O triatlo brasileiro será representado em Atenas por seis atletas: Carla Moreno, Mariana Ohata, Sandra Soldan, Leandro Macedo, Juraci Moreira e Paulo Miyasiro. Destes, apenas o santista Miyasiro fará a sua estréia em Olimpíadas, aos 28 anos. Ele garantiu presença após ficar entre os 50 melhores do ranking na última seletiva olímpica, no Mundial de Portugal deste ano. Com o 13º lugar, ele, que disputa o circuito mundial há três anos, foi o melhor latino-americano e ajudou o país a confirmar três atletas também no masculino. Shiro embarca para a pré-temporada em Portugal neste domingo (01/08).

Confira um Bate-Bola com o atleta:

<b>Ser o único estreante do grupo significa algo para você?</b>

<b>Paulo -</b> Significa que é renovação, o que sempre tem de ter numa equipe. Esse ano só eu sou novato. Vou no lugar do Armando Barcellos. Apesar de a Olimpíada ser uma prova diferente, especial, acho que não muda muita coisa, porque já corro o circuito mundial ao lado de todos que estarão em Atenas.

<b>Você chegou a falar com alguém sobre como é estar numa Olimpíada?</b>

<b>Paulo -</b> Converso mais com o Leandro. Ele sempre dá uns toques sobre treino. Não conversei especificamente sobre Jogos Olímpicos. No Pan de 2003 foi bem legal, diferente. Já deu para sentir o clima, ficando na Vila. Olimpíada, então, imagino que seja uma coisa muito maior. Vai ser fantástico.

<b>Como serão a emoção e o nervosismo na hora da prova?</b>

<b>Paulo -</b> Não fico muito nervoso em prova… Vamos ver como vai ser na Olimpíada. Pode ser que seja diferente do Mundial. Mas vai ser emocionante, sim. O mundo todo vendo, o pessoal daqui torcendo. A prova vai ser ao vivo. Tem de pensar em fazer o meu melhor no dia.

<b>Isso significa um lugar no pódio?</b>

<b>Paulo -</b> Com certeza. Eu me classifiquei, foi duro. Agora, o objetivo é a medalha. Se deixarem, vou beliscar.

<b>Com a experiência de três anos no circuito mundial dá para acreditar em chances reais de medalha?</b>

<b>Paulo -</b> Medalha é difícil para todos. Mas é o que eu falo. Triatlo hoje em dia não tem muito favorito. Qualquer um pode vencer. Medalha então, são vários que têm chance. Não dá para destacar os favoritos. Quem está indo, vai estar bem, vai ter chance. Então por que não acreditar em medalha?

<b>O que vai definir a vitória em Atenas?</b>

<b>Paulo -</b> O ciclismo vai ser bem determinante, com um percurso bem duro e técnico. Mas com certeza o que define é a corrida. O ciclismo vai ser seletivo. Quem não estiver pedalando bem vai sair para correr com as pernas bem cansadas.

<b>E como você está nesse quesito?</b>

<b>Paulo -</b> Treinei bem o ciclismo, principalmente as subidas. Ultimamente estou sempre no pelotão da frente. Estou treinando bastante, bem forte. Estou na época pesada de novo, depois de uma pequena base.

<b>Se ganhar a medalha, tem alguém especial a quem vai dedicar?</b>

<b>Paulo -</b> São várias pessoas, principalmente a galera de Santos, que sempre esteve do meu lado, me ajudando, incentivando até hoje. Mas vai principalmente para duas pessoas que já estão ‘lá em cima’. O meu avô, o Mata Vaca (João de Abreu Faria), que faleceu no final de junho, e minha avó, Matsue, que sempre estava nas provas junto comigo. Os dois sempre estiveram ali. Meu avô, inclusive, era staff das provas do Núbio de Almeida. Adorava. Minha avó também. Ela podia estar mal, saia do hospital para ir ver e depois voltava a ser internada.

<b>Como foi para chegar a Atenas?</b>

<b>Paulo -</b> Bastante duro. Igual ao Pan, quando fui para a Guatemala. E a seletiva olímpica não foi diferente, foi na última prova, no Mundial, que era a mais importante, e deu tudo certo. Estava muito concentrado. Sabia que era tudo ou nada. Na minha cabeça só estava a vaga, todo o esforço que já tinha feito. Acho que tudo o que tracei e todos os meus objetivos até agora deram certo. Só tenho de agradecer. Essa vaga foi bem dura porque eram quatro brasileiros com chances e um da equipe saiu. Justamente foi o Virgílio (de Castilho), que é muito amigo meu, desde o começo do triatlo e tem a minha família como sendo a dele também.

<b>Olimpíada é o sonho de qualquer esportista. Quando começou a amadurecer a chance real de estar em Atenas?</b>

<b>Paulo -</b> Quando comecei, pensava só em fazer triatlo. Naquela época o esporte estava querendo entrar numa Olimpíada. Daí, quando fui excluído em Sydney, em 2000, eu disse que tinha de estar na próxima. Praticamente naquele ano comecei a treinar sério e objetivei esse sonho. Foram etapas que eu fui passando, pulando, até conseguir patrocínio para correr o circuito. Foram três anos de batalha, buscando o sonho. Claro que, desde criança, quando fazia natação, sonhava em estar numa Olimpíada. Qual é o atleta que não almeja isso? E me sinto realizado com esse objetivo alcançado.

<b>Já pensou o que vai fazer depois de Atenas? O que vai mudar?<b>

<b>Paulo -</b> Sei que depois dos Jogos vou querer umas férias, porque esses anos foram bem duros, mental e fisicamente. Ainda vou ver como vou voltar de Atenas. Se chegar com a medalha, sei que muita coisa vai mudar, mas só de ir é um sonho pessoal realizado, bem antigo, que não tem dinheiro que pague.


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O novato do triatlo brasileiro

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