O Santos solicitou no último mês de setembro junto à Confederação Brasileira de Futebol (CBF) que a partida contra a Ponte Preta, válida pela 28ª rodada do Campeonato Brasileiro e marcada até então para acontecer na Vila Belmiro, neste sábado (12), fosse transferida para o Estádio do Pacaembu, às 21h, sem alterar a data. A ideia do time da Baixada Santista é aproveitar o feriado nacional para receber uma renda maior e também contar com um apoio maciço do seu torcedor, que costuma lotar o local em jogos na capital.
Detentor atualmente da sexta pior média de público do Brasileirão, com 11.394 pagantes por partida*, o Santos adotou a medida por conta dos baixos números apresentados até o momento em atuações na Vila. O recorde do estádio na competição nacional deste ano foram os 11.301 pagantes presentes na derrota por 2 a 1 para o Botafogo, no dia 15 de setembro, pela 21ª rodada.
Por esse (e outros) fatores, a diretoria optou pela transferência para o Pacaembu, que já era estudada para as confrontos contra Náutico e Goiás, que acabaram acontecendo em Santos por veto da CBF. Lembrando que em 2013 o Santos atuou como mandante em São Paulo duas vezes, ambas pelo Paulistão, diante de Paulista de Jundiaí e São Caetano, e os pagantes chegaram a marca de 20 mil torcedores.
Porém, apesar dos números e resultados contarem à favor da equipe santista, um dos maiores ídolos da história do clube não aprovou a troca do mando de campo e lamentou que o fato aconteça às vesperas do aniversário de 97 anos de um dos estádios mais antigos do futebol mundial. Em entrevista ao Virgula Esporte, José Macia, o popular Pepe, lembrou dos tempos em que os rivais tinham medo de atuar na Vila Belmiro e disse que a distância faz com que o time perca parte de sua força e identidade.
“A Vila Belmiro é a casa do Santos. Apesar de ganhar títulos no Pacaembu, Maracanã, nós gostavamos mesmo era de jogar na Vila Belmiro. Na minha época, os adversários desciam a serra já preocupados em nos enfrentar em nosso estádio”, disse o segundo maior artilheiro da história do clube, com 405 gols em 750 partidas.
“Eu até concordo que se façam alguns jogos em outros estádios, mas o Santos tem suas raízes na Vila Belmiro e não poderia ficar longe do estádio logo na época do aniversário do estádio. Eles nem devem saber do aniversário, se não o local do jogo contra a Ponte não seria alterado”, completou o Canhão da Vila.
Palco de grandes jogos e conquistas do time praiano ao longo de sua história centenária, a Vila Belmiro recebeu seu primeiro jogo no dia 22 de outubro, no duelo entre Santos e Ypiranga, válido pelo Campeonato Paulista e vencido pelos donos da casa por 2 a 1, com gols de Millon e Jarbas. Porém, no dia 12 daquele mês, 10 dias antes da partida e há exatos 97 anos da data marcada para o duelo contra a Ponte Preta, a praça de esportes da Vila havia sido inaugurada.
Além do jogo deste sábado, contra o time de Campinas, o Santos terá outra partida como mandante antes do aniversário do primeiro jogo disputado na Vila. Mas, assim como aconteceu contra a Ponte Preta, a diretoria tenta transferir o embate contra o Internacional, na próxima quarta-feira (16), da Vila para o Pacaembu.
Viajando esta semana para Frankufurt, na Alemanha, onde participará de um evento sobre literatura e futebol, Pepe, que escreveu o livro Bombas de Alegria, em 2007, não foi contactado por ninguém do clube sobre uma possível festividade pela data.
“Ninguém de lá me ligou para qualquer tipo de comemoração”, disse o ídolo santista, que lembra do estádio como um aliado na época em que atuava no time alvinegro. “Tive poucos insucessos jogando na Vila Belmiro. O Santos da minha época era mais caseiro, um time da cidade mesmo. Hoje em dia não, temos torcedores no Brasil e no mundo”, finalizou o ex-jogador de 78 anos
As partidas contra Cruzeiro e Bahia, agendadas para os dias 3 e 13 de novembro, respectivamente, também estão na lista do Santos para serem realizadas fora da Vila Belmiro, mas ainda sem local definido. A diretoria do Peixe tenta uma nova aprovação junto à CBF.
*Todos os dados apresentados acima foram colhidos através dos bordêros disponibilizados pela CBF ao fim das partidas e em seu site oficial
**Os números utilizados são de torcedores pagantes, já que a CBF não disponibiliza os números das pessoas que entraram com gratuidade.