Algumas placas de trânsito de Porciúncula trazem a indicação
“voo livre”, para orientar os pilotos e curiosos que lotam a cidade para
praticar o esporte ou assistir ao belo e colorido espetáculo das asas deltas
cruzando o céu azul. Conhecido como o “Paraíso do voo livre”, este pequeno
município fluminense de pouco mais de 18 mil habitantes é considerado por
experts o melhor lugar do Rio de Janeiro para voar, e abriga competições desde
1981. Nos últimos anos, recebe os atletas participantes do Campeonato Estadual
de Voo Livre e as etapas do Super Race Brasil e do Campeonato Brasileiro, que
classifica para o Mundial.
Pelos céus de Porciúncula – o nome é uma homenagem ao
primeiro governador do Rio no período republicano, José Tomás Porciúncula – já
cruzaram muitos atletas de renome na modalidade. A visibilidade de um piloto de
asa delta a partir das torres de decolagem é de longo alcance, abrangendo os dois
estados com os quais a cidade faz divisa, Minas Gerais e Espírito Santo, além
do Rio, é claro – é o seu município mais setentrional. Bela paisagem não
implica segurança, mas esta é garantida pelo clima e a geografia do lugar,
altamente favoráveis à prática do voo livre – o que equivale a dizer que os
ventos e temperatura são ideais para fazer planar as asas deltas. Como
infraestrutura, a cidade oferece três rampas, distantes apenas cerca de dez
quilômetros, com acesso por estradas em boas condições.
Uma das torres, no Morro da Antena, com 540 metros de
altitude, permite várias decolagens simultâneas. O último recorde batido por um
piloto que decolou dali foi de Fabio Nunes, que viajou 135 quilômetros pelos
ares até pousar entre Além Paraíba e Sapucaia, em 2006. Embora a distância de
Porciúncula em relação à capital – 368 quilômetros ou cerca de 4 horas de carro
– desencoraje a viagem de alguns praticantes, o sacrifício dos apaixonados por
voo livre vale a pena.