<br> Após o vice-campeonato Mundial de futebol, a seleção brasileira de futebol feminino resolveu sentar para reivindicar algumas coisas junto à CBF. Após a derrota, de domingo (30) para segunda (1) as 21 atletas assinaram um documento acertando detalhes das reclamações.

A decisão foi tomada por todo grupo, que tem medo que a derrota para a Alemanha deixe o futebol feminino novamente no segundo plano. O exemplo usado foi dos Jogos Olímpicos de Atenas, em 2004, em que o Brasil levou a medalha de prata e não teve nenhum benefício.

No saguão do aeroporto em Paris, onde o time fez escala antes de retornar ao Brasil, as jogadoras chamaram o supervisor Paulo Dutra e o chefe da delegação Raimundo Nonato e entregaram aos dois, em reunião que durou uma hora, uma cópia do documento que enviaram à CBF.

<b>Reivindicações</b>

Dentre os pedidos mais sérios, as atletas cobram mais clareza em relação às premiações. Elas querem saber de antemão que valor será pago a elas se a seleção ficar em primeiro ou em segundo lugar. Elas também exigem parte do dinheiro pago pela entidade organizadora da competição. Pelo vice-campeonato da Copa do Mundo, a CBF vai receber da FIFA 850 mil dólares (cerca de 1,54 milhão de reais). As atletas não sabem quanto desse dinheiro irá para elas.

Elas também exigem uma posição quanto a premiação da medalha de ouro nos Jogos Pan-Americanos e do vice-campeonato do Sul-Americano de Mar del Plata, disputado no fim do ano passado, que ainda não foram pagos. A premiação pela medalha de prata nos Jogos de 2004, que só foi pago dois anos depois, também está no documento. Segundo as jogadoras, os valores pagos foram menores do que o combinado.

As atletas também reivindicam um aumento no valor diário pago a elas quando estão concentradas com a seleção. Os valores atuais são 35 reais para quando elas estiverem no Brasil, e 35 dólares (63 reais) para quando estiverem no exterior, fora os descontos do imposto do INSS . O dinheiro não é reajustado desde o ano de 2004. As jogadoras também não possuem carteira assinada, e reclamam do fato de não terem como comprovar o pagamento que recebem durante os treinos.

Os problemas de infra-estrutura também são citados. Elas reclamaram da falta de suplemento alimentar, que, segundo o documento, foi cortado no início de 2007 por contenção de despesas. Outro ponto discutido foi a falta de um cozinheiro durante o Mundial. O Brasil era a única delegação de ponta que não contava com um. Isso causou algum desconforto entre as jogadoras, que sofreram por causa do forte tempero ou por falta de comidas típicas do país, como o feijão.

Foi também questionada a proibição da utilização da academia durante o período dos treinamentos e das competições.

Além do mais, as garotas pediram mais amistoso para o time que só se concentra para jogos oficiais. A comissão técnica foi dispensada até abril do ano que vem, quando joga contra Gana por uma vaga nas Olimpíadas. As brasileiras ainda pediram uma Liga no Brasil, para o crescimento do futebol.

<b>A resposta da CBF</b>

A CBF respondeu às reivindicações da garotas do time brasileiro.

Segundo o assessor da CBF, Rodrigo Paiva, que ainda não recebeu o documento, o pagamento pela medalha do Pan e do vice-Mundial serão pagas de forma casada.

“A CBF não paga por vice-campeonatos, mas está considerando esse do Mundial uma conquista. Elas vão receber de forma casada junto com o prêmio do Pan. Não cabe a nós revelar o valor, que elas inclusive já deveriam saber, não sei por que ainda não sabem. Mas será uma quantia substancial, posso garantir. Sobre o Sul-Americano, elas ficaram em segundo e não garantiram vaga na Olimpíada. Não há prêmio por isso”, diz o assessor.

A CBF ainda considerou negociar um aumento no valor das diárias das atletas, e diz que elas não recebem comprovante de desconto dos impostos pelo fato de o documento ser coletivo.

Sobre a infra-estrutura, a entidade se defende dizendo que investe cerca de dois milhões de dólares por ano, desde 2003, na categoria. A CBF ainda diz que envia um cardápio feito por um nutricionista junto da seleção, e que a seleção masculina teve um cozinheiro em 2006, mas que isso não ocorre em 90 % das vezes.

Sobre a preparação para os Jogos Olímpicos, a CBF não soube informar. No entanto, a entidade diz que para esse Mundial, a equipe teve sim muitos amistosos preparatórios.

“Elas fizeram amistosos contra Estados Unidos e China e ainda jogaram o Pan. Se vieram procurar o vilão, acharam o mocinho. A CBF é a única a investir no futebol feminino”, diz Rodrigo Paiva, desconhecendo a presença da LINAF (Liga Nacional de Futebol Amador), que organiza quase todas as competições de futebol feminino existentes no país hoje.

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Meninas do Brasil reclamam e reivindicam junto à CBF

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