De ídolo a vilão. Um jogador de futebol tem de estar acostumado a situações que o leve do céu ao inferno. Uma torcida que um dia venera e trata o atleta como o melhor do mundo pode, no dia seguinte, desprezá-lo e exigir sua saída do clube. E exemplos não faltam. 

No último fim de semana, a jovem revelação santista Paulo Henique Ganso sentiu na pele como é ser alvo da própria torcida. Acostumado a ser idolatrado pelos fanáticos da Vila Belmiro, o camisa 10 foi bastante vaiado e chamado de mercenário por parte dos presentes na derrota por 1 a 0 para o Palmeiras.

Os santistas não se conformam com o modo como Ganso vem tratando sua renovação de contrato com a diretoria e pensam que talvez o meia esteja querendo facilitar sua saída do clube. Especula-se até que jovem poderia tranferir-se para o Milan ainda neste semestre, caso o Santos seja eliminado da Libertadores nesta quarta-feira (6).

Mas esse tipo de mudança de tratamento não é privilégio da torcida santista. Outros vários craques que deram show por suas equipes acabaram deixando os respectivos clubes pelas portas do fundo pelos mais diversos motivos. O Portal Virgula relembra aqui dez desses casos e convida você a lembrar mais episódios.

Ronaldinho Gaúcho (Grêmio) – Grande parte da torcida do Grêmio não quer ver nem pintado de ouro a revelação tricolor. Em 2001, apoiado pelo irmão Assis, Ronaldinho brigou na Justiça para se mandar para o Paris Saint-Germain. Este ano, quando voltou ao Brasil, surgiu a oportunidade de se redimir com a torcida tricolor, mas Gaúcho preferiu ir para o Flamengo (novamente apoiado pelo irmão), causando a ira dos gremistas.

Edílson (Corinthians) – O “Capetinha” participou de um dos elencos mais vitoriosos da história do Corinthians. Foi campeão Paulista, Brasileiro e até do primeiro Mundial organizado pela Fifa. Mas sua saída do Timão foi pelas portas dos fundos. Cobrado por omissão na semifinal da Libertadores contra o Palmeiras, em 2000, Edílson chegou a ser agredido na saída de um treino por integrantes de uma torcida organizada.

Luis Fabiano (São Paulo) – A volta triunfal de Luis Fabiano ao São Paulo coloca ponto final em qualquer mágoa que tenha ficado do passado. Porém, as coisas nem sempre foram bem assim. O Fabuloso fez parte de um time que era rotulado como “pipoqueiro” e, no seu último ano de São Paulo, em 2004, a torcida chegou a se vestir de amarelo para protestar contra os “amarelões” do time.

Kaká (São Paulo) Pouco antes de Luis Fabiano, Kaká enfrentou um problema parecido. Em 2003, o meia sofreu com contusões e convocações para seleções de base. Foi o que bastou para ser chamado de “pipoqueiro” e “Barbie” pela torcida são-paulina. Querendo ser negociado, a joia do São Paulo foi vendido ao Milan por apenas 8,5 milhões de dólares.

Tevez (Corinthians) Carlitos era a grande esperança alvinegra para conquista a Libertadores de 2006. Com a eliminação do time, o atacante foi bastante cobrado. Irritado, Tevez chegou fazer gestos pedindo silêncio para a torcida que o vaiava na partida contra o Fortaleza, pelo Brasileirão daquele ano. Na saída do estádio, os corintianos partiram para cima do carro do jogador. Carlitos não suportou a pressão e foi jogar no West Ham, da Inglaterra.

Dagoberto (Atlético-PR) – O problema de Dagoberto iniciou-se com a diretoria atleticana. Por briga de contrato, ambas as partes foram resolver a situação na Justiça comum. A torcida não gostou da “forçada de barra” que Dagol fez para deixar o clube (em 2007). Com isso, o atacante se tornou persona non grata na Arena da Baixada. 

Vagner Love (Palmeiras) – Cria da casa, Vagner Love foi uma das figuras mais importantes para o Palmeiras na série B, mas deixou o clube logo no ano seguinte ao acesso. Retornou em 2009, mas não teve boas atuações e foi cobrado duramente pela torcida, que chegou a agredi-lo em uma agência bancária. Foi o estopim para que ele deixasse novamente o Verdão.

Diego Souza (Palmeiras) – O meia viveu momentos de ídolo no Palmeiras. Porém, com a perda do Brasileirão de 2009 e a queda de rendimento, vieram as críticas. A torcida pegou no pé de Diego Souza até que, insatisfeito, o ex-camisa 7 do Verdão chegou a fazer gestos obscenos em direção aos torcedores. Foi o ponto final na relação entre Palmeiras e Diego Souza.

Felipe (Corinthians) – Outra briga que começou com a diretoria e se estendeu aos torcedores. Felipe queria deixar o clube e ir para o Genoa-ITA. O clube aceitou negociá-lo, mas a conversa não evoluiu. O imbróglio continuou e parte da torcida já não o queria mais no time. O destino do goleiro foi o Braga, de Portugal, e depois o Flamengo.

Roberto Carlos (Corinthians) – A relação de Roberto Carlos com a nação corintiana ia bem até a eliminação na Libertadores. Revoltados, torcedores foram ao CT Joaquim Grava e partiram para cima do ônibus onde estavam os jogadores do Timão. Um dos principais alvos era o lateral que, pressionado, se mandou para a Rússia.


int(1)

Polêmica entre Ganso e torcida santista relembra outros episódios do futebol brasileiro