversário, você vai se machucar. Na vida, a mesma coisa. Se você não tiver respeito, em algum momento você vai se dar mal.”

Disciplina

“Para alcançar os seus objetivos dentro do esporte, você precisa ter disciplina. Precisa ser disciplinado com o seu condicionamento físico, com a questão da prática e do respeito às regras. Na vida, a mesma coisa.”

Companheirismo 

“O rugby é um esporte coletivo muito diferente dos outros esportes coletivos, porque você anda para a frente, mas passa a bola para trás. E você só pode derrubar ou bloquear o adversário quando você está segurando a bola. Não pode tocar em outro jogador se não estiver segurando a bola. Como é um esporte de conquista de território, a única forma de avançar é estando com a posse da bola, para ganhar território não pode ser fominha. Na prática do jogo não tem individualismo. É impossível jogar rugby sozinho, mesmo que você seja o cara mais habilidoso, tendo o dom mais divino, não vai conseguir jogar sozinho. Na vida, você também precisa do outro.”

Fair Play

“Não utilizando como jogo justo, mas o fair play como ética e transparência. Sempre no final dos jogos você agradece ao adversário, ao juiz, à torcida e a todo mundo que participou. E esse agradecimento é feito por meio de um grito coletivo que geralmente é ‘Hip Hip’ e depois você chama quem agradece, como ‘Hip Hip Juiz’, ‘Hip Hip CEU’, e aí então surgiu também, desta questão o ‘Hip Hip Hurra!’, que é justamente um grito de superação e que dá nome à nossa associação”.

Exclusivo para crianças entre 10 e 16 anos que frequentam os CEUs, não pense que os jovens jogadores saem por aí dando ombradas, empurrões e outros lances mais brutos e aceitos do rugby. Para o projeto que está em seu terceiro ano e só em 2013 ensinou 830 crianças, a Hurra! criou o rugby tag, modalidade em que tais jogadas comuns e mais fortes na prática profissional ficam de fora. 

Desta forma, ao invés do tackle (jogadas mais ríspidas), cada participante carrega uma pequena fita no calção. Caso um adversário retire a peça do outro, fica considerada a “falta” que aconteceria no jogo normal. O jeito diferente é mais um chamativo e, neste ano, cerca de 1.600 crianças estão praticando nos CEUs e também em outras 20 EMEFs (Escola Municipal de Ensino Fundamental).

Provando o sucesso do Projeto Rugby Cidadão, que conta com o envolvimento de gestores dos CEUs e de professores da rede municipal, todos capacitados para ensinar o esporte, já estão até sendo criados espaços (campos mesmo) perto das unidades para a prática do rugby de contato, aquele que se joga também profissionalmente.

Como esporte que voltou para as Olimpíadas, e o Brasil terá representação em 2016 já que é o país-sede, dificilmente você ouvirá falar pouco de rugby nos próximos anos.

Quer conhecer ainda mais do projeto? Assista à nossa matéria especial no vídeo abaixo:

<a href=”http://mais.uol.com.br/view/15167047″>Conheça o projeto Rugby Cidadão</a>

Veja mais fotos na galeria acima.


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Por rugby popular no Brasil, projeto social leva esporte às periferias de São Paulo