Madri, 20 fev (EFE).- Em entrevista ao site oficial da Fifa, Pelé afirmou que, além do talento, é preciso muito treinamento, mas que ele nasceu para o futebol como “Beethoven nasceu para a música e Michelangelo para pintar”.
“O meu pai costumava dizer: ‘Você nasceu para jogar futebol. Você tem um dom para isso. Mas, se você não se preparar, se não treinar, se você não praticar muito, então será igual ao resto'”, disse o ex-jogador de 71 anos.
Na entrevista, o rei do futebol também destacou as qualidades do Barcelona de Josep Guardiola. “Tenho acompanhado o Barcelona nos últimos tempos. É como o Santos da minha época, ou o Benfica, o Ajax, o Milan e o Real Madrid nos seus anos dourados”, declarou.
“Essas equipes foram referência na sua época. Acho que o fundamental é manter um grupo unido por um longo tempo. E veja que o Barcelona é a base da seleção espanhola. Esses êxitos estão conectados, como esteve no seu momento o sucesso do Ajax com o da Holanda e o do Santos com o do Brasil”, continuou.
Pelé também demonstrou confiança em que, no futebol do futuro, a qualidade técnica continuará triunfando: “A torcida quer ver esse futebol, esse espetáculo. Espero sinceramente que ele seja a base para o futebol do futuro, com a imposição da parte técnica sobre a parte física”.
“Por exemplo, a Alemanha agora tem um futebol mais técnico. Esse é o futebol que gostamos de ver, com a bola correndo, não os jogadores, e isso só acontece quando a equipe está muito organizada”, detalhou.
Embaixador da Copa do Mundo de 2014, Pelé falou sobre a preparação da seleção brasileira para a competição. “Temos grandes nomes, mas faltam dois anos. Trata-se de um trabalho em longo prazo. É importante começar já com um plano sério e muita disciplina. Os jogadores precisam se acostumar a competir juntos”, ressaltou.
O Atleta do Século também comentou a responsabilidade que já pesa sobre os ombros de Neymar e Ganso. “A pressão é grande porque eles são os grandes astros do momento. Mas, muito além das individualidades, o mais importante é que a seleção funcione como uma equipe”, frisou.
“Na minha última Copa do Mundo, a de 1970, aquele Brasil tinha grandes nomes: Rivelino, Tostão, Pelé… Mas também estávamos muito bem organizados; houve um grande trabalho de equipe. O grupo era muito forte, e acho que isso foi o mais importante”, ponderou.
Além disso, Pelé também salientou a importância de dar tempo e confiança ao técnico Mano Menezes.
“Estamos confiando no treinador e dando tempo para que imponha a sua filosofia. Quando há uma mudança no comando, o novo técnico também muda os jogadores, e isso não é bom. Não podemos nos esquecer de que o Brasil tem uma grande responsabilidade porque joga em casa, e o povo vai exigir muito”, concluiu. EFE