<p>A menção de um resultado ruim contra a Bolívia traz à memória da torcida brasileira aqueles 2 a 0 de 1993 em La Paz, com direito a Etcheverry arrumando um frangaço para Taffarel. Mas não foi o primeiro: em 1985, a Seleção de Telê que disputava uma vaga na Copa do México, com Zico, Renato Gaúcho, Júnior, Sócrates, Éder, Cerezo e tudo mais em campo, jogando no Morumbi, em São Paulo, abriu o placar com um gol de Careca, mas cedeu o empate e ficou por isso mesmo.</p>
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<p>Ainda assim, em 24 jogos entre as duas seleções, eram apenas dois jogos sem vitórias, a maior parte das quais por goleada. Mas quais foram os pecados cometidos pela Seleção de Dunga, capaz de sair do paraíso que se seguiu à vitória sobre o Chile para cair no inferno daquele 0 x 0 bisonho do Engenhão? Os sete:</p>
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<p><strong>Avareza:</strong> casa cheia e torcida a favor sempre é um incentivo forte para uma seleção como a do Brasil, ainda mais no embalo de um bom resultado. Mas como lotar um estádio em plena quarta-feira à noite com ingressos em que o preço mais barato é R$ 100?</p>
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<p><strong>Preguiça:</strong> todos vimos que a preparação para os Jogos Olímpicos foram inadequados, sem o tempo e os amistosos necessários. Deu no que deu. Levar 3 a 0 da Argentina nunca é bom para moral do Brasil.</p>
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<p><strong>Orgulho:</strong> OK, é bacana ser respeitado e a Seleção Brasileira merece mesmo. Mas o melhor jeito de conseguir esse respeito é impondo-o em campo, não exigindo-o em um recado deixado no vestiário do Chile depois que já ganhamos de 3 a 0 mesmo. A Bolívia, quietinha, soube dar esse mesmo respeito e saiu-se bem.</p>
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<p><strong>Luxúria:</strong> o Brasil coloca em campo jogadores com valores astronômicos, treinados, tratados e hospedados em boas condições, mas com o pulso firme do técnico. Tudo do bom e do melhor. Para empatar em casa com a lanterníssima Bolívia.</p>
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<p><strong>Inveja:</strong> e a dor de cotovelo mal disfarçada de todos os jogadores quando o Mineirão começou a gritar o nome de Messi? Essa piorou quando o presidente Lula disse que o argentino era o melhor jogador do mundo.</p>
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<strong>Ira:</strong> e aí o goleiro Júlio César achou que a melhor reação ao comentário do presidente era reinventar o conceito de governo e soberania entre países da América do Sul e mandar Lula governar a Argentina. Dunga foi mais discreto, mas apoiou o goleiro e, após vencer o Chile, ironizou e disse que "agora ele deve estar contente". O técnico não declarou qual ele imagina ter sido a opinião do presidente quanto ao, nunca é demais lembrar, empate sem gols com a Bolívia em casa.</p>
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<p><strong>Gula:</strong> pois é, de todos os pecados capitais, foi faltar logo esse. Até agora, parece que o time não tem toda aquela fome e o resultado é que até agora, em oito jogos, fizemos 11 gols e somamos 13 pontos. Nas eliminatórias para a Copa 2006, por exemplo, a essa altura do campeonato já eram 16 pontos e 15 gols. Na disputa à vaga da Copa 2002, o quadro era de crise e preocupação, tanto que o técnico Vanderlei Luxemburgo não chegou ao fim das eliminatórias. Pois bem, na ocasião, eram 15 jogos e 15 pontos ao fim da oitava rodada, que foi exatamente o jogo contra a Bolívia no Rio de Janeiro: 5 a 0 para o Brasil, com três gols de um Romário faminto.</p>
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