O relator especial da ONU sobre Racismo, Xenofobia e Intolerância, Mutuma Ruteere, pediu que os governos e as federações esportivas combatam a presença de grupos que pratiquem qualquer tipo de discriminação nos grandes eventos esportivos deste ano.
Ruteere fez estas recomendações em seu relatório sobre racismo que será apresentado durante o vigésimo Conselho de Direitos Humanos da ONU, que começou na segunda-feira e vai até 6 de julho, em Genebra.
Em seu relatório, divulgado hoje para a imprensa, Ruteere se refere especificamente aos Jogos Olímpicos de Londres e à Eurocopa, e considera necessário que durante estes grandes eventos esportivos sejam tomadas medidas para evitar atos de violência racial ou incitação ao ódio.
Além disso, Ruteere apoia o uso de um manual durante estes eventos que permita a identificação dos símbolos dos torcedores esportivos e dos grupos neonazistas.
Em seu discurso de abertura do conselho, a Alta comissária da ONU para os Direitos Humanos, Navi Pillay, denunciou ontem “a alarmante recorrência de incidentes de racismo, discriminação racial e xenofobia numa série de países europeus”.
Durante seu discurso, Pillay se referiu especificamente às manifestações racistas que ocorreram durante competições de futebol, como a Eurocopa, que está sendo disputada na Polônia e Ucrânia.
Em seu relatório, Ruteere também mostra preocupação pela ascensão de partidos políticos extremistas e por uma maior incidência do racismo como consequência da crise econômica.
“Em alguns países os aspectos financeiros da crise reavivaram velhos estereótipos negativos e preconceitos raciais contra minorias, como por exemplo os ciganos”, denunciou o relator.
Ruteere lamentou que em certas regiões “o medo e o descontentamento gerados pelos problemas econômicos e sociais como o empobrecimento, o desemprego ou os cortes em serviços sociais tenham se traduzido em votos em partidos políticos extremistas, com programas racistas e xenófobos”.
Além disso, o relator reclamou que os crimes cometidos por indivíduos envolvidos com partidos extremistas “às vezes são punidos com sentenças muito leves”.