Michel Gherman é brasileiro e vive há três anos em Israel. Historiador e pesquisador do Laboratório de História Oral do Instituto de Judaísmo Contemporâneo da Universidade Hebraica de Jerusalém, desenvolve um projeto pioneiro pela paz entre árabes e israelenses utilizando a capoeira.
No próximo dia 21 de outubro, ele estará no Centro da Cultura Judaica, no Brasil, quando dará a palestra Capoeira pela Paz – A Cultura Brasileira construindo Pontes entre Judeus e Palestinos. Aproveitando sua passagem pelo Brasil, o <b>Virgula</b> fez uma entrevista com ele e descobriu entre outras, uma história muito bonita que nos faz refletir sobre o sentido desta palavra ao mesmo tempo simples e bela, a paz.
<b>Vírgula: Como funciona a "Capoeira pela Paz"? Como surgiu a idéia?</b>
<b>Michel Gherman:</b> A "Capoeira pela Paz" é uma ONG. Sou brasileiro, moro em Israel há três anos e sabia da importância da capoeira por lá. Para o público árabe o esporte era pouco conhecido. Tive a idéia de levá-lo a territórios ocupados e cidades de Israel mais distantes, a periferia, como vocês dizem aqui, para criar uma interação entre os dois povos. Hoje tenho uma turma em Jerusalém e outra no subúrbio da cidade.
<b>Vírgula: Nossa, não sabia que em Israel a capoeira era popular. E como foi a receptividade dos árabes à capoeira?</b>
<b>Gherman:</b> Foi surpreendente, foi tão ou mais bem recebida que entre israelenses. A capoeira virou uma moda por lá, todos querem fazer.
<b>Vírgula: Você dá aulas também?</b>
<b>Gherman:</b> Não, sou um praticante super recente de capoeira. Quem dá as aulas é o professor Jacozinho, um brasileiro que já morava por lá e que topou meu convite de fazer o projeto.
<b>Vírgula: Qual foi a experiência mais marcante que você teve com o projeto e que simboliza essa sua luta pela paz?</b>
<b>Gherman:</b> Foi um dia em que nós (integrantes do projeto) fomos convidados para jantar na casa de um dos maiores apoiadores da ONG, o Mohamad, e perguntei a ele: -"Por que você se interessa tanto em nos ajudar?" Ele respondeu: -"Eu nunca imaginei ter algum amigo judeu. Quando eu tinha 12 anos houve um projeto deste tipo, mas usando o futebol, que me fez conhecer alguns judeus. Hoje, meus melhores amigos são judeus. Se algo deste tipo fez com que eu afastasse o ódio de mim, então quero poder proporcionar isso para as crianças da minha comunidade". É isso que nos faz querer continuar nossa luta pela paz.
<b>Vírgula: Qual é seu objetivo?</b>
<b>Gherman:</b> Vim para o Brasil por insitência da minha namorada, que é brasileira e sempre falou para eu buscar apoio aqui. Quero conseguir patrocinadores, ampliar o projeto e dar continuidade ao que já estamos fazendo. Espero que em Julho eu possa trazer meus alunos (israelenses e árabes, em sua maioria crianças), juntos, para passarem as férias em uma colônia de férias aqui no país.
<b>Informações:</b>
<i>A palestra Capoeira pela Paz – A Cultura Brasileira construindo Pontes entre Judeus e Palestinos tem entrada franca e acontece no dia 21 de outubro, às 20h, no Centro da Cultura Judaica, localizado à rua Oscar Freire, 2500, (ao lado do metrô Sumaré), em São Paulo. Informações pelo tel. (11) 3065.4333 ou no site www.culturajudaica.org.br.</i>