<br>Em Minas Gerais, é assim: atleticano fica doente quando falam no Cruzeiro e cruzeirense se ofende quando pensam que ele é torcedor do rival. Juntos, os dois somam dois Campeonatos Brasileiros, um de cada lado, e se enfrentam pela mesma competição na edição de 2008, neste domingo, no Mineirão.
Perguntar qual seria o melhor dos dois times, seria dar espaço demais à paixão dos torcedores. Logo, respostas subjetivas. O pior é que nem os números ajudam. A assessoria de imprensa do Cruzeiro jogou limpo: Olha, cada um dos clubes tem dados diferentes, eles nunca batem, avisou Claudio Antônio.
Certo é que os times, pelo Campeonato Brasileiro, já se enfrentaram 41 vezes, 11 vitórias cruzeirenses e 15 do Atlético 15 empates. Em todas as competições, teriam jogado 438 partidas: 174 jogos ganhos pelo Galo (símbolo atleticano) e 146 da Raposa (mascote cruzeirense), além de 118 empates. Galo foge da Raposa, entenderam?
Reinaldo foi um dos maiores atacantes do futebol brasileiro e, ainda que passasse longe de ser pacífico e bem comportado em campo, é uma espécie de santo para o Atlético-MG. Achou ruim quando o Virgula lembrou que ele um dia já vestiu a camisa azul do time mais odiado por todos os atleticanos. Foi uma vez só, rapidinho, nem conta, uai, afirmou com seu forte sotaque. Em 1986, contratado pelo Cruzeiro, disputou, na verdade, duas partidas mas não enfrentou seu ex-time. Afinal, era só o que faltava.
Reinaldo iniciou sua trajetória na equipe principal do Galo 17 dias depois de completar 16 anos. Daí pra frente, até 1985, infernizou adversários, principalmente América e Cruzeiro. Enfrentando o primeiro, marcou 17 gols. Contra o segundo, 15.
América que, aliás, já atrapalhou essa briga e foi um dos protagonistas, até os anos 20, do então maior clássico mineiro ao lado do Atlético. De 1916 a 1925, os americanos foram decacampeões do Estado, por isso a rivalidade.
Só que no meio dessa série de títulos, em 1921, apareceu um grupo de italianos do antigo Palestra Itália, hoje Cruzeiro, no caminho atleticano. Venceram os favoritos por 5 a 3, tiraram o Atlético da disputa do campeonato e ganharam inimigos mortais.
<b>MAIOR DO MUNDO</b>
O ex-lateral-direito da seleção brasileira e personagem histórico do Cruzeiro, Nelinho, afirmou, em entrevista recente à <i>Rede Globo</i> que o clássico entre os dois times mineiros está entre os maiores do mundo. O Estado inteiro tem de tomar partido por uma das duas equipes. E o torcedor que perde, no dia seguinte, lamenta um dia ter nascido.
Cruzeirense roxo (ou azul), Nelinho e tantos outros torcedores não têm dúvida ao afirmar que, entre os dois, seu time é o que teve os melhores elencos na história. Tanto que venceram a Libertadores de 1976.
Nelinho foi lembrar esse ano e lá vem Reinaldo de novo. Para ele, o clássico de 76 foi o melhor que disputou, inesquecível. Foi a final do Campeonato Mineiro daquele ano. O Cruzeiro tinha um baita grupo, com Raul, Nelinho, Dirceu, Palhinha e Jairzinho, um timaço que foi campeão da Libertadores e tudo, mas que perdeu pra gente. Foi 2 a 0 nas duas partidas da decisão, com um gol do atacante em cada jogo. "Fora o baile", completou o ex-jogador.
Reinaldo desconversa quando lembra da final deste ano do Mineiro, quando o Cruzeiro emplacou 5 a 0 na primeira partida da final sobre o Atlético. É a hora de a gente dar o troco, você vai ver. É nesse jogo de domingo que vamos mostrar quem é o nosso time. Vamos fazer bonito e descontar, torceu.
A vitória lembrada pelo Rei Reinaldo era assim que a torcida gritava seu nome é a maior do Cruzeiro no retrospecto dos clássicos. A do Atlético é de 1927, quando bateu o arqui-rival por 9 a 2, quando ambos disputavam o falecido Campeonato da Cidade.
O confronto deste domingo pode afundar ainda mais o Atlético-MG, com 11 pontos em 9 jogos, 15º colocado na tabela. O Cruzeiro está mais tranqüilo, com a vice-liderança do campeonato (17 pontos).
Está mesmo na hora de os atleticanos darem a volta por cima. Os anos 2000 vêm sendo, até agora, de ampla vantagem cruzeirense no Brasileirão. Enquanto os adversários levaram o título nacional em 2003, o Atlético foi rebaixado em 2005.
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