Nervosa e equilibrada, a primeira semifinal da Copa das Confederações caminhava lentamente rumo à prorrogação nesta quarta-feira (26), mas um gol de cabeça do volante Paulinho deu à Seleção Brasileira a vitória sobre o Uruguai por 2 a 1 no Mineirão, em Belo Horizonte, e a classificação para a decisão do torneio.
A Celeste teve a chance de abrir o placar de pênalti, mas Diego Forlán, do Internacional, desperdiçou a cobrança. Com isso, coube a Fred – até então autor de 41 gols em 48 partidas no Mineirão – deixar o Brasil em vantagem ainda no primeiro tempo. Cavani empatou logo aos três da segunda etapa, mas Paulinho, após cobrança de escanteio de Neymar, classificou o Brasil para a final do torneio intercontinental pela terceira vez seguida, para tentar o tetracampeonato (venceu em 1997, 2005 e 2009).
Maior campeã da história da Copa das Confederações, com uma conquista a mais que a França, a seleção terá pela frente na final, marcada para o próximo domingo (30) no Maracanã, Espanha ou Itália, que medirão forças nesta quinta em Fortaleza.
De quebra, a equipe de Luiz Felipe Scolari defendeu a marca de não perder como anfitriã em competições oficiais desde 1975, quando foi derrotada pelo Peru por 3 a 1 na Copa América, justamente no Mineirão. Além disso, emplacou a terceira vitória seguida contra campeões mundiais, depois de ter vivido um jejum de quase quatro anos. Antes, o Brasil havia batido a França em amistoso e a Itália na fase de grupos da Copa das Confederações.
As duas equipes entraram em campo com força máxima. Felipão promoveu o retorno do volante Paulinho, que não enfrentou a Itália, no último sábado, por conta de um problema no tornozelo. Hernanes, que atuou contra a Azzurra, voltou para o banco.
No Uruguai, Óscar Tabárez apostou em seu esquema tradicional, o 4-3-3, com Diego Forlán compondo o ataque com Luis Suárez e Edinson Cavani. O meia Nicolás Lodeiro, do Botafogo, ficou no banco.
O jogo começou morno, com os dois times trocando passes sem muita pressa. Mas David Luiz “riscou o fósforo” necessário para esquentar o confronto, nem que fosse por um instante, aos 12 minutos, puxando Lugano dentro da área.
Na terça-feira (25), Lugano havia feito duras críticas à escalação do árbitro chileno Enrique Osses para o clássico insinuando que ele foi escolhido para retribuir o “favor” de o Brasil ter cedido a organização da Copa América de 2015, que acontecerá no Chile.
Forlán foi o encarregado de bater o pênalti. O atleta do Internacional chutou no canto esquerdo, Julio César se adiantou, se esticou todo e espalmou para fora.
Acuado até então, o Brasil se viu obrigado a sair para o ataque e incomodou pela primeira vez aos 16 minutos. Oscar teve espaço pelo meio e arriscou de longe, mandando à direita.
A defesa de Julio César poderia ter servido de motivação para a seleção, mas o bom momento não foi aproveitado, e a partida voltou a esfriar. Apesar de ter maior posse de bola, o Brasil voltou a incomodar apenas aos 27 minutos, quando Hulk tabelou com Oscar e entrou na área, mas finalizou muito mal.
A resposta uruguaia foi dada dois minutos depois, com Forlán, que, embora errasse, era o homem mais efetivo em campo. O atacante recebeu passe da esquerda perto da meia-lua e emendou um belo chute, acima da meta.
Esperando uma boa oportunidade para balançar a rede, Fred quase abriu o placar aos 36. Marcelo cruzou rasteiro, o camisa 9 se antecipou à marcação e, com a ponta da chuteira, bateu à direita do alvo.
Artilheiro que é, o jogador do Fluminense não desperdiçou a segunda chance que recebeu. Logo na sequência, aos 41, Neymar foi acionado e deu um leve toque para o gol. Muslera defendeu, mas no rebote Fred, meio sem jeito, empurrou para a rede.
A torcida teve apenas o intervalo para comemorar a vantagem parcial, já que logo aos três minutos do segundo tempo a Celeste empatou. Após boa troca de passes do ataque uruguaio, David Luiz tentou afastar com um chutão, e a bola ficou viva na área. Thiago Silva preferiu um toque para o lado em vez da estourada e deu presente para Cavani, que concluiu no canto direito.
Depois de sofrer a igualdade, a seleção voltou a ter o controle das ações, mas chutava pouco e ainda precisava de falhas do adversário, como aos oito minutos. Muslera saiu mal e Oscar tentou por cobertura, mas ficou apenas com o escanteio. Aos 11, Hulk bateu falta de muito longe e o goleiro deu uma “manchete” para o lado.
Felipão então mandou a campo Bernard no lugar de um discreto Hulk, mas foi o Uruguai quem voltou a levar perigo. Forlán cruzou batendo falta da meia direita, Suárez apareceu entre os defensores e cabeceou muito próximo do travessão, aos 20 minutos.
Um minuto depois, o jogador do Atlético-MG, que é nascido em Belo Horizonte, recebeu de Daniel Alves na ponta direita, fez o drible e serviu Fred, que, de primeira, bateu para fora. Logo em seguida, Oscar ajeitou de calcanhar e Neymar chutou em cima de Muslera.
Por muito pouco, o segundo gol uruguaio não aconteceu aos 33. Cavani foi acionado na entrada da área pela esquerda, deu um corte em Hernanes e pegou de pé esquerdo. A bola desviou em Luiz Gustavo e não entrou por centímetros.
Os últimos minutos de partida foram de mais ações ofensivas do Brasil, e o gol salvador aconteceu aos 41. Neymar levantou no escanteio da esquerda, o goleiro não alcançou e, na segunda trave, Paulinho cabeceou para a rede.
Na base do desespero, a Celeste foi em busca do empate, mas não teve uma chance clara sequer. Em duas cobranças de escanteio seguidas, até Muslera foi para a área, mas a seleção brasileira se segurou.
Ficha técnica:
Brasil: Julio César; Daniel Alves, Thiago Silva, David Luiz e Marcelo; Luiz Gustavo, Paulinho e Oscar (Hernanes); Hulk (Bernard), Neymar (Dante) e Fred. Técnico: Luiz Felipe Scolari.
Uruguai: Muslera, Maxi Pereira, Lugano, Godín e Cáceres, Arévalo Ríos, González (Gargano) e Rodríguez; Forlán, Suárez e Cavani. Técnico: Óscar Tabárez.
Árbitro: Howard Webb (Inglaterra), auxiliado por seus compatriotas Michael Mullarkey e Darren Cann.
Cartões amarelos: David Luiz, Luiz Gustavo e Marcelo (Brasil); Cavani e González (Uruguai).
Gols: Fred e Paulinho (Brasil); Cavani (Uruguai).
Estádio: Castelão, em Fortaleza.